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Primeira História (Poesia) - Homenagem à Palma Velha



(- A Francisco Carvalho, prêmio Bienal Nestlê)
(Palma Velha é o local onde houve o início da história de Várzea da Palma, e que com a chegada da estação ferroviária para outro local, hoje é apenas um pasto para a criação de gados, à margem da ferrovia abandonada. Já correu fama de que era assombrada). 

                      1.

Palma Velha
Onde o alísio celebra
A liturgia das manhãs.

Onde passou Fernão Dias
Com sua espada
E seu séquito.

Palma Velha
Onde o sol arredio
Refaz a caminhada

E a madura para a ceifa.
Onde o tempo tece a renda
No linho da lenda.

Palma Velha
Onde a lua solitária
Vela o sono da alimária

E o fantasma da memória
Depreda as searas
Com negra foice.

                      2.


Palma Velha da epopéia
Dos tropeiros viajantes
Dos antigos Bandeirantes
Que sonhavam esmeraldas
Noutros vales encantados.

Palma Velha das veredas
Dos coqueirais no vau do rio
Os barqueiros serenos
Lançavam suas redes
Nas turvas águas do Guaicuí.

Quantas vezes ali se ouviu
O aboio sorumbático
De um boiadeiro errante
E o tropel da tresmalhada
Ao repique do berrante?

O grito do Ponteiro
Chamava a comitiva
O ranger do arreio
E o ofegar dos cavalos
Marcando a  travessia.

Os cães fitando a lua
E a luz dos lampiões
Na quietude das taperas
Ninguem via as comitivas
Chegadas de muito longe.

Só o som dos cincerros
Ecoando como sinos
E o vagido dos bezerros
Ao cantar do galo
Ecoando na invernada.

Terra de luar e lendas
Contadas à roda do fogo
O susto das montarias
Ao troar das armas
Em noites de emboscada.

Palma Velha das memórias
Das desditas, das histórias,
E dos trilhos encantados
Ao nitrir do trem sombrio
Os corcéis em debandada.


                 3.

Agora,
         apenas
O perfil rotundo
         Dos coqueirais sombrios.

Agora,
          apenas
O amálgama das  sombras
          Caladas simetrias.

Agora,
          apenas
Lonjuras de capim
          Campeados pela mula andeja
          Sem a sua cabeça.

             4.

(Em noites de agosto
Vem o fantasma do zebu
E afaga com suas narinas
O cheiro seco do capim).



http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com 
disponível para compilação, desde que a fonte seja citada

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