Palavras-chave: natureza de Jesus, humanidade de Cristo, natureza pré-lapsariana, natureza pós-lapsariana, Ellen White, teologia adventista, Jesus sem pecado, Bíblia, redenção, estudo bíblico
Afinal, Jesus era exatamente como nós, incluindo nossa natureza pecaminosa?
Essa é uma das questões mais debatidas no meio cristão, e isso inclui o adventismo. Quando pensamos na humanidade de Cristo, surge naturalmente a dúvida: ao se encarnar, Jesus assumiu a mesma condição que herdamos após a Queda moral de Adão, incluindo a inclinação para o pecado?
A Controvérsia
Ao longo da história adventista, essa tensão tem dividido estudiosos. Por um lado, teólogos a exemplo de Herbert Douglass defenderam que Cristo assumiu a natureza pós-lapsariana, ou seja, a mesma condição da humanidade após a Queda, com todas as suas fragilidades e tendências. Para Douglass, isso faria de Jesus um exemplo realista para nós, provando que é possível vencer o pecado mesmo em uma natureza caída (Douglass, Chosen to Be God's Prophet, 1999).
Por outro lado, autores como Edward Heppenstall argumentaram que Jesus assumiu uma natureza pré-lapsariana, semelhante à de Adão antes da Queda — livre da inclinação ao mal — para preservar sua plena santidade e aptidão como Salvador. Heppenstall destacou que, se Cristo tivesse herdado a propensão ao pecado, sua vitória poderia ser vista como contaminada pela mesma corrupção que Ele veio redimir (Heppenstall, Our High Priest, 1954).
Diante dessas visões contrastantes, é fundamental buscar clareza naquilo que a Bíblia e os escritos de Ellen White — bastante reverenciados no meio adventista — realmente ensinam. Mesmo reconhecendo a complexidade do assunto, não é preciso muitos textos para chegar ao verdadeiro entendimento.
A Perspectiva Bíblica
A Bíblia é bastante clara ao descrever o estado do ser humano caído. Textos como Salmo 51:5, Romanos 3:10, Jeremias 17:9 e Efésios 2:3b traçam um retrato desolador da condição humana. Este último, por exemplo, afirma que “por natureza, somos filhos da ira”. Isso mostra que o homem, desde o nascimento, já carrega uma inclinação natural para o pecado.
Em contraste, as Escrituras atribuem a Jesus uma condição única desde sua concepção. Diferentemente do homem comum, concebido em pecado (Sl 51:5), Ele foi chamado de “Ente santo” ainda no ventre de Maria (Lc 1:35). Hebreus 7:26 reforça essa distinção ao declarar que Jesus era “imaculado... separado dos pecadores”.
A Perspectiva de Ellen White
Ellen White, uma das principais vozes do adventismo, também reconhece essa distinção em seus escritos. Em diversas declarações, ela afirma que Cristo, embora humano, não possuía uma natureza pecaminosa. Duas delas:
“Cristo não tinha natureza pecaminosa.” — Signs of the Times, 29 de maio de 1901.
“Nem por um momento existiu nEle uma propensão má.” — SDABC, vol. 5, págs. 1128 e 1129, Carta 8, 1895.
Contudo, a autora também afirma que em sua encarnação Jesus assumiu tanto a natureza divina e santa quanto a natureza física do homem caído —ou seja, um corpo sujeito às limitações e fraquezas causadas pelo pecado:
“A natureza de Deus, cuja lei tinha sido transgredida, e a natureza de Adão, o transgressor, se reuniram em Jesus — o Filho de Deus e o Filho do homem.” — SDABC, vol. 5, págs. 1128 e 1129, Carta 8, 1895.
Harmonizando a Questão
Assim, compreendemos que Cristo era semelhante a Adão antes da Queda em sua pureza interior — sem inclinação ao mal, sem propensões pecaminosas — e semelhante a Adão após a Queda em sua condição física, sujeito aos efeitos do pecado, como a fome, a sede, o cansaço, a dor e o medo.
Simplificando numa frase, pode-se afirmar que em sua humanidade Jesus foi fisicamente afetado pelo pecado, mas não moralmente infectado por ele.
Essa compreensão se harmoniza com Hebreus 2:17, onde se afirma que Jesus foi feito "em tudo" semelhante a nós (i.é, em sua carne, cf. Hb 2:14), e com Hebreus 7:26, que reforça seu caráter distinto ao chamá-lo de “separado dos pecadores”.
Conclusão
Concluindo, podemos afirmar que Jesus foi verdadeiramente humano, mas não pecador. Embora tenha assumido a nossa natureza física marcada pelas limitações do pecado, jamais compartilhou de nossa contaminação moral. Sua vida pura e santa, mesmo em meio às debilidades humanas, é o fundamento de nossa esperança e o perfeito mediador de nossa redenção. Cristo se identificou conosco ao máximo, sem, contudo, comprometer sua santidade e pureza. E é justamente isso que o torna nosso perfeito Salvador.
Referências:
- Douglass, Herbert E. Chosen to Be God's Prophet. Pacific Press Publishing Association, 1999.- Heppenstall, Edward E. Our High Priest. Review and Herald Publishing Association, 1954.
- White, Ellen G. The Seventh-day Adventist Bible Commentary, Vol. 5. Review and Herald Publishing Association, 1957.
- White, Ellen G. Signs of the Times, 29 de maio de 1901.
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