O Dia dos Namorados tem diversas versões para sua origem. Uma delas, e particularmente a que mais gosto, remete a um dia dedicado ao mártir cristão, denominado São Valentim. Em sua origem, era um dia separado para o jejum. Nos dias de hoje, curiosamente, se convida para o jantar!
São Valentim foi um bispo
da igreja que viveu nos dias do imperador Cláudio II. O reinado de Cláudio II
durou apenas dois anos (268 – 270 AD) e foi marcado por conflitos com a igreja por não só
incentivar o culto ao Sol, como também por coibir a prática
do matrimônio. Considerando que os homens poderiam ter melhor desempenho nas
guerras pelo império, se permanecessem solteiros, o imperador decidiu pela interdição da igreja para realização
de casamentos.
Todavia, Valentim,
que nesse tempo era um bispo da igreja, não apenas contrariou a lei imperial, prosseguindo na
realização do rito, como até mesmo chegou a se casar, secretamente. Como consequência, foi preso e condenado à morte.
Conta-se que mesmo na
prisão, Valentim prosseguiu influenciando o povo. Enquanto preso, recebia
cartões e flores de jovens que escreviam afirmando que ainda acreditavam no
ideal do matrimônio. Ali também teria se enamorado de uma jovem prisioneira,
para quem escreveu uma carta de despedida, no dia de sua morte, na qual assinou
como “De seu namorado, Valentim”. Daí a
tradição das cartas, cartões, flores e presentes entre casais nesse dia, que
passou a ser dedicado aos namorados.
Nos EUA e na Europa a
data é celebrada no dia 14 de fevereiro, definido como sendo o da morte de
Valentim. Mas também se relaciona com a
véspera de Lupercais, as memoráveis festas celebradas na Roma Antiga em honra a
Juno e e Pan (deuses protetores dos casais e da natureza). Na noite anterior ao dessa festividade, era
costume dos rapazes escreviam nomes de moças em pequenos papéis para tirar a
sorte. O nome sorteado seria o da futura esposa. E as mulheres que desejavam
engravidar-se se deixavam chicotear pelos sacerdotes que nesse dia passavam pelas ruas, armados
de chicotes de couro. Mas isso é passado e as mulheres de hoje preferem chocolates e flores!
No Brasil, a data da
celebração do Dia dos Namorados foi definida como sendo 12 de junho. Isso por
ser vésperas do dia de Santo Antônio, considerado como o “Santo Casamenteiro”, na
tradição católica. Nesse dia, o comércio
se vale de um marketing intenso para que haja compra de presentes entre os
casais. Há troca de cartões, de flores, café da manhã e presentes diversos.
Apesar do aspecto
consumista que envolve a comemoração da data, pode-se dizer que essa prática de
demonstrar afeto por meio de presentes é saudável para os casais. Dar um presente é sempre uma maneira de
demonstrar certa disposição ao sacrifício pelo outro e é de certo modo, uma forma de confirmação. A Bíblia, inclusive, narra lindas histórias de diversos casais que
demonstraram de forma surpreendente a intensidade do amor que sentiam um para o
outro por meio de gestos de sacrifício.
Uma das que eu considero
surpreendentes, e que exemplifica de modo excepcional a intensidade do amor
entre jovens namorados, e sua disposição ao sacrifício, é a história de Jacó e Raquel, relatada em Genesis 29. Conta-se
que ao sentir-se enamorado pela jovem serrana, trabalhou Jacó sete anos pelo dote, a fim de
recebê-la por esposa das mãos de Labão. Ao fim dos anos de
trabalhos, foi enganado pelo sogro, e recebeu sua irmã Lia. Mas tamanho era o amor por Raquel, que trabalhou
Jacó mais sete anos, para recebê-la. A Bíblia diz: "Assim serviu Jacó
sete anos por causa de Raquel; e estes lhe pareciam como poucos dias, pelo
muito que a amava. Gênesis
29:20."
O célebre poeta lusitano Luiz
de Camões escreveu um belo soneto, em referência a essa história de amor. Cito:
"Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: — Mais servira, se não fora
Por tão longo amor tão curta a vida!"
Dia dos Namorados
está aí. Talvez alguns não tenham valores a doar, mas como Jacó, poderão
encontrar uma maneira de demonstrar o afeto para seu/sua amado/a. E Isso, por
algum gesto de amor desinteressado ou algum ato que demonstre sacrifício e
preferência pelo outro, mesmo em detrimento de alguma vantagem que teria para
si mesmo.
Eu mesmo, que não pretendo trabalhar sete anos, deixo aqui uma homenagem a minha eterna namorada, Cleusa, a quem, por questões de carinho, desde nossos primeiros encontros, achei por bem chamar de Keu. O Soneto é de minha composição e foi escrito quando ainda namorávamos, antes do nosso casamento, que já dura dez anos.Naquele tempo, namorávamos à distância, e só nos víamos de três em três meses.
Soneto para Keu, minha eterna namoradaDe tanto amar-te e por querer-te tantoDe mim até me esqueço e me enclausuroNeste modo imprudente e inseguroDe me perder somente em teus encantos.A tudo o mais me nego e te procuroE é tamanha esta vertigem que me espantoMas me alijo de temer o desencantoE de promessas vou tecendo meu futuro.Promessas de afeto e de ternurasO teu toque em meu corpo anunciaQuando eu mesmo sonho te acompanho.E mergulhado nesse abismo de loucurasEu caminho pelo céu à luz do diaImaginando ser real o que é um sonho.
Ao meu amor, eu digo: Valeu a pena todos estes anos contigo. Aos demais enamorados,
minhas felicitações nesse dia: Feliz dia dos Namorados. [Claudio Soares Sampaio].
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disponível para copilação e publicação, desde que não se altere o texto e a fonte seja citada:
http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com
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