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O Último Duelo: o destino nas mãos Deus



"O Último Duelo", de Ridley Scott é inegavelmente um dos grandes filmes  históricos/épicos dos últimos anos. Merecia entrar no rol das grandes bilheterias, porém, inexplicavelmente, não foi o caso.

O filme teve base no livro "The Last Duel: A True Story of Trial", de Eric Jager. Foi dirigido por Ridley Scott, a partir do roteiro de Nicole Holofcener, Ben Affleck e Matt Damon. O protagonismo excepcional de Matt Damon se destaca ao lado de Adam Driver, Jodie Comer e Ben Affleck.

Figurino impecável, combates cruentos, fotografia exuberante, estética realista e diálogos bem elaborados são os pontos altos que pude perceber nesse longa extraordinário. 

Lançado em outubro de 2021, "O Último Duelo" tem como pano de fundo o período medieval da guerra dos 100 anos e foi baseado num evento envolvendo três personagens históricos: Um escudeiro de nome Jacques Le Gris (Driver) violenta Marguerite de Carrouge (Comer), esposa de Jean de Carrouge (Damon), um nobre cavaleiro do rei. 

Contrariando um costume da época, a Sra Carrouge denuncia o abusador, pondo a própria vida em risco. Dada a corrupção do tribunal conduzido pelo tendencioso Conde Pierre d'Alençon (Afleck), amigo e protetor de Le Gris, Carrouge faz apelação e o julgamento seguirá para a corte do Rei Carlos VI da França, que colocará o destino dos três nas mãos de Deus. Isso porque na ausência de provas definitivas para um veredito, Carrouge faz nova apelação, agora para a última instância, pedindo que o rei permita que Deus os julgue em um duelo com Le Gris até a morte.

O absurdo de tudo é que se Le Gris vencesse, não apenas Carrouges morreria, mas sua esposa grávida também seria condenada à morte na fogueira, pois com esse resultado Deus supostamente a teria julgado como falsa acusadora.

O filme destaca com grande mérito os costumes absurdos daquele período, como as extravagâncias da nobreza, a decadência moral do clero, os abusos contra a figura feminina, a corrupção escancarada dos tribunais e a estupidez do despotismo monarquico, no qual decisões capitais são postas nas mãos de um rei como Carlos VI que, ainda adolescente, se assentará como juíz no tribunal.

A trama central é a disputa política entre Carrouge e Le Gris, que inicialmente foram amigos de armas. O fato é que apesar de todos os  sacrifícios e perigos enfrentados em favor da coroa real, Carrouge é sempre preterido e injustiçado, enquanto Le Gris segue galgando mais e mais degraus políticos e recebendo benesses, na corte. 

O duelo então se apresenta não apenas como pretexto para defesa da honra por parte de Corrouge, mas também para o desfecho de uma série de desencontros entre os personagens, que a essa altura já eram inimigos.

A narrativa se arrasta por cerca de duas horas e meia. Embora brilhantemente construído o filme poderá desagradar a alguns pela repetição dos fatos, quando a mesma história é contada em três atos, segundo a perspectiva de cada personagem. Vale destacar que as cenas de ação são ótimas apesar de esporádicas. Porém, lembremos que além de épico, o filme traz intensa carga dramática.

Diversas reflexões podem ser extraídas desse filme, como: até que ponto as ações dos homens podem moldar os rumos de seu destino? Ou haveria uma Divindade moldando a história do homem rumo a um desfecho irremediável? As diversas situações da vida, especialmente o resultado do duelo fatídico seriam de fato aquilo que no filme repetidamente se afirma, a "vontade de Deus?". Ao fim do filme não há uma resposta. As perspectivas pemanecem abertas à reflexão do expectador.

Concluindo, digo que o filme é de fato, extraordinário. Além de ser uma grande história em todos os sentidos, permite conhecer um pouco mais da vida e pensamento da era medieval. Curioso que não teve uma boa resposta nas bilheterias. 

Recomendo.

Obs: Há algumas cenas picantes, incluindo uma simulação de e$tupr0. A faixa etária recomendada é de 16 anos.


Cite fonte = http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com

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