Chegamos ao último dia de nossa jornada! Foram 40 dias em busca de orientações e recursos para nosso crescimento na intimidade com Deus. Hoje falaremos sobre o grande segredo para que isso de fato se efetive e resulte em salvação eterna.
O Grande Segredo
Vista da perspectiva da eternidade, a maior necessidade da época atual pode ser perfeitamente a de que os cristãos sejam tirados do seu cativeiro espiritual e que conheçam a Deus de verdade para que Ele seja neles glorificado, como foi um dia no passado.
O número de americanos que se identificam como não religiosos está aumentando nos Estados Unidos, país de tradição profundamente cristã, segundo um estudo do Pew Research Center publicado em 2021. Esse número também está sendo problematico no Brasil. A cada dia mais pessoas estão perdendo o relacionamento com a sua fé.
Isso não é apenas um fato que pode ser visto de modo genérico e impessoal. Tem a ver conosco mesmo, que devido ao ritmo frenético da vida estamos nos tornando cada dia mais afetados pelo materialismo. Leonardo Boff diria que estamos em um tempo de transcendência.
Há alguma fórmula para um reavivamento pessoal que possa ser aplicada à presente situação, à nossa própria situação? A resposta é SIM.
A resposta, entretanto, poderá desapontar algumas pessoas, porque não é profunda. Não lhes trago um criptograma esotérico, nem apresento um código místico que precise ser cuidadosamente decifrado. Não apelo a alguma lei oculta do inconsciente, nem a qualquer conhecimento escondido e conhecido apenas de alguns iniciados.
O segredo já está desvendado, e o cristão peregrino pode lê-lo facilmente. É simplesmente o antigo mas sempre novo conselho: “Conheça a Deus”!
Para recuperar a vitalidade da fé e alegria genuína em Deus o cristão precisa ver o céu aberto e ter uma visão transformadora de Deus.
Mas o Deus que devemos ver não é o deus utilitário tão popular hoje, cujo principal atrativo é Sua capacidade de fazer com que os homens sejam bem-sucedidos em suas diversas ocupações, e por esta razão está sendo adulado e lisonjeado por todo aquele que deseja um favor.
Temos de aprender a conhecer o Deus que é Majestade nos céus, Pai onipotente, Criador do céu e da terra, o único Deus sábio, nosso Salvador. E Ele que se assenta sobre o círculo da terra, que estende os céus como uma cortina e os desdobra como uma tenda para Sua habitação; que chama as hostes de estrelas pelos seus nomes, pela grandeza do Seu poder; que vê as obras do homem como vaidade; que não se fia nos príncipes e não busca nos reis o conselho.
Não se pode ter conhecimento de tal Ser apenas pelo estudo. Este conhecimento vem por uma sabedoria desconhecida do homem natural, pois é espiritualmente que se discerne.
Conhecer a Deus é a um só tempo a coisa mais fácil e também a mais difícil sobre a terra.
É fácil porque o conhecimento não se ganha pelo duro esforço mental, mas é dado gratuitamente. Como a luz solar cai livremente sobre um campo aberto, o conhecimento do Deus santo é um dom gratuito feito aos homens prontos para recebê-lo.
Mas, tal conhecimento é difícil porque existem condições a serem satisfeitas e a natureza obstinada do homem não as aceita com facilidade.
Permitam-me apresentar um breve resumo destas condições, como ensinadas na Bíblia e repetidas através dos séculos por alguns dos homens mais santos que o mundo já conheceu.
1 ) Primeiro, abandonemos o pecado. A crença num Deus santo que não pode ser conhecido pelos homens perversos não é novidade para a religião cristã. O livro hebraico, Sabedoria de Salomão, que antecede o cristianismo em muitos anos, contém a seguinte passagem:
"Amai a justiça, vós juízes da terra. Pensai no Senhor com bondade, e buscai-O com singeleza de coração. Ele será encontrado por aqueles que não O provocam, e Se revela àqueles que confiam nEle. Os pensamentos rebeldes separam de Deus; o Seu poder, quando provado, reprova Os néscios. A sabedoria não entra na alma maliciosa, nem habita no corpo escravo do pecado. O Santo Espírito da disciplina foge do engano, remove os conceitos sem entendimento, e não subsiste com a iniguidade."
O mesmo pensamento é encontrado em diversos lugares das Escrituras inspiradas, sendo as palavras de Jesus provavelmente as mais conhecidas:
"Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus".
2 ) Em segundo lugar, é preciso haver uma entrega completa de toda a vida, pela fé, a Cristo. É isso que significa "crer em Cristo". Abrange uma associação com Ele, voluntária e emotiva, acompanhada do firme propósito de obedecê-Lo em tudo. Isto exige que cumpramos os Seus mandamentos, carreguemos a nossa cruz, e amemos a Deus e ao nosso próximo.
3 ) Em terceiro lugar, devemos reconhecer que morremos para o pecado e estamos vivos para Deus em Cristo Jesus; seguindo-se a isso uma completa abertura da nossa personalidade, tornando-nos receptivos à entrada do Espírito Santo. Teremos então de praticar a autodisciplina que o andar no Espírito requer, e mortificar a concupiscência da carne.
4 ) Em quarto lugar, devemos repudiar com ousadia os valores mesquinhos do mundo caído e nos desligarmos em espírito de tudo aquilo que prende o coração incrédulo, permitindo-nos apenas os prazeres simples da natureza que Deus outorga igualmente ao justo e injusto.
5 ) Em quinto lugar, devemos praticar a arte da meditação longa e cheia de amor sobre a majestade de Deus. Isso exigirá algum esforço, porque o conceito de majestade quase que desapareceu da raça humana.
O foco de interesse do homem de hoje é a sua própria pessoa. O humanismo em suas diversas formas substituiu a teologia como chave para a compreensão da vida.
Quando no século dezenove o poeta Swineburge escreveu: "Glória ao homem nas alturas, pois o homem é o Senhor das coisas", ele deu ao mundo moderno o seu Te Deum. Tudo isso tem de ser mudado por um ato deliberado da vontade, e mantido assim através de um paciente esforço mental.
Deus é uma Pessoa e pode ser conhecido em um grau sempre crescente de intimidade, à medida que preparamos nossos corações para o encontro. Talvez seja necessário alterarmos algumas crenças anteriores que possuímos a respeito de Deus, enquanto a glória que transborda das Sagradas Escrituras passa a manifestar-se sobre a nossa vida interior.
Talvez tenhamos também de nos separar silenciosa e graciosamente do textualismo sem vida que prevalece em nossas igrejas, e protestar contra o caráter frívolo de muitas coisas que passam por cristianismo entre nós.
Com isso talvez percamos amigos e ganhemos uma reputação temporária de sermos "muito santinhos"; mas, pessoa alguma que se deixe influenciar pela expectativa de consequências desagradáveis numa questão como esta, seria digna do reino de Deus.
6 ) Em sexto lugar, à medida que o conhecimento de Deus vai se tornando mais maravilhoso, torna-se imperativo que nosso servico em prol de nosso próximo aumente. Este conhecimento abençoado não nos foi dado para que desfrutássemos dele egoisticamente.
Quanto mais perfeitamente conhecermos a Deus, tanto mais desejaremos aplicar este novo conhecimento em obras de misericórdia para com a humanidade sofredora.
O Deus que tudo nos deu continuará a dar tudo através de nós, enquanto vamos crescendo no Seu conhecimento.
Para concluir é preciso destacar o propósito que nos guiou até aqui. O propósito era nos disciplinar para que se formasse um hábito de buscar a face de Deus a cada dia como o primeiro. Essa busca resultaria em uma vida transformada, mais santa, mais conformada com sua vontade e propósito para nós. Espero que esse propósito permaneça em cada um de nós.
Nesse momento seria bom que você repetisse para si mesmo os princípios fundamentais de nossa jornada. Eles precisam ficar fixos em sua mente:
- Eu nasci para glorificar a Deus e por isso Ele deve ser o primeiro em minha vida.
- Eu preciso conhecer a programação diária de Deus para minha vida.
- Eu posso conhecer a programação de Deus quando vou a ele em oração e estudo de sua palavra, a cada dia.
- Eu devo ir a Deus do jeito que eu acordar. Se não fizer isso meu coração poderá me trai, pois ele é corrupto e enganoso.
- Eu adoro a Deus com minha vida, e faço isso não para obter algo, mas porque Ele é digno.
Nós consideramos em vários momentos a relação que existe entre o indivíduo e Deus; mas, como o perfume na mão direita, que "se denuncia" pelo seu odor, qualquer conhecimento intensificado de Deus logo afetará aqueles que nos cercam na comunidade onde vivemos e aos de nosso círculo de amizade.
Mas nem tudo deveria ser deixado meramente para a dinâmica da causa e efeito. Também devemos buscar propositalmente compartilhar a luz que cresce em nós com os demais que nos cercam.
A melhor maneira de alcançar esse objetivo é que se mantenha a majestade de Deus em pleno destaque em todas as nossas atividades devocionais privadas e públicas.
Não só nossas orações particulares devem louvar a Deus, mas o nosso testemunho, o nosso cântico, a nossa pregação e aquilo que lemos e escrevemos deverá centralizar-se na Pessoa do nosso santo, santo Senhor; exaltando continuamente a grandeza de Sua dignidade e poder.
Lembre-se sempre: Há um Homem glorificado à destra da Majestade nos Céus, representando-nos fielmente ali. Fomos deixados por um tempo entre os homens; vamos representá-Lo fielmente aqui.
E por favor não se esqueça:
“Os que põem toda a armadura de Deus e devotam algum tempo cada dia à meditação, oração e estudo das Escrituras estarão em ligação com o Céu e terão uma influência salvadora, transformadora sobre os que os cercam. Pensamentos elevados, nobres aspirações, claras percepções da verdade e dever para com Deus, serão seus. Ansiarão por pureza, luz, amor, por todas as graças do novo nascimento.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, págs. 112 e 113.
Deus abençoe seu dia! Até a nossa próxima jornada!
✅ Pr. Sampaio
Betim 06/05/23
(Obs: o tema de hoje foi baseado no último capítulo do livro “Mais Perto de Deus” de A. Tozer.)
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