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Vamos de Mãos Dadas


Considero um dos fatos mais lamentáveis das eleições 2018, especialmente para nós que nos declaramos cristãos, os ataques à figura do brasileiro nordestino, depois da apuração dos votos para presidência do Brasil, em 7 de outubro. Que tristeza! Que vergonha! Em defesa de uma ideia ou projeto que (supostamente) deveria unir, muitos acabaram voltando suas armas contra seus próprios irmãos!

Na verdade isso é repetitivo, pois foi assim após as eleições de 2014, quando outras regiões do Brasil, especialmente o Sudeste, debochavam da inteligência do nordestino ao favorecer determinado partido. Isso se acirroumaiz ainda no processo de impeachement, em 2016. Na ocasião, os insultos eram tão intensos, que o LE MONDE expôs a vergonha nacional ao publicar que o “Desprezo social se instalou no coração dos brasileiros”. Entre outras coisas, o que o Jornal francês fez ressaltar foi justamente essa sensação tola de superioridade presente em determinadas regiões do país, onde alguns elaboravam discursos de ódio contra seus irmãos do Nordeste, influenciados por questões politicas . Se aquele fato foi vergonhoso aos olhos do mundo, parece que em nada evoluímos, desde aquele ano.

Neste ano de 2018, não apenas proliferou o desprezo à inteligência do nordestino, como também fizeram deboche acerca da pobreza e da fome de muitos dos que supostamente alavancaram os votos para o PT, na região. Houve certas figuras que, não sei se armadas de deboche ou de seriedade, chegaram a propor a divisão da pátria em dois Brasis e em dois Governos. É de doer!

É fato notório que política e interesses de grupo podem dividir irmãos, rachar uma nação. Vimos isso na história dos EUA com a questão escravagista, que desembocou numa guerra e rachou o país nos anos de 1861 a 1865. Hoje, no Brasil não empunhamos fuzis, mas muitas vezes movimentamos nossa língua e nossa caneta com a mesma ferocidade e ódio, contra os de nossa própria nação.

Sim, não há como negar que no Nordeste há regiões carentes. Hoje mesmo pude assistir a certo Youtuber, que descrevia aquilo que ele presenciou e viveu, e que eu mesmo, no período de quatro anos em que residi ali, pude constatar. Ou seja, há lugares do Nordeste nos quais de fato há vidas que são literalmente salvas da morte pela fome e/ou desnutrição, através do pequeno valor recebido a cada mês, dos programas assistenciais do Governo. Lugares em que a terra não frutifica e a chuva não cai. E de fato, muitos deles votaram possivelmente por medo de perder esse apoio, diante de ameaças reais ou imaginadas, ventiladas pela mídia nos últimos dias. Mas isso não nos dá o direito de julgá-los por essa atitude e nem de desqualificar aqueles que votaram de modo consciente, influenciados apenas por suas convicções próprias. Respeitemos suas escolhas e motivos. É bem fácil debochar dos carentes, quando nos sobra quase de tudo. E zombar de quem tem fome é vergonhoso, é um ato desumano.

Se temos que demonstrar alguma revolta, que o façamos contra aqueles que pela posição que ocupam, mesmo tendo poder e oportunidade de intervir em favor dos carentes, acabam explorando a desigualdade e promovendo separações entre os patrícios.

E é bom que se reflita: não há superioridade nenhuma de nenhum grupo ou etnia. Pois pelo que eu sei, nesse ir e vir do brasileiro pelo país, desde muito deixamos de ser completamente puros em nossa origem local e trazemos de algum modo, uma herança genética de todas as cores e lugares do nosso vasto Brasil. Somos irmãos de sangue, de luta e caminhada. 

Termino com as palavras do grande Drummond, em Sentimento do Mundo
"O presente é tão grande, não nos afastemos
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas"

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