I. Gerhard Hasel (Ano: 1991, 4a Edição)
Avaliando a obra, pode-se notar alguns pontos fortes. Destaco a farta bibliografia, o rigor metodológico que segue um propósito bem definido, a estrutura da obra em partes que se interligam bem como a profundidade e erudição ao dialogar com todas as vertentes mantendo a ética teológica, ao reconhecer os elementos positivos de cada abordagem apresentada. Sua análise não se perde em um denominacionalismo piegas, apesar de defender a visão conservadora, mantendo uma perspectiva histórico/teológica do AT.
Como pontos fracos, se percebe o fato de não deixar bem claro a definição do método de abordagem, embora seja alusivo o uso do método Gramático- Histórico. A proposta canônica de tomar o livro em sua forma final tem o agravante de não especificar bem se sua postura se relaciona exclusivamente como uma resistência à a aridez das tentativas da reconstrução dos textos pela crítica liberal ou se tenciona evitar o debate com as literaturas deuterocanônicas e com as cosmogonias orientais que conflitam com os relatos bíblicos. Seja pela influência ou pela resistência, o AT tem relação direta com estas literaturas oriundas da cultura do Antigo Oriente Medio, e precisa haver diálogo.
Enfim, a obra é concisa e atende bem a proposta, a saber, introduzir o pesquisador no centro do debate acadêmico, além de mostrando ao mesmo tempo o rumo a seguir.
II. Paul House (Ano: 1998)
Pode-se notar os seguintes pontos fortes: O uso de uma linguagem acessível ao público proposto, sem perder-se nas terminologias e debates vagos, tornando a obra adequada para sua proposta. O estilo descritivo em sequência linear facilita o acompanhamento das ideias e propostas em torno do tema. Há equilíbrio nas avaliações, ao respeitar as contribuições anteriores, avaliando os pontos positivos de cada autor. Valoriza a autoridade das Escrituras e segue um plano bem definido.
Alguns pontos negativos também podem ser elencados: Embora bastante instrutivo em seu começo, House praticamente reescreve o conteúdo epistemológico da obra de Gerhard Hasel, o que faz sua leitura um tanto quanto repetitiva. Seu foco numa abordagem canônica pode levar a excessos, uma vez que sugere uma abstenção de análise dos livros deuterocanônicos, e abre um problema em relação ao questão do cânon, pois tanto os achados de Qunrã quanto o texto da LXX demonstram a existência de um cânon alternativo, em relação à Bíblia Protestante. Embora se note que esta não é a proposta do autor, há um risco de tender para o fundamentalismo ou mero biblicismo.
Enfim, a obra de House é uma obra que traz um sabor de novidade e traz um apelo à vivencia da fé por meio de espiritualidade genuína. Uma boa proposta, diante da aridez percebida em tantas obras em torno da matéria.
III. Walter Brueggmann (Ano: 1997)
A obra “Teología del Antíguo Testamento” de Walter Brueggmann (Ediciones Sígueme: Salamanca, 2007, 816 páginas), é uma obra atual em todos os aspectos e busca sistematizar sua proposta de acordo com as tendências hermenêuticas recentes, com foco no pós-modernismo. Para explicar os porquês de sua proposta, Brueggmann parte da ruptura histórica da disciplina para com o “Movimento de Teologia Bíblica” (Walther Eichrodt e G. Von Rad). Ele estabelece o ano de 1970 como o marco histórico do rompimento pelo fato de que neste mesmo ano ocorre a publicação da última obra de Von Rad e ao mesmo tempo se dá a publicação do livro de Brevard Childs com sua proposta antagônica, a Teologia Canônica. Apresenta a influência de James Barr, que ao lado de Childs vai estabelecer a necessidade de uma comunicação cognitiva na transmissão das Escrituras, que atendesse as necessidades da igreja. O fator definitivo, segundo Brueggmann, foi a obra “O Colapso da História” (1977), de Leo Perdue, que confronta o pensamento de Hegel, principal influenciador da “era Von Rad”. O dito “colapso”, de acordo com Perdue, teve como estopim a Segunda Guerra, que levou à rejeição do padrão histórico bem-ordenado de Hegel e abriu caminho para um pluralismo histórico, com base na individualidade de cada um. E é com essa visão pluralista que as propostas teológicas doravante deverão trabalhar. Apresenta propostas recentes, como o Planejamento Sociológico (Gotward), mas dá destaque à Crítica Retórica (Muilenburg e Ricoeur). Brueggmann entende que Perdue gera o “colapso” não só do “historicismo” como também dos pressupostos culturais que lhe davam apoio, para ceder lugar às variadas metodologias de colorido artístico, de olhar ecumênico, flexíveis, contextualizadas, e não-transcendentais, valorizando mais o discurso e estrutura do texto.
Alguns pontos fortes podem ser detectados, tais como a superação do discurso Histórico-Crítico, a valorização do pensamento e escrita judaica, a percepção de que a Teologia deve falar à comunidade, a tentativa de limites no discurso, na busca de um equilíbrio entre o criticismo rígido e a ênfase canônica.
Por outro lado, elementos negativos também afloram, tais como a proposta de que a visão de Deus deverá ser ditada de modo pessoal e particular. Embora seja severo para com o discurso crítico, cede à hipótese wellhauseana acerca das fontes. E por fim, propõe que a retórica das Escrituras não tem um fim definido e propósito certo. É apenas “literatura”.
Brueggmann é inovador e estrutura bem sua proposta. Ainda que chegue à essência do problema, não traz solução à ele, embora abra novas perspectivas para este tempo.
Concluindo
Estas foram minhas sugestões com base em minhas leituras recentes. Poderão entrar na lista outros volumes, a gosto de cada pesquisador. Mas estas são as mais acessíveis e que trabalham as questões epistemológicas recentes em torno da matéria.
Obs : A obra de Brueggmann será lançada no inicio de Agosto de 2014, pela Editora Academia Cristã, pelo preço de R $ 170,00
http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com
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