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Papiro 7Q5 e a Datação do Novo Testamento

Qual o impacto da descoberta do P7Q5 para a Teologia Liberal?



 
[Fotocópia do P7Q5]


Um dos mais importantes achados da Arqueologia Bíblica é o chamado Papiro 7Q5. Pelas polêmicas que gerou, é pouco comentado pela crítica liberal quando se escreve acerca da datação dos escritos neotestamentários. Porém, muitos outros têm visto nesse fragmento uma ferramenta que se bem usada pode quebrar muitos paradigmas acerca da composição do Novo Testamento.

De que se trata o 7Q5?

O papiro 7Q5 (figura ao lado) é a designação para um fragmento de papiro descoberto na cova 7 na comunidade de Qumran. A significância desse fragmento é derivada do argumento feito por Joseph O'Callaghan em seu trabalho ¿Papiros neotestamentarios en la cueva 7 de Qumrân? em 1972, possteriormente reafirmada e expandida pelo estudioso alemão Carsten Peter Thiede em seu trabalho The Earliest Gospel Manuscript? em 1982. A afirmação destes eruditos é que o antes não identificado 7Q5 é na verdade um fragmento do Evangelho de Marcos, capítulo 6 versos 52-53.
Papiros de Qumran tidos como fragmentos dos escritos neotestamentários
Esta descoberta é significativa pelo fato de que os achados de Qumran são correspondentes ao período anterior à queda do Templo em 70 dC. A extensa biblioteca escondida nas cavernas do Mar Morto foi colocada ali talvez pelos essênios, para protegê-la do desastre que viria sobre a Judéia. Como se tem provado, se esse papiro e também o 7Q4 são realmente fragmentos do evangelho de Marcos e respectivamente, de uma Carta Pastoral, alteram-se todas as pressuposições liberais sobre data da autoria do Novo Testamento, principalmente sobre as Cartas Pastorais (1 e 2 Timóteo e Tito), cuja datação se tem estebelecido insistemente para os dias do segundo século, negando assim, a autoria paulina das mesmas.
Organização e espaço das letras do Papiro, que mais tarde foram preenchidas por O'Callaghan & Thiede
Solicitamos permissão ao erudito Pe. André Paul Hébert, para a publicação de seu valioso artigo acerca da importância deste grande achado para o meio teológico e sua implicação direta para a teologia bíblica. Pe. André Paul é um respeitado erudito e autor reverenciado no meio teológico. Tenho como minha uma obra de sua autoria (O que é Intertestamento, Paulinas, 1981) e posso afirmar que desde ha muito me tenho como seu adimirador. Como resposta, segue o registro do e-mail do autor Pe. André Paul Hébert, na terça feira do dia 24 de novembro de 2009:

"Amado Irmão Claudio,

Agradeço ao Pai do Céu por ter tido a iniciativa de divulgar o nosso site na sua página na Internet. Peço a Deus a mais ampla divulgação do meu artigo (que existe também em forma de livro), pois estamos colocando em diálogo a razão e a fé para o encontro da Verdade que é Jesus Cristo, isto para o bem da humanidade. Peço ao Pai que o Espírito Santo continue o iluminando neste seu perscrutar as Escrituras Sagradas.

Irmão Pe. Paulo, André".
Com a permissão do autor, colocamos o artigo à disposição de todos em nossa página. Não podemos dizer que é uma teoria confirmada, ou expressando melhor, completamente aceita, mas vale a pena disponibilizar o texto aos que se interessam pelo tema, que é fascinante, a fim de que tire suas próprias conclusões. Diante dos abusos da crítica liberal contra a autenticidade dos escritos apostólicos, nada mais justo que também ler uma outra versão mais coerente com as recentes descobertas da Papirologia e da teologia bíblica.

Em resumo, o artigo de Pe. Paul parte de uma interrogação. Tendo sido aceitas as descobertas recentes da Papirologia (O´Callaghan & Carsten Peter Thiede), o autor deste artigo procura situar os escritos do Novo Testamento no tempo e no espaço. Ele propõe novas datas para os escritos do Novo Testamento, agora buscando fundamentos bíblicos que apoiem essa visão. Desse modo, pergunta-se: teria J. A. T. Robinson razão ao situar todos os escritos do Novo Testamento antes da destruição de Jerusalém no ano 70?

Vale lembrar que não concordamos com todo o conteúdo do artigo, especialmente a parte que se refere à interpretação profética. Fácil notar que o autor se vale dos pressupostos da escola preterista em sua interpretação. Com a devida vênia ao autor Pe. André Paul , cremos de nossa parte que tanto a noção do tempo quanto a compreensão das personagens do Apocalipse serão melhor interpretados pela proposta historicista. Assim, os 1260 dias mencionados pelo autor, quando trata do Apocalipse de João, podem ser, na verdade, 1260 anos de perseguição religiosa imposta por Roma em sua fase cristã; a besta seria o poder politico religioso de Roma no periodo medieval, e as Duas Testemunhas seriam os testemunhos da Antiga e da Nova Aliança (cf. Jo 5:39 e Mt 24:14), as Escrituras Sagradas, proibidas para o uso do povo durante o período da Idade Média. O pano de saco das respectivas Testemunhas são símbolo de tristeza e luto diante da morte espiritual do povo sem a Palavra de Deus.

Uma leitura mais abrangente acerca do P7Q5 pode ser encontrada em:

TERRA S.J., Dom João Evangelista Martins. Papiro 7Q5 de Qumran e a Nova Datação dos Evangelhos Sinóticos. In: Cristo em Marcos - Revista de Cultura Bíblica (RCB), n. 81/82, Edições Loyola, São Paulo, 1997. pág. 65-93.

Na falta deste rico material em revista, pode-se ler um artigo excelente no blog do Enos Dias de Castro, clicando aqui.

Material em inglês, clique aqui.

Para ler o artigo do André Paul, clique aqui e tire conclusões.

Cite a fonte:
http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com

2 comentários:

  1. Sou cristão e estudante da bíblia, mas à vezes me sinto incomodado por ter que estudar sobre um Deus, que deveria estar vivo e presente, de maneira arqueológica.

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  2. Muito bom! Excelente informações. Permita-me indicar um bom conteúdo sobre a datação dos séculos: http://geografianewtonalmeida.blogspot.com.br/2013/03/datacao-contagem-dos-seculos-exercicios.html

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