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A Primeira Viagem no Tempo: da literatura para o cinema



O que é melhor para um dia de lazer: Um bom livro ou um bom filme? E que tal juntar os dois? A meu ver, uma das temáticas mais interessantes que vieram da literatura para o cinema foi a das viagens no tempo. Tive oportunidade de assistir filmes memoráveis com base nessa proposta. E hoje, nessa segunda feira quente de setembro, enquanto pensava em uma escolha para o dia, fiz um regresso no tempo e me lembrei de um filme memorável,  adaptado de um grande clássico da literatura: "The Time Machine" ("A Máquina do Tempo"), datado de 1968, primeiro filme acerca do tema, oriundo da grande obra do prodigioso H. G. Wells.



Poucos sabem, mas o primeiro a abordar o tema da viagem no tempo, na literatura e o responsável por influenciar essa temática no mundo do cinema foi o famoso escritor H. G. Wells, com sua obra "The Time Machine" ("A Máquina do Tempo", 1895). Ambientado no século 19 (1899), a obra de Wells se desenvolve em torno de um personagem denominado simplesmente de Viajante do Tempo, que cria uma máquina que possibilita uma viagem através do tempo. Ele então reúne seus amigos e faz uma demonstração, com uma miniatura que desaparece sem deixar vestígios. Para provar que não se trata de uma trapaça, mostra-lhes em seguida a máquina original e realiza uma viagem no tempo, desaparecendo diante deles. Quando reaparece, está com suas roupas em farrapos e corpo ferido. Ao narrar sua aventura pelo tempo, é desacreditado pelos seus companheiros, o que o leva a uma nova viagem, sem previsão de regresso. Toda a história vivenciada pelo Viajante do Tempo vem da narrativa de um de seus amigos, e compõe o núcleo do livro.

Essa grandiosa obra de H. G. Wells foi a base do primeiro filme que se desenvolveu com a temática da viagem no tempo no mundo do cinema. No filme, o Viajante do Tempo recebe o nome de George (protagonizado por Rod Taylor) e começa sua experiência pelo espaço com viagens curtas de poucos segundos, avançando em seguida para minutos, horas, dias, semanas e por fim, para anos. Sua utopia é alcançar um tempo em que o mundo tenha alcançado a paz para todos. Em seu turismo temporal, o personagem visita as duas grandes guerras (1914 e 1940), e vê máquinas incríveis, como os aviões bombardeando cidades da Europa. A visão o deixa estupefato.



Quando George aciona a máquina para mais adiante, sua viagem que avança cerca de 800.000 anos no tempo, para um futuro distante, e chega a um tempo em que o mundo aparentemente é um local paradisíaco, habitado pelos "Elois". Mas o fascínio de George logo desaparece quando ele também conhece os "Morlocks", humanóides disformes que se alimentam da carne humana, e habitam no interior da Terra. Em meio à trama, George salva uma garota Eloi chamada Weena (Yvette Mimmieux) de um afogamento, e se envolve com sua causa, tornando-se líder na luta contra os Morloks. Em certo momento, descobre que sua máquina foi levada pelos humanóides, mas consegue recuperá-la com a ajuda de Weena, e avança para o futuro. O que vê o deixa assombrado: O mundo está repleto de criaturas monstruosas, semelhantes a caranguejos gigantes que tentam devorá-lo. Ao ir mais para diante, vê uma Terra completamente desolada e decide retornar para sua casa, próximo ao réveillon do ano de 1900. Ao contar suas aventuras, ninguém ousa desacredita-lo frontalmente, mas no fundo, ninguém acreditou nele. Frustrado, George retoma sua máquina e viaja para encontrar os amigos, pelos quais lutou, em um tempo que julga além do domínio dos Morloks, levando três volumes de sua biblioteca, que não são revelados. Quais seriam este livros, o autor não revela, deixando por conta da imaginação do espectador.

Estrelado por Rod Taylor e Yvette Mimmieux, o filme foi rodado em 1960 pelo cineasta britânico George Pal. Naquele tempo, The Time Machine rendeu um Oscar para Geene Warren e Tim Baar, pelos efeitos especiais, avançado para aqueles dias. O filme foi o grande clássico desse tema, originando outros, que não foram tão criativos, mas puderam expor as possibilidades e dificuldades de uma possível aventura pelo tempo.

Mais recentemente, o filme teve um remake, no ano 2012, por Simon Wells, bisneto de H. G. Wells, com produção de Arnold Leibovit, e protagonizado por Guy Pierce. Apesar da notável modernização dos efeitos, como o designer dos equipamentos da máquina, se nota que o filme não supera o grande clássico de Pal. Há diversas alterações do roteiro original e do livro, tornando-o quase uma segunda versão do romance. Nesse remake, o motivo inicial das viagens pelo tempo pelo Viajante do Tempo é a vã esperança de evitar a morte de sua esposa. No original, a viagem efetuada pelo Viajante se baseia na esperança de que no futuro haja uma mundo de paz para todos. Em ambos os casos, as tentativas são fracassadas.


Uma das marcas interessantes tanto do livro quanto do filme é a perspectiva distópica que marca toda a sua narrativa.  No tempo em que Wells viveu, havia a proliferação do discurso socialista utópico, proclamando que o mundo poderia melhorar caso a sociedade se reestruturasse. Todavia, embora se considerasse um socialista utópico, a obra de Wells revela uma perspectiva de mundo pessimista, diante da atual realidade, dividida em classes. Talvez por isso ele tente, não apenas nesse romance, mas também em outros como A Ilha do Dr. Moreau, demonstrar a ideia da divisão de raças, estabelecendo a humanidade em dois grupos: Caça e caçador. Além disso, Wells, à semelhança de Julio Verne, foi capaz de escrever sobre as tragédias do futuro antes de conhecê-lo, como a visão das grandes guerras, com os bombardeios pelos aviões. Como poderia ter ele alcançado isso, não se tem explicação. Posteriormente, Wells se converteu ao Cristianismo, abandonando a ficção.


A meu ver, A máquina do Tempo não apenas se tornou o grande clássico literário, como também um filme memorável, que retrata de forma inegável a perspectiva negativa e sombria da natureza humana e para o mundo que sempre tenderá para a degradação. Interessante que já naquele tempo, Wells já se dedicava a discutir temas além de seu tempo, como a possibilidade de uma guerra nuclear e o abuso dos animais nos testes de laboratório.

Seria possível que esses dois elementos presentes na obra de Wells teria influenciado o escritor Pierre Boulle, na composição de seu romance "La Planèt des Singes" (O Planeta dos Macacos), que também virou filme?

A verdade por traz do livro e do filme, no fundo é a descrença do homem em suas próprias soluções para resolver os dilemas da vida. A tecnologia não poderia resolver e de fato nunca resolveu os problemas do mundo. Wells não era um pessimista, era um homem realista, que sabia as limitações do homem, e ainda mais que isso: sua tendência para a maldade. E isso é o que o faz destrutivo, capaz de causar mal a si mesmo e ao mundo que o cerca, e de perverter até mesmo as coisas boas da vida.

A única resposta do mundo de fato se encontra em Deus, como revelado no evangelho.- C. S. Sampaio

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