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A Política e o Reino de Deus: Temei a Deus e Honrai ao Rei


Atualizado



 Em 1Pe 2:17, numa clara alusão à política, o apóstolo chama a igreja a “honrar ao rei”. Este apelo está dentro do contexto do dever de sujeitar-se a toda instituição humana, afirmado no v. 13: “Sujeitai-vos a toda autoridade humana por amor do Senhor [...]”. 

Porém, tanto nestes textos de Pedro quanto nos de Paulo em Rm 13:1, onde se afirma que devemos nos submeter às potestades superiores pelo fato de que não há potestades que não venham de Deus, logicamente não se trata especificamente de conferir honras a pessoas,  mas sim, do dever de respeitar às leis criadas por elas para ordenar a sociedade, com o propósito de trazer justiça, castigando “malfeitores” e trazendo louvor para os que agem de forma correta (ver v. 14). Neste sentido, as potestades são instituídas por Deus. Nem sempre, contudo, aqueles que fazem uso de sua autoridade, serão comandados por Deus ou agirão de forma coerente com sua posição. Por isso, a sujeição a tais potestades se afirma "por amor do Senhor", a fim de que o Seu nome não seja maculado em razão do mau comportamento de Seus servos.

Essa compreensão pode dirimir alguns possíveis questionamentos. Os textos de Pedro e de Paulo foram escritos no contexto de uma iminente perseguição política pelo império romano, através de Nero. Dizer que foi Deus quem colocou o imperador perseguidor Calígula no trono de Roma, ou Hitler, na Alemanha, ou Mao, na China ou ainda Fidel Castro, em Cuba, é como se disséssemos que "a voz do povo é a voz de Deus". O sentido do texto está bem longe. Às vezes é o diabo quem traz uma influência sobre o povo, e é visível isso, na escolha de Barrabás, na ocasião do julgamento de Jesus. Por isso Pedro dirá que embora se espere que honremos a “todos” e ao “rei” (político), devemos acima de tudo, amar aos irmãos e temer a Deus (1Pe 2:17). Este é o centro quiástico da declaração.

Jesus definiu bem esse conceito quando nos chamou a “Dar a Cesar o que é de Cesar e a Deus, o que é de Deus” (Mc 12:17). O próprio Pedro estabeleceu pelo seu próprio exemplo, os limites de sua afirmação epistolar. Em At 4:19-20, quando ameaçado pelas autoridades para que se calasse acerca de Jesus, ele respondeu: “Julgai vós se é justo diante de Deus ouvirmos antes a vós do que a Deus; pois nós não podemos deixar e falar das coisas que vimos e ouvimos”. Isso quer dizer que:


1). Em situações em que os valores dos homens estejam em franca oposição aos princípios divinos, nossa inteira fidelidade e submissão devem estar firmadas apenas em Deus e no amor aos irmãos. 

2). À luz do referido acima, nem sempre, pelo dever de honrar “a todos” e “ao rei” deveremos entrar em acordo com as leis políticas deste mundo ou tecer elogios a todo governante. 

3). Tampouco um cristão genuíno fará uso de violência em favor do Reino de Deus. Jesus mesmo disse: “O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos” (Jo 18:36). Todavia, em alguns casos, a injustiça se torna tão visível, que não haverá nenhuma virtude na obediência ou submissão do crente ao governo instituído. Lembremos de novo, o caso de Hitler.

Ellen G. White aconselha sabiamente:

“Vi que o nosso dever em cada caso é obedecer às leis de nossa pátria, a menos que se oponham às que Deus proferiu com voz audível do Monte Sinai, e depois, com o próprio dedo, gravou em pedra. 'Porei as Minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e Eu lhes serei por Deus, e eles Me serão por povo'. Hebreus 8:10. Quem tem a lei de Deus escrita no coração, obedecerá mais a Deus do que aos homens, e preferirá desobedecer a todos os homens a desviar-se um mínimo que seja dos mandamentos de Deus. O povo de Deus, ensinado pela inspiração da verdade, e guiado por uma consciência pura a viver segundo toda Palavra de Deus, terá a Sua lei, escrita no coração, como única autoridade que reconhece ou consente em obedecer. Supremas são a sabedoria e a autoridade da lei divina.” — Testimonies for the Church 1:361.

Retornando ao assunto da escolha de governantes, Rubem Alves já dizia da tendência do povo escolher errado. Em nosso caso, como no caso dos que optaram por Barrabás, é possível que escolhamos de novo, um “ladrão”. Ficam, por isso, algumas dicas para aqueles que ainda se prestam ao dever de votar:

1). Ao lidar com o assunto político, não seja um apaixonado na defesa de uma bandeira a ponto de em sua defesa, acabe perdendo um “irmão”.

2). Prefira sempre que possível, ao opinar acerca de candidatos, não revelar o seu voto. Ele deveria ser secreto.

3). Ao escolher o candidato, busque sua identificação com os princípios morais que você, como cristão, acredita.

4). Não se aflija se ficar decepcionado, no fim de tudo. Como diz Paulo em 1Tm 3:6: Os homens irão “de mau a pior”. Não há esperança concreta de melhoras para este mundo. Nossa esperança definitiva está apenas no Reino de Deus. Apenas a pedra lançada "sem auxílio de mãos", na visão de Dn 2:45, porá fim a este estado de coisas e trará o tempo da completa justiça.

Em Jesus, o nosso Rei Bendito, sim: Nele podemos confiar. Dê a Ele seu voto.

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