Que Ellen White tenha um papel fundamental em nossa teologia e em nosso desenvolvimento institucional, como adventistas do sétimo dia, isso é fato inegável. O problema surge quando esquecemos as barreiras que nos separam dela e de seu tempo, no processo da leitura e aplicação de seus escritos para nossos dias. Tendo consciência de alguns detalhes anacrônicos, e se valendo de algumas técnicas de interpretação, Ellen ainda se torna atual para nosso tempo e uma bênção para nossa igreja.
O artigo baixo foi extraído do site Advir, que por sua vez extraiu da revista Adventist World, um periódico adventista em língua portuguesa. O autor do texto é ninguém menos que George R. Knight que foi professor, por trinta anos, na
Universidade
Andrews e um autor prolífeco e exímio historiador. Atualmente,
jubilado,
mora em Rogue River, Oregon, EUA, embora seus escritos ainda sejam uma fonte abençoada de orientações para a igreja.
Na certeza de que será uma fonte de orientação para todos aqueles que buscam a sabedoria de Deus através dos escritos de Ellen White, é que busco dispor o presente artigo.
Boa leitura!
Claudio Soares Sampaio
* * *
Como Ler Ellen White no Século 21
Georg Knight
O que devemos fazer com uma escritora que aconselha
as mulheres a encurtar os vestidos em vinte centímetros, num mundo em que
muitas já os usam curtos demais, ou que recomenda que as escolas adventistas
ensinem as meninas a arrear e montar cavalos, quando a maioria delas nunca
precisará desse conhecimento? Parte do problema é que o mundo mudou
radicalmente desde o tempo em que Ellen White viveu. Esse, porém, não é o único
aspecto que os leitores do século XXI precisam levar em consideração quando
leem e procuram aplicar os conselhos de um profeta que viveu em tempo e lugar
diferentes. Abaixo estão dez orientações que ajudarão nossa leitura dos
escritos de Ellen White a se tornar mais proveitosa e equilibrada.1
1.
Concentre-se no assunto principal. Uma pessoa pode ler os escritos de Ellen
White de duas maneiras, pelo menos. Uma é buscando o tema central; a outra é
procurando coisas que são novas e diferentes. O primeiro modo nos leva a uma
compreensão mais acurada, enquanto o segundo leva a distorções no sentido
proposto pelo autor e geralmente leva a extremos, o que Ellen White detestava.
Ela mesma defendia o estudo da Bíblia mediante o qual os leitores
procuram “ganhar conhecimento do tema central ‘da Bíblia’”. Para ela, esse tema
era o plano da redenção e o grande conflito entre o bem e o mal. “Encarado à
luz deste conceito”, o grande tema central da Bíblia, “cada tópico tem nova
significação” (Educação, p. 190, 125).
Em resumo, seu conselho era ler para compreender o
todo. O quadro geral mostra o contexto para interpretar outros assuntos, tanto
em termos de significado como de importância. Esse princípio, além dos escritos
de Ellen White, aplica-se igualmente à Bíblia,.
2. Enfatize o
que é importante. No início do século XX, quando alguns líderes da igreja
usavam os escritos de Ellen G. White para provar certos pontos proféticos que
ela cria serem de menor importância, ela escreveu que “o inimigo de nossa obra
se agrada quando um assunto de menor importância pode ser usado para desviar a
mente de nossos irmãos das grandes questões que devem constituir a preocupação
de nossa mensagem” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 164, 165).
3. Estude todas
as informações disponíveis sobre o assunto. O neto e biógrafo de Ellen White,
Arthur White, destacou esse assunto quando escreveu que “muitos têm errado ao
interpretar o significado dos testemunhos tomando declarações isoladas ou fora
do contexto como base para crença.
Alguns fazem isso, mesmo que existam outras citações que, se consideradas com
cuidado, mostram que tomar posições baseadas em declarações isoladas, é
insustentável”.2
4. Evite
interpretações extremistas. Por não seguir as orientações que Ellen White deu,
alguns indivíduos recriam essas orientações de uma forma extremista, como eles
próprios. Durante toda a sua vida, a tendência dela foi pela moderação que,
infelizmente, falta em alguns que alegam ser seus fiéis seguidores. Por
exemplo: alguns utilizam uma declaração em que Ellen White mostra desagrado com
o jogo de bola para condenar todos os tipos de jogos, ao passo que ela mesma
escreveu: “Não condeno o simples exercício de brincar com uma bola; mas isto,
mesmo em sua simplicidade, pode ser levado ao excesso” (O Lar Adventista, p.
499). Como em muitas situações, Ellen White foi moderada, em vez de
extremista.
5. Tome em
consideração tempo e lugar. Por causa das mudanças no tempo e no espaço, é
importante compreender o contexto histórico de muitos dos conselhos de Ellen
White. Só podemos considerar seu conselho de encurtar o vestido em vinte
centímetros como algo apropriado para as mulheres do século XIX. Nunca poderíamos
usar essa citação como se ela tivesse escrito para o tempo da minissaia.
“Quanto aos testemunhos”, Ellen White escreveu, “coisa alguma é ignorada; coisa
alguma é rejeitada; o tempo e o lugar, porém, têm que ser considerados”
(Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 57). Repetidamente, ela deu esse conselho ao
longo de seu ministério.
6. Estude cada
afirmação em seu
contexto
literal. Com muita frequência, as pessoas baseiam sua compreensão dos ensinos
de Ellen White no fragmento de um parágrafo ou numa afirmação isolada,
totalmente fora do contexto. Falando sobre o mau uso que alguns fazem dos seus
escritos, ela escreveu que: “Citam metade de uma frase, e omitem a outra
metade, a qual, se fosse citada, mostraria que o raciocínio de quem assim
procede, é falso” (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 82).
7. Reconheça a
compreensão de Ellen White sobre o ideal e o real. Frequentemente, Ellen White dava conselhos sobre o mesmo assunto, sob dois
aspectos. O primeiro pode ser considerado como o ideal. Nesse aspecto, as declarações
não permitem exceções. Um exemplo é o conselho em relação ao ideal de que os
pais deveriam ser os “únicos professores de seus filhos até alcançarem a idade
de oito a dez anos” (Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 137). Por outro lado,
quando ela trata com situações do cotidiano do mundo, frequentemente seu
conselho é ajustar as necessidades reais do povo com suas reais limitações.
Embora tenha moderado seu conselho para que os pais sejam os “únicos”
professores ao acrescentar que esse ideal deveria ser mantido, “se” tanto o pai
como a mãe desejassem fazer o trabalho. Se não, as crianças
deveriam ser enviadas à escola (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 215-217).
Ellen White nunca perdeu seu senso de ideal, mas
estava pronta a acomodar seus conselhos para se adequar à realidade do mundo.
Um dos aborrecimentos de sua vida foi com aqueles que coletavam suas afirmações
do ideal procurando apenas “impô-las a todos, e, em vez de ganhar almas,
repelem-nas” (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 284-288).
8. Use o
bom-senso. As citações de Ellen White não resolvem todos os problemas. Às
vezes, simplesmente não encaixam. Quando surgiram alguns problemas porque
estavam mencionando suas declarações de que os pais deveriam ser os únicos
professores de seus filhos até os 8 ou 10 anos de idade, ela respondeu dizendo
que “Deus deseja que lidemos sensatamente com esses problemas”. Ela estava
sendo provocada pelos que tomaram uma atitude dizendo: ‘Ora, a irmã White disse
assim e assim, e a irmã White falou isto ou aquilo; e, portanto, procederemos
exatamente de acordo com isso.’” Sua resposta para tais pessoas foi: “Deus quer
que todos nós tenhamos bom-senso, e deseja que raciocinemos movidos pelo senso
comum. As circunstâncias alteram as condições. As circunstâncias modificam a
relação das coisas” (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 215, 217). Seu conselho foi
que os leitores precisavam usar bom-senso, mesmo quando tinham uma citação sua
sobre o assunto.
9. Descobrir os
princípios implícitos. Na virada do século XIX para o XX, Ellen White escreveu
que seria bom que “as moças pudessem aprender a arrear e cavalgar” (Educação,
p. 216, 217). Aquela era uma prática em seus dias, mas não mais hoje. Os
princípios implícitos nesse conselho, entretanto, ainda são muito importantes.
Ou seja, as mulheres devem ser auto-suficientes ao locomover-se. Portanto, em
nossos dias, devem ser capazes de dirigir um carro e trocar um pneu. A
especificação exata do conselho pode mudar, mas o princípio implícito tem valor
permanente.
10. Tenha
certeza de que isso foi dito por Ellen White. Muitas declarações atribuídas a
Ellen White nunca foram feitas por ela. O único método seguro é usar
declarações que podem ser encontradas em seus trabalhos publicados ou não
publicados, mas validados pelo Departamento de Pesquisas Ellen White. Muitos
têm sido desviados por declarações que ela nunca fez, mas que são atribuídas a
ela.
Os escritos de Ellen White têm sido uma bênção a leitores em todo o mundo. E
serão muito mais eficazes se forem lidos tendo em conta as orientações
acima.
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1Discussão mais detalhada
sobre esse assunto pode ser encontrada em George R. Knight, Reading Ellen
White: How to Understand and Apply Her Writings (Hagerstown, Md.: Review and
Herald Publishing Assn., 1997).
2Arthur L. White, Ellen G.
White: Messenger to the Remnant (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing
Assn., 1969), p. 88.
George R. Knight foi professor, por trinta anos, na
Universidade
Andrews. Atualmente,
jubilado,
mora em Rogue River, Oregon, EUA
Fonte: Revista AdventisWorld
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nossa
página
diponível
para compilação, desde que não sofra alteração e a fonte seja citada
Good Article
ResponderExcluirThanks. Nevertheless, the merit from Dr. Knight. Back the comments.
ResponderExcluirGood Article
ResponderExcluirHey thank you for the wonderful article it had been genuinely useful , I hope you will just publish additional about this ! This topic rocks
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