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Superman o Caramba! É o Popeye!




No ano de 2018 muita gente falava sobre os 80 anos do Superman, que sempre é apresentado como o primeiro super-herói dos Quadrinhos. Ele seria aquele que desde a sua primeira aparição em junho 1938, abriu caminho para o surgimento dos demais. Mas o que muita gente ignora, é que o Popeye nasceu bem antes dele, e que ele, sim, deveria ser honrado como o grande precursor dos ditos super-heróis. Digo que no universo dos Quadrinhos o Karl-El até pode ter sido criado no sexto dia, mas - lavrando a metáfora- para mim foi o Popeye quem primeiro acendeu a luz sobre a face do abismo e trouxe o raiar do dia para todos.

Poucos ignoram que o marinheiro Popeye nasceu em 1929, pelas mãos do genial Elzie Chrisler Segar. O que se conta é que Segar era um cartunista contratado pela King Features Sydicate para produzir uma tira diária para um jornal de Nova York, o Timble Theatre. No começo, Popeye era apenas um coadjuvante nas histórias, mas logo tomou vulto e assumiu o protagonismo das histórias. Caiu no gosto popular e a partir disso vieram o gibi, o desenho animado e até uma superprodução hollywoodyana, rodada em 1980. 

O curioso é que no início, Popeye não dependia do Espinafre e tinha até mesmo resistência a balas! Era de fato, o Superman ainda no casulo! Claro que, com o passar do tempo vieram algumas modificações na sua adaptação para as telas, mas mesmo depois de tantos anos, Popeye é parte integrante da cultura pop ocidental e tem encantado gerações.

Descobri que Segar era um fã declarado de Charlie Chaplin, e se inspirava nele para suas tiras. E olhando bem o traço, pode-se perceber que uma relação entre ambos está bem afirmada. O Popeye, como o Vagabundo, de Chaplim, era, de fato, um daqueles heróís ridículos. Tosco, não possuía beleza nenhuma. E tão toscos quanto ele, eram a sua namoradinha anoréxica Olívia e o vilão bombadão Brutus, com quem sempre havia uma treta. E penso que tal qual em Chaplin, em Popeye, a simplicidade era um de seus principais atrativos.

Contrariando os Quadrinhos, as animações eram histórias bem clichês. E a bem da verdade, por ser tosco, Popeye tinha os ingredientes de um autêntico anti-herói. Para vir a ser isso, bastaria que fosse mau caráter, mas isso, de fato, não era. Popeye era boa influência. Tinha até um lado pedagógico, pois ensinava o gosto pelas verduras. Podem rir, mas nos anos 70-80, sempre que eu lia o gibi ou raramente assistisse ao desenho, era levado a crer nos efeitos miraculosos do espinafre. Foi uma frustração enorme, quando depois de algum tempo descobri que a hortaliça não era tão saborosa e comê-la, nada acrescentava à minha força. Mas valia a pedagogia do bem, pois também nas histórias do Popeye, era o bem que sempre vencia.

O Popeye tosco que eu conheci na infância fumava cachimbo, tinha tatuagens e era caolho. E apesar disso todos gostavam dele. Mais recentemente foi divulgada uma variação politicamente correta do personagem, na qual retiraram seu cachimbo, substituindo-o por um apito. Além disso, Olivia está empoderada e Brutus não tem mais sua barba. Até o espinafre, que era enlatado, agora é orgâncio, cultivado no navio do Popeye. Devo dizer que detestei. As características do Popeye nunca foram má-influência. Essas mudanças não se justificam.

Mas aí você me pergunta porque estou escrevendo tanto sobre o meu "herói"da infância. Por dois motivos. E explico:

O primeiro motivo é que dia desses, num sábado a noite, enquanto pesquisava livros no acervo de uma conhecida megastore on-line, me defrontei com um encadernado, o "Super Popeye", publicado em 2015, pela Coquetel, com 127 páginas. Que surpresa! Popeye havia sido deixado no anonimato por anos. Bateu a nostalgia na hora. 

Analisando a preview, notei que a edição não vem com a arte do Segar, que já partiu para outro endereço, vitimado por leucemia, em 1938, precisamente no ano do nascimento do Superman. Mas, conforme uma sinopse, Bruce Ozella, Ken Wheaton, Tom Neely e Vince Musacchia prometem uma imitação perfeita do traço, para nada dever ao estilo clássico, embora o roteiro esteja atualizado.

O detalhe mais sugestivo, a meu ver, foi a proposta da capa. Muito genial! Só quem manja as linguagens dos Quadrinhos saca a provocação do artista. Sim, pois, pois a sugestão é que essa capa, dedicada originalmente ao Superman em 1938, tão celebrada no mundo todo, pela lógica, deveria ser dele. Ele sim seria o protótipo dos super-heróis: o Super-Popeye. Mas ainda que tardiamente, a homenagem mais que merecida foi dada ao grande Segar e à sua criação, que desde a aurora da minha vida, até hoje me segue, nas lembranças, como num sonho.

O segundo motivo é um anúncio bem mais recente, de uma campanha de financiamento coletivo via Catarse para a publicação de uma graphic novel de 108 páginas, dedicada ao Popeye. A HQ vem com roteiro do francês Antoine Ozanam e arte bem estilosa do brasileiro Lelis. Foi publicada originalmente  na França pela editora Michel Lafon em 2019. Não conheço a edição original mas o material anunciado no Brasil possui extras exclusivos, capa dura e miolo em papel couchê de alta gramatura. O formato permanece o tradicional europeu, com 20x28cm. Será publicada e enviada aos apoiadores em julho de 2021, ao término da campanha no Catarse. O preço não é muito convidativo, mas a arte tenta manter o visual original do marinheiro tosco.  

Bom, se há algum nostálgico como eu, um gibizeiro dos anos 80, que ainda curte Quadrinhos, com certeza apreciará algum desses livros, para rever do grande amigo da infância, que não envelheceu nada com o correr dos anos. Fica a dica. 

- texto escrito originalmente em  2020 😎

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