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A Igreja tem Salvação? - Teólogo católico nega dogma do catolicismo




Hans Küng, velho teólogo suíço está de volta às polêmicas. Visionário, revolucionário contraditório ou herege? Como definir um dos teólogos mais brilhantes de nosso tempo? Alguns o têm como a expressão de uma ala do catolicismo progressista. Outros, apenas como um cismático de visão ecumênica liberal, que não se deixa rotular por nenhuma crença. Mas na verdade, Küng nunca abriu mão da Igreja, nem foi ex-comungado por ela (embora muitos torçam para que isso aconteça). Ele tem sido, desde algum tempo - digamos -, apenas um teólogo “desobediente”. 

O lado irreverente e provocativo de Küng já esteve nas graças da Santa Sé. Foi ele um dos consultores para o revolucionário Concílio Vaticano II, que buscava uma adequação da Igreja para os novos tempos. Naquele tempo, Joseph Ratzinger (Bento XVI) era um de seus amigos de cátedra, que como ele, aspirava por novos ares no seio do Catolicismo. O cisma entre a Igreja e o teólogo parece ter seu princípio quando em 1970 Küng trouxe a lume o livro “Infallible? An Inquiry (Infalibilidade? Um inquérito)”, no qual debate e contesta o dogma da infalibilidade papal. Razão disso, em 1979, a Congregação para a Doutrina da Fé, com assinatura de Franjo Cardeal Šeper, Prefeito, e sob a chancela do Papa João Paulo II, recusou sua licença para ensinar Teologia em nome da Igreja Católica e considerou seus escritos como sendo contrários aos ensinos da igreja que os fiéis devem seguir, como também contrários aos fundamentos dos Concílios Vaticano I e Vaticano II. Para a Congregação para a Doutrina da Fé, desde então, Küng não pode ser considerado mais teólogo católico. Levando em conta que em outros tempos discursos dessa natureza levaram homens como John Huss e Gerônimo de Praga à fogueira, Küng até saiu lucrando. 

Os pontos polêmicos nos escritos de Hans Küng se relacionam diretamente com o tema do celibato, da ordenação eclesiástica para as mulheres, a infalibilidade papal e até mesmo acerca da pessoa e obra de Cristo, que segundo o teólogo, estaria no mesmo patamar que Buda e Maomé. Depois de lançar descrédito na velha teologia da autoridade papal, chega a vez da de Küng contrariar a ideia de que “fora da igreja não há salvação”, um dos dogmas católicos. Na verdade, para ele, a própria igreja está a perigo.

Assim sendo, como considerar o novo livro, “A Igreja tem salvação?” Embora seja considerado como uma das vozes do “catolicismo progressista”, ao que parece, no livro, Küng tem mais a verve de um Lutero às avessas. Lançado pela Paulus (2012), “A Igreja tem salvação?” chega às mão dos fiéis no olho do ciclone. Crises envolvendo a moralidade dos párocos e a questão da pedofilia; documentos particulares expondo a pessoa do papa e sua política interna com os bispos e cardeais; e como não poderia deixar de ser, as diversas controvérsias envolvendo o atual papa, Bento XVI, por meio das quais o velho tema da infalibilidade vem à tona. Em seu artigo publicado no site "Brasil de Fato" Leonardo Boff, teólogo e amigo de batalhas pelas reformas no catolicismo, afirma que o livro
“expressa um grito quase desesperado por transformações e, ao mesmo tempo, uma manifestação generosa de esperança de que estas são possíveis e necessárias, caso ela não queira entrar num lamentável colapso institucional”.
De fato, desde o Vaticano II, o anseio do clero estava voltado para a inclusão, por meio de reformas, da Igreja numa nova caminhada em direção aos novos tempos. Ao que parece, o Vaticano II foi rico nas propostas, porém, seus frutos geraram mais desconfortos que alegrias para a ala católica conservadora. Aliás, como certa feita o próprio Bento XVI disse, nem tudo ainda foi compreendido acerca das propostas do Concílio, o que levou as diversas alas da Igreja a um momento que mais semelhava a uma batalha naval. As diversas ideologias que floreceram no seio da igreja desde então, como a Teologia da Libertação, o Feminismo, o Carismatismo levaram a Igreja a um quadro semelhante aos tempos de Nicéia, 325 d.C. Vozes foram silenciadas por meio de decretos em nome da ortodoxia, como Leonardo Boff, Hans Küng e Teilhard de Chardin (antes do Vaticano II), que no fundo, à luz do Concílio, buscavam traduzir as ânsias da Igreja dos novos tempos.

Nas palavras de Boff, em “A Igreja tem salvação?” Hans Küng demonstra com sua erudição peculiar “histórica irrefutável”, quais foram os vários passos seguidos pelos papas para passarem de meros sucessores do pescador Pedro, “a vigários de Cristo” e a “representantes de Deus”. De fato, foi através de uma sucessão de decretos que a Igreja foi conduzida ao pronunciamento do cânon 331, que confere títulos ao Papa, os quais, são de tal abrangência como afirma Boff, “que cabem, na verdade, somente a Deus”. 

O Cânon 331 do Código de Direito Canônico reza:
“O Bispo da Igreja de Roma, no qual permanece o múnus con­cedido pelo Senhor de forma singular a Pedro, o primeiro dos Apóstolos, para ser transmitido aos seus sucessores, é a cabeça do Colégio dos Bispos, Vigário de Cristo e Pastor da Igreja universal neste mundo; o qual, por consequência, em razão do cargo, goza na Igreja de poder ordinário, supremo, pleno, imediato e universal, que pode exercer sempre livremente.” 
Embora a linguagem de Boff não agrade a maior parte dos cristãos de linha protestante, dada a sua tendência para o liberalismo, todos haverão de concordar que de fato, tanto ele quanto Küng têm razão quando combatem a "ditadura papal" e também quando afirma que nos dias atuais
“a monarquia papal absoluta com o báculo dourado não se combina com o cajado de pau do bom Pastor que com amor cuida das ovelhas e as confirma na fé como pediu o Mestre (Lc 22,32)”.
Em setembro de 2005, Bento XVI surpreendeu a todos quando convidou Küng para um jantar amistoso a fim de discutir teologia. Depois de “A Igreja tem Salvação?” o que podemos esperar de Bento XVI em relação àquele que foi, desde os velhos tempos de Tübinger, um grande amigo? - [Claudio Soares sampaio].

ibliografia complementar:


O Código de Direito Canônico promulgado pelo papa João Paulo II na versão portuguesa, 4ª edição revista:
http://www.vatican.va/archive/cdc/index_po.htm

Sobre censura a Hans Küng emitida pela Congregação para a Doutrina da Fé:

Sobre a proposta de que fora da igreja católica não há salvação:

http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=veritas&subsecao=igreja&artigo=foradaigreja&lang=bra 

Texto do Leonardo Boff sobre A Igreja tem |Salvação?:

http://www.brasildefato.com.br/node/10557

Cite a fonte:

http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com

Um comentário:

  1. Hans Kung é um inimigo da Igreja. Isto é fato.

    Segundo: O teólogo não tem infalibilidade. Nenhum teólogo católico pode falar em nome da Igreja.

    Terceiro: A Igreja explica de forma clara que o dogma não deve ser entendido no sentido literal, o que é prática comum protestante. Fora da Igreja não se salva quem sabe que deveria integra-la ou nela perseverar.

    Citar o herege do Leonardo Boff como referência é o mesmo que citar Macedo como guru dos protestantes.

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