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BEBÊ REBORN E MATERNIDADE: ENTRE O VAZIO AFETIVO E O COMPROMISSO REAL SEGUNDO A ÉTICA CRISTÃ



Resumo: Este ensaio propõe uma análise crítica do fenômeno dos "bebês rebornes", bonecos hiper-realistas tratados como filhos por adultos, à luz de dados sociais, evidências psicológicas e princípios bíblicos. Cruzando informações sobre abandono infantil, demandas de adoção e disfunções emocionais associadas à substituição simbólica da parentalidade, o texto busca confrontar a maternidade e paternidade artificiais com a ética bíblico-cristã do cuidado e da aliança.

Palavras-chave: bebê reborn, abandono infantil, adoção no Brasil, paternidade cristã, maternidade simbólica, vínculos emocionais, ética bíblica, saúde emocional, psicologia do apego



1. Os Reborn

O movimento “Reborn” (renascido, em inglês) surgiu nos Estados Unidos na década de 1990, inicialmente entre colecionadores de bonecas que buscavam realismo extremo. O processo de "reborning" começou com bonecas comuns, que eram desmontadas, repintadas e modificadas manualmente por artistas para parecerem o mais realistas possível.

Com o tempo, essa prática se transformou em um nicho artístico e emocional, ganhando adeptos em diversos países, incluindo o Brasil, Reino Unido e Alemanha. Hoje, existem até "reborneiras profissionais" e ateliês especializados.

Nos últimos anos, o fenômeno dos "bebês rebornes" tem ganhado visibilidade como alternativa simbólica à maternidade e paternidade reais. Embora em muitos casos os rebornes sejam usados como objetos colecionáveis ou ferramentas terapêuticas, há relatos crescentes de adultos que os tratam como filhos, estabelecendo relações simbólicas de afeto, cuidado e apego. 

Esta prática, ainda que pessoal, levanta questões profundas de ordem emocional, social e espiritual, especialmente quando associada à recusa ou impossibilidade de assumir vínculos reais com crianças humanas. Isso se torna claro quando se avalia os dados sobre adoção.



2. Dados Sociais: A Realidade do Abandono Infantil e da Adoção no Brasil

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mais de 4.300 crianças e adolescentes vivem hoje em abrigos no Brasil à espera de adoção (dados de 2023). Em contraste, cerca de 35 mil pessoas estão inscritas como pretendentes a adotar, porém a maioria deseja perfis específicos (bebês brancos, sem irmãos ou doenças), o que reduz drasticamente as chances de adoção para grande parte das crianças disponíveis.

Além disso, o Fórum Nacional da Infância e Juventude aponta que o abandono de crianças menores de 1 ano aumentou 9% entre 2018 e 2022. Este dado revela uma tensão entre o desejo idealizado de filhos e a real disposição de cuidar, conviver e assumir os desafios da parentalidade concreta. 

Fica a questão: Com ampla possibilidade de realização da maternidade pela via da adoção, o fenômeno da parentalidade reborn não seria um transtorno de ordem psicológica e um evidente desvirtuamento da proposta divina original, segundo as Escrituras



3. O Fenômeno Reborn: Expressão Afetiva ou Sintoma Psicológico?

A literatura psicológica aponta que o apego emocional a bonecos rebornes pode ter origens diversas. Estudos publicados na revista Psychiatry Research (2021) identificam que, em alguns casos, o uso de rebornes funciona como substituto simbólico após perdas gestacionais ou infertilidade. No entanto, quando o apego se torna permanente, com tratamento do objeto como um filho real, pode haver sinais de:

  • Transtorno de Apego Reativo
  • Transtorno de Luto Prolongado
  • Compensação de afetos não resolvidos na infância
  • Fuga de vínculos sociais reais

Psicólogos como Donald Winnicott já alertavam que o objeto transicional é saudável quando é ponte, não substituição. Quando o reborn substitui o vínculo humano, ele pode representar um deslocamento emocional que evita o risco da relação verdadeira, criando uma zona de conforto emocional que desestimula o amadurecimento afetivo.



4. A Teologia da Aliança: Maternidade e Paternidade como Compromisso

A tradição bíblica apresenta a vida humana como dom e missão dentro de uma aliança. Desde o Gênesis, a composição familiar e a fecundidade está atrelada à comunhão entre homem e mulher:

“Criou Deus o homem à sua imagem [...] e disse-lhes: Sede fecundos, multiplicai-vos...” (Gênesis 1:27-28)

A geração da vida não é apenas biológica, mas relacional e espiritual. A paternidade e maternidade bíblicas implicam ensino, correção, presença contínua e entrega (cf. Deuteronômio 6:6-7). A Bíblia reconhece o sofrimento da infertilidade, mas nunca propõe substituições simbólicas sem relação humana.

O próprio Cristo não veio como símbolo, mas como uma criança real, vulnerável, carente de cuidados, cujos pais estiveram sob  riscos e desafios oriundos de sua missão da maternidade/paternidade:

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós.” (João 1:14)

Isso nos ensina que o amor verdadeiro é encarnado, exige tempo, esforço e entrega concreta. Ele não vive na idealização, mas no cotidiano real. 

Além disso, o apóstolo João alerta sobre o risco de amar apenas de forma simbólica:

“Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade” (1 João 3:18)

O amor, na visão cristã, não é emoção encapsulada, mas compromisso real. O fenômeno dos bebês rebornes, quando tomado como substituto emocional, desafia essa visão, pois revela uma tentativa de controle do afeto, retirando dele a imprevisibilidade, o sofrimento e a entrega que o tornam verdadeiro.



5. Conclusão: A Paternidade como Caminho de Risco e Santidade

A paternidade e maternidade simbólicas refletem, em parte, uma sociedade que busca afetos sem dor, vínculos sem responsabilidade, amor sem compromisso. O uso de rebornes pode ser compreensível em certos contextos terapêuticos, mas sua adoção como prática permanente denuncia um esvaziamento das relações humanas reais, inclusive no campo da fé.

À luz das Escrituras, ser pai ou mãe não é um sentimento protegido, mas uma vocação de entrega real

A Igreja, como comunidade, deve responder a esse novo fenômeno com acolhimento pastoral, mas também com convites à maturidade emocional e espiritual: adotar, cuidar, conviver, ensinar — mesmo quando isso exige renúncia.


Referências

  • Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Cadastro Nacional de Adoção. 2023.
  • Revista Psychiatry Research, vol. 296, 2021.
  • Winnicott, D.W. (1953). Transitional Objects and Transitional Phenomena.
  • Bíblia Sagrada, versões diversas.
  • Fórum Nacional da Infância e Juventude, Relatório 2023.

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