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Da Literatura Para o Cinema: Dois Filmes Inesquecíveis



O que é melhor para um dia de lazer? Um bom livro ou um bom filme? E que tal juntar os dois? Para mim, sempre quando chega o dia de recesso de minhas atividades (segunda-feira), uma das coisas que me trazem descanso mental é assistir a um bom filme. E a meu ver, uma das temáticas mais interessantes que vieram da literatura para o cinema foi a das viagens no tempo. Tive oportunidade de assistir filmes memoráveis com base nessa proposta. E hoje nessa segunda feira quente de setembro, enquanto pensava em uma escolha para o dia, fiz um regresso no tempo e me lembrei de dois filmes memoráveis,  adaptado de dois grandes clássicos da literatura que muito me impactaram. Para mim, o que pesa em um bom filme é a qualidade da produção, a riqueza da história, além da boa interpretação dos atores. Mas é uma idiossincrasia minha a tendência de sempre rever os clássicos, quando tenho à disposição uma variedade de novidades. E tendo oportunidade, penso também que quem não viu, deveria ver; quem já viu, "vale a pena ver de novo".

Comecemos, então pelo começo: "The Time Machine" ("A Máquina do Tempo"), datado de 1968, primeiro filme acerca do tema, oriundo da grande obra do prodigioso H. G. Wells.

1. A máquina do Tempo, 1960



O primeiro a abordar o tema da viagem no tempo, na literatura e o responsável por influenciar essa temática no mundo do cinema foi o famoso escritor H. G. Wells, com sua obra "The Time Machine" ("A Máquina do Tempo", 1895). Ambientado no século 19 (1899), a obra de Wells se desenvolve em torno de um personagem denominado simplesmente de Viajante do Tempo, que cria uma máquina que possibilita uma viagem através do tempo. Ele então reúne seus amigos e faz uma demonstração, com uma miniatura que desaparece sem deixar vestígios. Para provar que não se trata de uma trapaça, mostra-lhes em seguida a máquina original e realiza uma viagem no tempo, desaparecendo diante deles. Quando reaparece, está com suas roupas em farrapos e corpo ferido. Ao narrar sua aventura pelo tempo, é desacreditado pelos seus companheiros, o que o leva a uma nova viagem, sem previsão de regresso. Toda a história vivenciada pelo Viajante do Tempo vem da narrativa de um de seus amigos, e compõe o núcleo do livro.

Essa grandiosa obra de H. G. Wells foi a base do primeiro filme que se desenvolveu com a temática da viagem no tempo no mundo do cinema. No filme, o Viajante do Tempo recebe o nome de George (protagonizado por Rod Taylor) e começa sua experiência pelo espaço com viagens curtas de poucos segundos, avançando em seguida para minutos, horas, dias, semanas e por fim, para anos. Sua utopia é alcançar um tempo em que o mundo tenha alcançado a paz para todos. Em seu turismo temporal, o personagem visita as duas grandes guerras (1914 e 1940), e vê máquinas incríveis, como os aviões bombardeando cidades da Europa. A visão o deixa estupefato.



Quando George aciona a máquina para mais adiante, sua viagem que avança cerca de 800.000 anos no tempo, para um futuro distante, e chega a um tempo em que o mundo aparentemente é um local paradisíaco, habitado pelos "Elois". Mas o fascínio de George logo desaparece quando ele também conhece os "Morlocks", humanóides disformes que se alimentam da carne humana, e habitam no interior da Terra. Em meio à trama, George salva uma garota Eloi chamada Weena (Yvette Mimmieux) de um afogamento, e se envolve com sua causa, tornando-se líder na luta contra os Morloks. Em certo momento, descobre que sua máquina foi levada pelos humanóides, mas consegue recuperá-la com a ajuda de Weena, e avança para o futuro. O que vê o deixa assombrado: O mundo está repleto de criaturas monstruosas, semelhantes a caranguejos gigantes que tentam devorá-lo. Ao ir mais para diante, vê uma Terra completamente desolada e decide retornar para sua casa, próximo ao réveillon do ano de 1900. Ao contar suas aventuras, ninguém ousa desacredita-lo frontalmente, mas no fundo, ninguém acreditou nele. Frustrado, George retoma sua máquina e viaja para encontrar os amigos, pelos quais lutou, em um tempo que julga além do domínio dos Morloks, levando três volumes de sua biblioteca, que não são revelados. Quais seriam este livros, o autor não revela, deixando por conta da imaginação do espectador.

Estrelado por Rod Taylor e Yvette Mimmieux, o filme foi rodado em 1960 pelo cineasta britânico George Pal. Naquele tempo, The Time Machine rendeu um Oscar para Geene Warren e Tim Baar, pelos efeitos especiais, avançado para aqueles dias. O filme foi o grande clássico desse tema, originando outros, que não foram tão criativos, mas puderam expor as possibilidades e dificuldades de uma possível aventura pelo tempo. 

Mais recentemente, o filme teve um remake, no ano 2012, por Simon Wells, bisneto de H. G. Wells, com produção de Arnold Leibovit, e protagonizado por Guy Pierce. Apesar da notável modernização dos efeitos, como o designer dos equipamentos da máquina, se nota que o filme não supera o grande clássico de Pal. Há diversas alterações do roteiro original e do livro, tornando-o quase uma segunda versão do romance. Nesse remake, o motivo inicial das viagens pelo tempo pelo Viajante do Tempo é a vã esperança de evitar a morte de sua esposa. No original, a viagem efetuada pelo Viajante se baseia na esperança de que no futuro haja uma mundo de paz para todos. Em ambos os casos, as tentativas são fracassadas.


Uma das marcas interessantes tanto do livro quanto do filme é a perspectiva distópica que marca toda a sua narrativa.  No tempo em que Wells viveu, havia a proliferação do discurso socialista utópico, proclamando que o mundo poderia melhorar caso a sociedade se reestruturasse. Todavia, embora se considerasse um socialista utópico, a obra de Wells revela uma perspectiva de mundo pessimista, diante da atual realidade, dividida em classes. Talvez por isso ele tente, não apenas nesse romance, mas também em outros como A Ilha do Dr. Moreau, demonstrar a ideia da divisão de raças, estabelecendo a humanidade em dois grupos: Caça e caçador. Além disso, Wells, à semelhança de Julio Verne, foi capaz de escrever sobre as tragédias do futuro antes de conhecê-lo, como a visão das grandes guerras, com os bombardeios pelos aviões. Como poderia ter ele alcançado isso, não se tem explicação. Posteriormente, se converteu ao Cristianismo, abandonando a ficção.


Para mim, A máquina do Tempo não apenas se tornou o grande clássico literário, como também um filme memorável, que retrata de forma inegável a perspectiva negativa e sombria da natureza humana e para o mundo que sempre tenderá para a degradação. Interessante que já naquele tempo, Wells já se dedicava a discutir temas além de seu tempo, como a possibilidade de uma guerra nuclear e o abuso dos animais nos testes de laboratório. Seria possível que esses dois elementos presentes na obra de Wells teria influenciado o escritor Pierre Boulle, na composição de seu romance "La Planèt des Singes" (O Planeta dos Macacos), que também virou filme?


2. O Planeta dos Macacos, 1968



Seguindo a sequência da ideia de The Time Machine, e possivelmente influenciado por ele, penso que outro romance memorável que veio da literatura para o cinema trazendo a mesma temática foi "La Planète des Singes"(O Planeta dos Macacos), do romancista francês Pierre Boulle, escrito em 1963. Seguindo a mesma direção de Wells, Pierre Boulle também não promove uma utopia acerca do futuro em seu livro. Pelo contrário: Sua distopia se manifesta na visão de um tempo em que o mundo teria uma ordem invertida, colocando os animais como dominadores dos humanos, que em lugar de uma evolução experimentam um retrocesso social e coletivo.


No romance, um casal encontra uma mensagem dentro de uma garrafa, flutuando no espaço. O conteúdo da mensagem dizia de alguém que se entendia como o remanescente da raça humana. Na exposição de sua história faz referencia a um cientista que teria possibilitado uma viagem pelo tempo. O enredo se desenvolve quando Jinn, o astronauta que encontrou a garrafa com a mensagem e seu amigo, um médico chamado Levain fazem uma viagem temporal de 350 anos, mas que pela chamada "dilatação do tempo", parecerá aos tripulantes apenas 02 anos. 

Como Wells também descreveu em seu romance, ao chegar ao planeta, encontram uma guerra em andamento entre símios e humanos, sendo que agora, os símios são os dominadores, e os humanos se tornaram uma raça primitiva que não falam,  vivendo como os homens ditos "pré-históricos". Em grande parte, se tem a impressão que Boille teria copiado algo de Wells: Uma viagem pelo tempo, duas raças em conflito, o envolvimento da personagem por uma mulher primitiva, a liderança de Jinn na luta pela liberdade dos humanos escravizados pelos símios, etc. 

Depois de escapar dos macacos, Jinn retorna para a Terra no passado e a encontra também dominada por macacos. Ele então  retorna ao espaço com sua família, escrevem sua história em uma carta, e a lançam no espaço, dentro de uma garrafa. O final do romance é hilário: Quem encontra a garrafa desta vez é um casal de símios, que leem a carta e debocham da possibilidade de humanos serem capazes de ler, escrever ou navegar em espaçonaves. O livro termina com os macacos desacreditando na história de Jinn, pensando que fosse apenas uma piada contada por alguém.


O filme, adaptado do romance e realizado em 1968, segue a mesma sequência do livro, com pequenos ajustes. Uma das mudanças é o nome do personagem que é alterado para Taylor (Charlton Heston). Outra, que não consta a mensagem na garrafa, mas sim uma viagem espacial na velocidade da luz que leva o astronauta Taylor com seus acompanhantes a um planeta semelhante a Terra, alguns anos no futuro. Depois de horas andando pelo deserto, encontram vida inteligente: Surgem macacos montados a cavalo, perseguindo seres humanos com aparência da idade da pedra. 

Um dos melhores momentos  do filme para mim é aquele quando eles se encontram presos e têm contato direto com a aristocracia dos símios (os Orangotangos), que ficam chocados pelo fato de ouvir um humano que sabe falar. Ali, Taylor (também estupefato em ouvir macacos falando) ouve de uma chimpanzé que se enamora dele a lenda de sua civilização. 

Depois de muitas peripécias, Taylor finalmente consegue retornar ao seu mundo  acompanhado de sua namorada primitiva, Nova (Linda Harrison). Mas ao chegar ao seu mundo, uma surpresa o aguarda. Alguns afirmam que o final de Planeta dos Macacos é um dos mais originais de todos os tempos. De fato, é impactante.


O primeiro longa de Planeta dos Macacos foi rodado por Franklin J. Schaffner em 1968, com Charlton Heston no papel principal e Linda Harrison como coadjuvante. Posteriormente, teve um remake dirigido por Tim Burton em 2001 e estrelado por Michael Wahlberg. Alguns saudosistas, preferem o de Schaffner, todavia fico com ritmo mais acelerado e os bons efeitos de Burtom. Mesmo a grande surpresa do final do filme, um marco do cinema, é reinventado com uma genialidade impressionante!

Além do filme inicial, em 1968, outros vieram na sequência, para dar mais sentido à história:

"Beneath the Planet of the Apes" (De Volta ao Planeta dos Macacos ), 1970;
"Escape from the Planet of the Apes" (Fuga do Planeta dos Macacos), 1971;
"Conquest of the Planet of the Apes" (A conquista do Planeta dos Macacos, 1972;
"Battle for the Planet of the Apes" (A batalha do Planeta dos Macacos), 1973.

E quando se pensava que tudo já se havia dito acerca da saga idealizada por Boulle, em 2011, foi a vez Rupert Wyatt propor uma novidade. Era preciso que se desvendasse o por quê de tudo, a origem das coisas. Assim, tendo James Franco como protagonista, Wyatt apresenta em "The Rise Planet of Apes" (Planeta dos Macacos: A Origem) a história de César, um chimpanzé criado sob efeito de drogas de laboratório e que por ação destas desenvolve um Q. I. acima dos símios e acaba se tornando o líder de um bando de macacos presos em um Zoológico. 

Depois de roubar as drogas desenvolvidas para cura de doenças cerebrais, César as aplica no seu exército e lidera uma rebelião, criando um vínculo com a ideia original de Boulle. Um olhar atento sabe que no fundo o filme é uma adaptação ou modificação de "Conquest of the Planet of the Apes" (A conquista do Planeta dos Macacos, 1972), que retrata César como um macaco de circo domesticado, que acaba liderando a revolta dos macacos em um tempo que uma praga teria dizimado os cães e gatos, tornando os macacos bichos de estimação escravizados.


Planeta dos Macacos desde que foi lançado foi em todos os aspectos, um sucesso sem precedentes: Virou trilogia de cinema, série de TV, história em quadrinhos, desenho animado e até tema de música. Para mim, a série  foi uma das mais interessantes produções sobre a viagem no tempo, por conter o viés da crítica social contra o abuso dos animais, colocando a humanidade na "pele" dos bichos, em um tempo em que pouco se falava acerca desse assunto. Além disso, o evolucionismo invertido proposto no  filme permite uma leitura antropológica de vários ângulos. Memorável o viés religioso em certo momento do filme, que muito lembra o conflito entre ciência e religião. Por isso, a atualidade de Planeta dos Macacos tem uma atualidade que nunca se desgasta.

Concluindo


Para concluir, digo que além desses dois grandes marcos literários, há outros filmes acerca do tema viagem no tempo, e eu diria que nessa lista bem poderia constar "Back The Future" (De Volta Para o Futuro), escrito e dirigido por Robert Zemeckis em 1985, com parceria de Bob Gale no roteiro e protagonizado por Michael J. Fox e Cristopher LLoyd. Também poderia citar "Gounddhog Day" (no Brasil, "O Feitiço do Tempo"), do diretor Harold Ramis, lançado em 1993, protagonizado por Bill Murray e Andie MacDowell. Incluo também "Somewhere in Time" ("Em algum lugar do Passado"), de Jeannot Szwarc, com Christopher Reeve e Jane Seymour, de 1980. Ou ainda: "Time Changer" ("A Jornada"), de Rich Cristiano, com D. David Morin, de 2007. Mas o propósito aqui é tratar especificamente destes dois grandes marcos literários, de modo que os demais,  deixo como recomendação, apesar de que o último citado mereça um post à parte, sobre filmes cristãos. - [Claudio Sampaio].

http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com 
disponível para compilação, desde que a fonte seja citada

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