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Novo Livro de Grimaulde Gomes Apresenta um Don Juan às Avessas


No dia 11 de maio, sexta feira, ocorreu em Várzea da Palma/MG, minha cidade natal, o lançamento do livro "Dedo Podre", pela Editora Kazuá. Trata-se de mais uma obra do velho amigo Grimaulde Gomes, um escritor em ascensão, do sertão de Minas Gerais.

Para quem desconhece, Grimaulde da Guia Gomes é um filho de Várzea da Palma, pequena cidade do Norte mineiro. Nasceu no dia 21 de novembro de 1975 como o primeiro de sete irmãos. Já trabalhou como repórter, contribuindo para diversos jornais e em assessorias de comunicação. Além disso, é Presidente da ACLAV – Academia de Letras, Ciências e Artes de Várzea da Palma; membro da ACLECIA – Academia do São Francisco de Letras, Ciências e Artes, com sede em Montes Claros, cujo presidente, o doutor Petrônio Braz, o classificou como o mais importante autor de Várzea da Palma. E não é pra menos: em menos de 5 anos, já publicou 5 livros bem expressivos:  “Gotterdämmerung, os deuses não são eternos”, “O Último Messias”, “O Anticristo”, “O Banqueiro de Deus” e "Dedo Podre". Quanto ao mais recente, citado acima, trata-se de um material muito bem editado, com capa exuberante, ilustrações internas e com orelhas. Uma edição primorosa! 

As obras de Grimaulde tergiversam entre mistério e religiosidade, sempre temperadas de cinismo, o que faz do autor um iconoclasta por natureza. Quem lê apressadamente os extratos de suas obras podem pensar erroneamente que se trata de um cético religioso radical. Pode até ser, mas essa afirmação tem seus limites. Pois a crítica que Grimaulde levanta não é contra nenhuma divindade ou contra o piedoso praticante, mas sim contra o religioso avarento e o sistema religioso explorador enquanto faz da religiosidade o seu tema para reflexão. 

E em "Dedo Podre", o cínico está presente mais uma vez, embora a mística religiosa esteja quase que de todo ausente. Pelo contrário, nesse novo trabalho há uma exploração acentuada da sensualidade e do erotismo "soft" em diversos momentos, embora nada ocorra de modo vulgar. Tudo serve a um propósito, embora entenda que possa chocar a alguns puristas. 

Os contos de "Dedo Podre" são intimistas, confessionais e também reflexivos. Quase um "Don Juan" às avessas. Mostram a faceta de personagens (ou seria um só?) que se vêm presos a uma rede de fracassos em suas investidas amorosas.  A proposta é sobre pessoas com visível dificuldade de ser bem sucedidas em suas escolhas amorosas. A gente consegue rir muito durante a leitura, na contemplação das desventuras destes fracassados, que personificando o autor, apontam o dedo para si mesmos, narrando os próprios fiascos e zombando de sua incapacidade. 

Mas engana -se quem pensa que "Dedo Podre" é apenas uma prosa meramente confessional, para levar ao riso fácil. Quando li as amostras dessa obra, vi o mesmo cinismo e o mesmo tom iconoclasta de sempre, na verve do autor. Neste volume, embora o tema explorado não seja mais nenhum mistério, conspirações, figuras religiosas ou instituições corruptas, Grimaulde derruba novos mitos. No caso, a presente obra satiriza o mito do sertanejo másculo, viril, machista e dominador, tão comum nos sertões mineiros, ao apresentar a figura do homem fragilizado, inadequado e muitas vezes subordinado, em sua busca amorosa/sexual. Numa paródia do velho Euclides, em "Dedo Podre, o sertanejo é, "antes de tudo", um frágil.

Mas o mais interessante da obra é perceber que durante a leitura, enquanto rimos dos personagens de Grimaulde, e rimos dele mesmo, vendo-o em cada conto lido, poderemos nos ver a nós mesmos e rir também de nós. Pois na narrativa, enquanto fala de seus delitos e fraquezas na área amorosa, por meio de seus heterônimos Grimaulde nos apresenta o sertanejo comum que somos todos nós, com as mesmas fraquezas que são nossas. E enquanto rimos dele, enquanto o lemos, penso que Grimaulde também está a rir de nós enquanto escreve. É que suas confissões são aquelas nossas, ocultas, que não ousamos nunca expor. E é isso que leva o leitor a se identificar tão de perto com suas histórias. 

Em "Dedo Podre", Grimaulde se torna a nossa voz. Afinal, quem confessaria o fracasso da primeira experiência sexual? Grimaulde faz isso, mas o faz de forma divertida. Por isso, digo que além de divertido, "Dedo Podre" é uma leitura reflexiva, que leva ao autoconhecimento. Eu mesmo ri muito nos diversos momentos hilários da obra. Mas também me vi em reflexão em muitas das situações apresentadas. Há momentos de ternura, que arrebatam a emoção como no conto onde se apresenta a visão do menino que não consegue captar a verdade das coisas, e que vê o mundo maior do que realmente é. É uma obra muito humana, que desperta toda uma variedade de sentimentos e sensações. 

E é por essas e por muito mais coisas que não cabem relatar aqui, eu torço pelo sucesso desse novo trabalho do amigo. E embora tenha me sentido muito honrado pelo convite, não pude ir ao lançamento, estando a mais de mil quilômetros de distância. Mas conhecendo o conteúdo do livro, digo que vale muito a leitura e recomendo a obra. Para boas risadas e para uma olhada no interior da própria pessoa, que lendo o livro, estará lendo a si mesma. Muitas desventuras narradas ali certamente já foram vivenciadas por aquele que lê. Uma boa sátira. Deixo os parabéns ao Grimaulde Gomes, torcendo pelo seu sucesso! -  CS.

Obs: Interessados podem falar diretamente com o autor clicando aqui ou entrar em contato com a editora clicando aqui .

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