Header Ads

Paulo e as Metáforas do Apostolado: Uma Avaliação do Ministério

 
Por Claudio S. Sampaio
Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento.Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é suficiente para estas coisas? Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus”.(2Coríntios 2:14-17).
 
Nessa exposição das características do verdadeiro apostolado, no capítulo 2 da sua Segunda Carta aos Coríntios, Paulo se vale de metáforas. Essas metáforas, tão ricas de sentido, quando analisadas com cuidado, lançam luz especial sobre nossa compreensão do caráter do autêntico apostolado, frente aos enganos dos falsos apóstolos, bem como também ajudam a provar a autenticidade dos ministérios nos dias de hoje.
 
De que modo Paulo as apresenta?
 
1. Primeiro, ele estabelece a cruz de Jesus como o lugar da glória do verdadeiro apóstolo. Como em Jesus, que mostrou sua força em seu aniquilamento, e por meio dela salvou a todos, assim, o verdadeiro missionário buscará a glória escondida na cruz e no sofrimento (cf. 2Coríntios 2:4-5). Ele segue “levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a Sua vida se manifeste em nossa carne mortal” (2Coríntios 7:10). Não busca a ostentação e nem vantagens financeiras (2Coríntios 11:9). Não sem razão, Gerhard Barth afirma que a teologia crucis surge sempre no âmbito da polêmica. Tal é o caso aqui. Pois diante de falsos apóstolos, Paulo deixa claro que o apostolado vai além da aparência de uma glória exterior. Ele terá sua referência e reflexão para a apresentação da verdade e a sua vivência, a cruz de Jesus. O verdadeiro apóstolo estará sempre crucificado com Cristo (Gálatas 6:14).


2. Em seguida, Paulo também se vale da metáfora da procissão triunfal.
 
Naqueles dias, era comum a prática das procissões triunfais pelos generais quando retornavam vitoriosos, da guerra. Nessas ocasiões, uma longa procissão entrava pelos pórticos de Roma, e uma longa fila de cativos de guerra era apresentada como um troféu de vitória do general vitorioso. Neste particular, Paulo explora o simbolismo: Em lugar de se colocar como uma autoridade que governa a Igreja pela sua própria força ou astúcia, Paulo afirma que o seu lugar é como um escravo que foi cativado por Jesus. “Graças a Deus que sempre nos conduz em trunfo” (2Coríntios 2:14). Na verdade, para Paulo, o modelo e guia supremo da Igreja é Cristo. Ele, Jesus, segue à frente, como General vencedor; ele, Paulo, segue o cortejo apenas como prisioneiro conquistado, cujo único dever agora é servir àquele que o cativou, seja para a vida, seja para a morte.
 
3. Na seqüência, Paulo se vale da metáfora do “bom perfume”.
 
Somos como o “bom perfume de Cristo” (2Coríntios 2:15), diz Paulo. Alguns se perguntaram acerca de qual perfume trata o apóstolo aqui. Uns afirmam a idéia do Sacrifício cultual, apresentado pelos sacerdotes no Templo de Jerusalém. Isso porque assim como o sacrifício se consumia no altar, para comunicar a idéia de salvação aos adoradores, assim também o verdadeiro Apóstolo estaria se consumindo para Deus e nesse seu consumir-se, comunicava a graça salvadora de Deus em Cristo. Para outros, a referência aqui seria ao incenso queimado pelos incensadores nas procissões triunfais. Nessa perspectiva, pode ser que Paulo comunicasse a idéia do incenso que ascendia ao general triunfante durante o cortejo triunfal e anunciava aos cativos, duas verdades: Para alguns que haviam ganhado a simpatia dos vitoriosos, a liberdade e a vida, ao passo que para os outros destinados à morte, era sinal da proximidade de sua execução. De qualquer modo, para Paulo, esse perfume é “o conhecimento de Deus em Cristo”. E para ele, esse conhecimento era revelado em sua mensagem e na sua própria vida que refletia a vida e o sacrifício de Jesus, e desse modo, era também um perfume que se espalhava. Seu cheiro dividia os que participavam de sua mensagem, seja para a vida ou para a morte. O ponto decisivo seria a fé: Vida para os que aceitavam o seu testemunho apostólico, e morte para aqueles que rejeitavam.
 
4. Paulo finaliza apresentando-se como um obreiro incapaz.
 
Ele se qustiona: quem é capaz para tão grande obra? (2Coríntios 2:16). De fato, ao contrário dos falsos apóstolos, cheios de astúcias, Paulo não se julga capaz para sua obra. Ele diz que alguns tomam a responsabilidade nas mãos, e por isso são impróprios para tão grande tarefa. Eles estão vendendo a Palavra de Deus pela busca do status e dos aplausos do mundo, focados na glória meramente humana. Ele, contudo, age apenas “em cristo” na “presença de Deus” “com sinceridade” da “parte do próprio Deus” (2Coríntios 2:17), ou seja, seguindo não sua vontade, mas o desejo de Deus, para a glória de Deus. E esse era, definitivamente, o seu triunfo.
 
Ao avaliarmos nosso ministério ou serviço na causa do Senhor, tenhamos em vista essas imagens de Paulo, que possuía a cruz de Jesus e o Seu sofrimento, que se desgastava como um servo, que se ofertava como um incenso, e que se colocava sempre em sinceridade, diante de Deus e dos homens.
 

Bibliografia

 
COMBLIN, José. Comentário bíblico segunda epístola aos coríntios. São Paulo. Imprensa Metodista/Sinodal/Vozes, 1991.
 
WHITE, Ellen G. Atos dos Apóstolos. 3ª. Edição. Santo André, SP. Casa, 1976.
 
BARTH, Gerhard. "Ele Morreu por Nós": a compreensão da morte de Jesus Cristo no Novo Testamento. São Leopoldo, RS. Sinodal/IEPG, 1997.










cite a fonte

http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com

Nenhum comentário

Sua opinião é importante para mim. O que você pode acrescentar? Entretanto, observe:

1. Os comentários devem ser de acordo com o assunto do post.
2. Avalie, pergunte, elogie ou critique. Mas respeite a ética cristã: sem ataques pessoais, ofensas e palavrões.
3. Comentários anônimos não serão publicados. Crie algum nome de improviso para assinar o escrito, caso não queira se identificar.
4. Links de promoção de empresas e sites serão deletados.
5. Talvez seu comentário não seja respondido imediatamente
6. Obrigado pela participação.