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O Homem de Giz: A Religião Torna Uma Pessoa Boa?




Nesse início de sábado, 03 de Abril de 2020, gostaria que você pensasse um pouco comigo. A questão é: Você acha que a mera religião torna uma pessoa melhor? Enquanto pensava sobre isso, me lembrei do best-seller O Homem de Giz, da escritora inglesa C. J. Tudor.

Essa autora ganhou fama e admiração através desse Thriller de suspense que lhe rendeu até mesmo a honrosa comparação com o aclamado escritor norte-americano Stephen King.

A narrativa dessa obra, repleta de flash backs, apresenta uma história dramática contada por um garoto de nome Eddie Adams. Ele apresentará fatos relacionados aos dias de sua infância vivida na década de 1980, e sua relação com o seu tempo presente, no ano de 2016.

A história é bem gostosa de ler pois além da habilidade da autora, o fato é que muitos de nós vivemos um pouco dessa época passada, com aventuras adolescentes marcadas por certo grau de inocência, embora regidos e vigiados por uma moralidade conservadora, que nem sempre era muito coerente. E esse é o ponto específico que me chamou a atenção nesse livro.

Em determinado ponto da história, surge o Reverendo Martin, um homem marcado com essa característica do moralismo severo. Movido pelo seu radicalismo religioso, em determinado momento ele movimenta suas forças para perseguir uma mulher em razão de seu trabalho numa clínica de aborto. Ele lidera um grupo de fiéis de sua congregação, que ameaçam aquela mulher e apedrejam a casa dela, na tentativa de intimida-la.

Mas o ponto a destacar é que logo mais a frente a história revela que o dito Reverendo tem um caso secreto com uma jovem que logo depois se engravida dele. É a partir desse momento que o leitor percebe o quão hipócrita aquele religioso era e de como sua religião era apenas uma fachada para esconder sua capacidade de cometer os atos mais grotescos.

Mais páginas adiante, esse tal reverendo sofre um ataque e fica em coma em um hospital. Aí, no instante em que você é tentado a vibrar com a sua desgraça, acontece o impensável. Quando toda a congregação daquele Reverendo lhe vira as costas, apenas uma pessoa passa a visita-lo com regularidade, sem nunca faltar, todas as semanas. E essa pessoa não era um fiel da sua congregação nem seus ajudantes devotos. Era justamente a mulher que fôra perseguida por ele.

As pessoas comentarão o fato e não entenderão os motivos daquela atitude, pois aparentemente, os dois se odiavam. Sim, havia muito ódio naquela relação. O Reverendo Martin a xingava e falava coisas horríveis acerca daquela mulher todos os dias.

Mas quando questionada pelo filho (que se apresenta como o próprio narrador da história) sobre o porquê de suas atitudes, ela simplesmente responde: "Esse é o ponto, você precisa entender que ser uma pessoa boa não é cantar hinos ou orar. Não se trata de ostentar uma cruz, ou ir à igreja todo os domingos. Ser uma pessoa boa tem a ver com a maneira com você trata os outros. As pessoas boas não precisam de religião para fazer o que é certo, porque sabem no seu íntimo que estão fazendo a coisa certa."

Sabe, meu querido irmão e minha querida irmã, esse livro é apenas uma obra de ficção, mas muito adequada para nos falar sobre a dura realidade que se oculta sob o manto da hipocrisia religiosa.

E onde quero chegar com essa análise literária? O que eu gostaria de deixar para você não é uma recomendação de leitura desse livro (que embora sendo ficção é muito bom) nem uma negação da importância da religião, mas sim, uma reflexão sobre a carência de mais autenticidade em nossa religiosidade.

Nos evangelhos percebemos Jesus bem perto dos pecadores contritos, ajudando muitos a chegarem ao arrependimento, como ocorreu com a samaritana em João 4 e a mulher pecadora em João 7. Mas a uma elite que buscava uma religião com base na aparência, ele fez o seu mais duro discurso em Mateus 23. Ele advertiu inclusive que eles eram como sepulcros caiados, bonitos por fora mas podres por dentro (Mat 23:27). Jesus não tolerava a hipocrisia religiosa. Alguns dos piores registros sobre crueldade no trato com pessoas estão ligados ao comportamento de religiosos na Idade Media. A Inquisição está aí para nossa vergonha.

Então, respondendo à questão inicial: não! A mera religiosidade não torna a pessoa boa. Para escândalo nosso, muitas vezes, há até ateus e adeptos da não-religião que podem ser melhores do que muitos crentes ou guias religiosos. Não falo aqui da questão soterológica, quer dizer sobre a doutrina da salvação. Falo de comportamento. Para sermos corretos temos de ter emoções sadias, mente equilibrada e modelos adequados.

Sobre isso, se por acaso nosso comportamento não estiver adequado, busquemos do Eterno a graça prometida em João 3:5. Clamemos por conversão, mudança de rumo. É possível experimentar isso hoje, pela fé e pela entrega pessoal. POdemos buscar o modelo também de Jesus. Ele sim, sabia tratar bem todas as pessoas. Ele era bom em todas as circunstancias, para com todos.

Finalmente, nenhum religioso poderá chegar ao ponto de dizer que vive a bondade do Eterno se não souber, antes de tudo, amar de coração e suportar as debilidades de seu irmão. E isso, apenas Jesus pode nos ensinar a fazer. Ele guiará nossa consciência, para agirmos da forma coerente com a nossa confissão de fé Nele.

Talvez seja esse um dos propósitos de vivenciarmos o sofrimento de forma mútua: para aprendermos a condoer-nos de nosso próximo, olhar para o lado e menos para nós mesmos.

"Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor." - 1João 4:8.

#PensandoNisso, um bom sábado, com sinceridade e com alegria.

- Pr. Sampaio 🙂
Afonso Cláudio/ES
03/04/2020.


Cite a fonte = http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com

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