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Ordenação de Mulheres na Igreja Adventista e o Apelo à Unidade


foto: Pr. Ted Wilson, presidente da IASD

"Tudo porém, seja feito com decência e ordem" (1Coríntios 14:40).

Uma notícia veiculada na internet tem dividido opiniões no meio adventista, da qual eu tenho sido questionado, diz respeito a realização do rito de ordenação de mulheres para o ofício pastoral no âmbito da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD). Pelo menos três Campos Missionários, que funcionam á semelhança de nossas Associações,  tomaram essa a iniciativa. Cito: 

Em 29 julho de 2012, a Conferência da União da Columbia (EUA) teria votado a ordenação de mulheres para o ofício pastoral. E em 19 de agosto, a comissão executiva da Southeastern Conference Califórnia (Conferência do Sudeste da Califórnia) tomou voto favorável à ordenação sem diferenciação de gênero.

Há poucos dias atrás, precisamente em 18 de setembro de 2013, a Southeastern Conference Califórnia (Conferência do Sudeste da Califórnia) nomeou Sandra Roberts como presidente dessa Conferência.

Três dias depois, precisamente, no dia 21 de setembro de 2013, também a Conferência da União Holanda ordenou Guisèle Berkel-Larmonie para o ofício pastoral.  
As questões que me chegam, ao mais das vezes são: A IASD já definiu como recomendável esse procedimento? Há liberdade para que isso seja realizado de forma particular em cada Campo da igreja global? Isso abre possibilidade para que a igreja local ordene mulheres ao ancionato? Diante disso, penso que vale a pena refletir sobre este assunto para melhor responder às nossas congregações.

 A Questão Maior


Sem entrar no mérito da questão se a ordenação de mulheres ao ministério "ser ou não ser" um procedimento de acordo com as orientações das Sagradas Escrituras (os adventistas se orgulham de ser o povo da Bíblia), não como um Pastor ordenado pela igreja, mas acima disso, como um membro do rebanho, digo que esse assunto tem me preocupado.  Como alguém disse, as proporções dessas atitudes acima mencionadas são alarmantes, as consequências das mesmas, só o tempo poderá dizer. Por que afirmo isso?

O fato, é  que a ordenação de qualquer indivíduo ao ministério o qualifica para atuar como Pastor em todas as instâncias da igreja, em todas as partes do mundo, onde a IASD tem marcado a sua presença. Desse modo, a decisão em torno do tema deveria ser tomada de forma global. E pelo que consta, esse assunto ainda jaz sob o signo da rejeição pela igreja. O debate acerca desse tema tem se arrastado por muito tempo dentro da IASD, vários livros e artigos foram escritos contra ou a favor, e pelo menos por duas vezes (1990 e 1995), foi rejeitado pelos delegados da igreja, em Assembleia Geral. Corroborando a fala de certo autor, só este fato afirmado acima (a rejeição da proposta pela igreja em Assembleia), nos daria segurança para agir em nome da unidade e acatar o senso coletivo da igreja, em sua representatividade.  Agir de forma contrária, seria certamente uma forma de rebeldia. E desta, livrai-nos!

A Busca da Unidade


A IASD sempre buscou a unidade de pensamento e propósito e este tem sido o segredo de sua força. Como um povo, em nosso começo, não possuíamos nenhuma estrutura administrativa, e não havia condição para o avanço. Foi na busca de uma organização e unidade que se estabeleceram as Associações (a partir de 1861-1863), e posteriormente, as Uniões, tendo como liderança central, a Associação Geral. Acerca da necessidade de organização, apesar de perceber uma facção contrária à ideia, Ellen White teria escrito:  

“Aumentando o nosso número, tornou-se evidente que sem alguma forma de organização, haveria grande confusão, e a obra não seria levada avante com êxito.” (Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, pag. 26 - grifo nosso). 

Nos anos em que a Obra havia avançado para além dos EUA, na Europa, África, Canadá e Austrália, Ellen White teceu duras críticas à ideia de centralização da igreja nas mãos de três homens apenas, para atender as Associações nos demais países. Em resultado disso, a igreja optou por debater o assunto e em 02 de abril de 1901, foi elaborado o sistema de Uniões que criariam um vínculo mais próximo entre a administração central da igreja (a Associação Geral), e as Associações, facilitando assim, o avanço da igreja. Para Ellen White, “A organização da igreja em uniões foi um arranjo de Deus.” (Ellen. G. White, Testimonies for the Church Vol. 8, pag. 232, 233).  

E mesmo apesar de duras críticas terem sido dirigidas contra a Associação Geral por conta de erros de seus líderes, especialmente no apoio a certas ideias heréticas  no período da centralização entre os anos de 1888-1901, Ellen G. White teria escrito em 1909, cinco anos antes de reclusão e morte:

“Deus ordenou que os representantes da Sua igreja de todas as partes da Terra, quando reunidos numa Assembleia Geral, devam ter autoridade. (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pag. 261).
Apesar de possuir quatro níveis de liderança (igreja local, Associação/Missão, União, Associação Geral), na busca de se adequar ao modelo de Atos 15, a IASD não se movimenta de forma independente. Todos os níveis da igreja são liderados pela voz da própria igreja, que se reúne de forma periódica a fim de avaliar os planos e decisões administrativas que são votadas por meio de seus delegados (Pastores e leigos) enviados pelas sedes administrativas da igreja de todas as partes. A cada cinco anos, a Associação Geral da IASD convoca a igreja que enviem seus delegados a fim de se reunirem em Assembleia. Sob a liderança da Associação Geral, as orientações votadas e elaboradas enviadas às igrejas, seja em forma de documentos, seja por meio das revisões do Manual da Igreja, são recebidas como vindas do Espírito Santo para a condução da igreja como um corpo. Contra a ideia da independência e da desunião, Ellen White teria escrito:

“Alguns têm apresentado a ideia de que, ao aproximarmo-nos do fim do tempo, cada filho de Deus agirá independentemente de qualquer organização religiosa. Mas fui instruída pelo Senhor de que nesta obra não há isso de cada qual ser independente. [...] para que a obra do Senhor possa avançar sadia e solidamente, Seu povo deve unir-se”. (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, pag. 487).
O fato é que nada na Bíblia ou mesmo nos escritos de Ellen White, como pioneira, conselheira e profetisa de nossa igreja, endossa a atitude de nenhum líder de qualquer região administrativa que venha a agir de forma contrária às orientações da igreja em sua instância maior, ou seja, nas decisões tomadas em Assembleia Geral. 

Assembleia da IASD em sessão com seus delegados
Voltando ao tema da ordenação de mulheres, sabe-se que este foi um dos tópicos debatidos na última Assembleia e o voto tomado foi pela formação de uma comissão que estudasse o tema e trouxesse uma proposta bem estabelecida para a agenda da próxima convocação da igreja, em 2015. Para confrontar a possível ideia de sexismo no seio da organização, um passo dado no diálogo foi o nomeação de Ella Simons como vice-presidente da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. O caminho estava aberto para o diálogo. 

Ella Simmons
Estranhamente, esses setores da Organização mencionados acima quebraram o protocolo da igreja e tomaram uma decisão de forma independente. De modo que minha reflexão não gira em torno da questão da sexualidade, o preconceito de gênero (sexismo). Não, de modo nenhum. Minha reflexão gira em torno da questão da unidade da igreja, especialmente neste tempo de crises, marcado por tantas rebeliões e contendas. 

Certa autora, em seu blog, mencionou a experiência do povo do deserto que vagueou por quarenta anos antes de entrar na terra prometida por conta de sua rebeldia. De modo paralelo, ela expõe a mesma conduta desses setores da Organização como rebeldia diante do modo de Deus conduzir sua igreja. A igreja não é um indivíduo isolado, e Deus não conduz ramificações transviadas. Ele conduz um povo. E a marca desse povo, é sua unidade, conforme Jesus orou em Seu discurso de despedida (Jo 17). Além do mais,

"Deus tem na Terra uma igreja que é Seu povo escolhido, que guarda os Seus mandamentos. Ele está guiando, não ramificações transviadas, não um aqui e outro ali, mas um povo." (Ellen G. White, Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, pag. 61).
Para que se evitassem as práticas contrárias acima mencionadas, e para que não fiquemos agindo "um aqui e outro ali", além das recomendações da última Assembleia da igreja, em 2010, a liderança da IASD, desde 2012 disponibilizou um documento para orientação da igreja quanto a este assunto.

Um Apelo à Unidade


Em documento redigido desde 2012, o atual presidente da IASD, o Pastor. Ted Wilson, em unidade com a liderança maior da igreja, buscava responder a algumas questões pertinentes ao tema da ordenação de mulheres para o ofício ministerial na IASD, tais como: Esses procedimentos contrariam a orientação da igreja? Podem ser estas mulheres serem reconhecidas como Pastoras pela igreja de forma global? Que passos têm sido tomados pela igreja quanto a este assunto? Conforme texto publicado em site oficial, os líderes mundiais da IASD buscaram por meio deste documento “apelar sinceramente” às regiões administrativas pela adoção de certas atitudes, para o bem da igreja. Pedia-se assim que eles:

1. Operassem em harmonia com as decisões da Igreja a nível global;

2. Evitassem qualquer ação independente contrária às decisões tomadas pelo organismo mundial da Igreja em 1990 e 1995;

3. Comunicassem a seus membros as implicações da ação independente para o bem-estar da denominação a nível global;

4. Empenhssem-se ativamente na discussão global corrente sobre a prática da ordenação programada para ser definida em 2014 e 2015. 

Desse modo, se conclui que a atitude tomada pelos líderes em setembro, tanto na Califórnia quanto na Holanda foi uma demonstrarão de que aparentemente não estão interessados nas diretrizes de sua liderança e optarão por um caminho independente. Essa é uma postura, no mínimo, comprometedora, sendo que é neste tempo em que o Espírito nos nos tem chamado para a unidade na busca do "refrigério" prometido.

Pelo teor do mesmo, a leitura do documento é indicada a todos que queiram melhor se inteirar do assunto. Deixo-o abaixo. Penso que deve ser lido com espírito de humildade, na disposição de saber a vontade de nosso Líder Maior, que acima do Pastor Ted Wilson, é o nosso Senhor, Jesus Cristo.

Antes, um último pensamento, acerca do papel do presidente da igreja, segundo as deliberações da igreja em assembleia, para nortear as conclusões e atitudes a partir de uma leitura reflexiva:

"O presidente da Associação deve ser um pastor ordenado de experiência e boa reputação. Ele está à testa do ministério evangélico na Associação e é o primeiro-ancião, ou supervisor, de todas as igrejas". Manual da Igreja, 2010, pag. 33.

Consta que o Pastor Ted Wilson esteve presente na ocasião em que a Conferência da União da Columbia votou a favor da ordenação de mulheres dentro de seu território. Em seu discurso, o líder geral da igreja teria se dirigido aos seus liderados com as seguintes palavras:
“Eu venho a vocês hoje, porque eu me preocupo com questões de consciência”; Eu venho a vocês porque eu me preocupo com a unidade da igreja em geral. Há muitas consequências graves que [irão] resultar se vocês votarem positivamente. Não estou ameaçando vocês de qualquer maneira. Eu estou apenas apresentando os fatos que, quando uma organização se movimenta  de forma unilateral, que irá conduzir à fragmentação e desunião. Não votem a ação sugerida antes… fiquem em harmonia… e não se ramifiquem de forma independente.” (Citado por Taashi Rowe, in: http://www.columbiaunion.org/).


Este apelo chega a nós, mesmo na instância da igreja local e nos conclama a não tomar decisões precipitadas que prejudiquem a unidade do corpo de Cristo, sua igreja. A decisão mais sábia nesse particular seria aguardar as deliberações da igreja pelo caminho apontado por ela mesma.

Vamos, pois, ao documento. Deus nos conduza no caminho, ao Seu lado e lado-a-lado como irmãos, na mesma comunhão com Ele. [Claudio Sampaio].


Nota: Este post foi escrito com base nas fontes oficiais disponíveis ao fim da matéria. Como Pastor distrital da Igreja Adventista do Sétimo Dia, falo ao meu rebanho que  manifesto meu apoio à voz da igreja global, e me posto sob as orientações da Associação Geral que se coloca ao lado da Bíblia e do Espírito de Profecia. Sou contrário à qualquer atitude que se posicione de modo que confronte a orientação oficial da igreja.
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Para mais informações leia o Documento

Perguntas e Respostas Sobre Questões Atuais Relativas à Unidade da Igreja

Agosto 09, 2012 Silver Spring, Maryland, United States

Este documento não aborda se a ordenação de mulheres é apropriada, mas esclarece e corrige os argumentos que têm sido utilizados ao longo da discussão. 

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  Bibliografia Utilizada:



"Igreja Adventista lança comissão para estudar teologia da ordenação", in: http://www.unb.org.br

"Columbia Union Constituents Overwhelmingly Affirm Women Pastors Through Ordination", in: http://www.columbiaunion.org/

"An Appeal For Unity in Respect to Ministerial Ordination Practices", in: http://www.adventistreview.org

"Netherlands Ordains First Woman Pastor in Europe", in: http://spectrummagazine.org/

"SECC Defies World Church, Nominates Roberts President", in: http://ordinationtruth.com

"Perguntas e Respostas Sobre Questões Atuais Relativas à Unidade da Igreja", in: http://news.adventist.org

"Liderança mundial adventista fortalece voto de unidade", in: http://www.usb.org.br

http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com 
disponível para compilação, desde que a fonte seja citada 

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