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A Queda do Rei - 2Samuel 11


Os recentes conflitos no mundo político, envolvendo o processo de impeachment da presidente da República do Brasil trouxe para a mídia a lembrança da conduta moral do presidente norte-americano Bill Clinton e seu envolvimento em um escândalo. Há 18 anos vinha à tona um caso que, mais tarde, entraria para a história dos Estados Unidos e que, por pouco, não derrubou o presidente.

Tudo começou quando o portal Drudge Report informou, já perto da meia-noite do dia 17 de janeiro de 1998, que a revista Newsweek estava investigando um suposto relacionamento e extraconjugal do presidente Bill Clinton com uma estagiária da Casa Branca, mas a reportagem teria sido vetada. Os rumores foram aumentando e, no dia seguinte, a personagem já tinha nome: Monica Lewinsky, 23 anos. Inicialmente, ela negou “ter qualquer relação sexual com o presidente”, mas, três dias depois, a imprensa já tomava conhecimento de fitas nas quais a estagiária conversava com uma amiga sobre o caso com Clinton.

O assunto dominou os noticiários e obrigou o presidente a se explicar. Ao lado da mulher, a hoje candidata a presidência dos EUA, Hillary Clinton, ele negou o até então suposto caso com a estagiária. “Eu não tive relações sexuais com essa mulher, Miss Lewinsky”, disse Clinton. Esta frase virou um bordão quando, meses depois, ficou provado o contrário. Clinton não só teve “relações sexuais” com a estagiária, como o fez no Salão Oval da Casa Branca. A confirmação se deu por Linda Tripp, amiga de Monica que gravou as confissões da estagiária e entregou as fitas ao procurador Kenneth Starr.

Clinton estava no meio de seu segundo mandato na presidência dos Estados Unidos e, por causa do escândalo, enfrentou um processo de impeachment que quase o impediu de concluí-lo. Starr levou o caso à Justiça e o presidente foi obrigado a confessar o relacionamento depois que a acusação apresentou no tribunal o vestido que Monica usava no dia da relação e que continha vestígios de sêmen. Sob o olhar de Hillary, Clinton admitiu ter mantido “relação física imprópria” com a estagiária – que teria sido apenas sexo oral.


Acusado por falso testemunho, Bill Clinton acabou absolvido pelo Senado dos Estados Unidos em fevereiro do ano seguinte. O presidente conseguiu concluir o mandato – deixando a presidência em janeiro de 2001 com altos índices de popularidade -, mas não escapou do julgamento moral em todo o mundo. Em 2004, Clinton publicou sua autobiografia – My Life – e confessou que o escândalo sexual e político foi “um pesadelo que virou realidade”. "O que mais lamento, além da minha conduta, é ter enganado a todos", escreveu.

Sobre o que seria exatamente a “relação física imprópria” que teve com Monica Lewinsky, Clinton deu poucos detalhes. Cita “contatos íntimos inapropriados” entre novembro de 1995 e fevereiro de 1997. "Estava enojado comigo mesmo por fazer isso e na primavera (boreal), quando a vi de novo, disse a ela que era ruim para mim, ruim para minha família e ruim para ela", contou. (Fonte: Portal Terra).

O que choca é que Bill Clinton era um homem aparentemente piedoso. Era protestante conservador, de tradição Batista. Como teria caído tão feio na imoralidade, expondo sua família?  O que isso nos ensina?

A história de Bill Clinton demonstra que até mesmo o homem mais poderoso pode cair, vítima de sua própria condescendência. Quantos jovens puros se perdem na caminhada na luta pela pureza! Quantos anciãos, e até mesmo pastores já fraquejaram e caíram para não mais levantar! Podemos citar aqui o caso de Jimmy Swaggart, que no auge de sua popularidade, se envolveu num escândalo envolvendo prostituição e desvio de dinheiro. Bons cristãos podem fraquejar. Bons reis podem cair. É isso que vemos, de forma explícita, quando lemos 2Samuel 11.

Veja que Davi era um bom rei. Era um fiel servo de Deus, desde sua unção até aquele dia do encontro com Bate Seba. A sua busca pelo desempenho de uma boa administração do reino se inicia desde 2Samuel 5, quando ele traz Deus para mais perto, conquista a capital de seu reino e administra com bondade e justiça, até o capítulo 10. A guerra na qual perece Urias em 2Samuel 11 é o desdobramento da guerra contra Amom, iniciada no capítulo anterior, na busca de expansão e proteção de seu reino contra a coalização dos siros e amonitas. Mas o que vemos é que enquanto vencia as hordas inimigas, munidas de escudos e espadas, Davi ignorava a outra guerra invisível na qual ele se encontrava inserido e por isso ficou cego para o impacto de suas decisões. O Grande Conflito espiritual era real na sua vida e nunca poderia ser ignorado.

Ao Ignorar isso, quando se chega ao capítulo 11, vemos que o perfil de um rei justo, generoso e fiel cai por terra no instante em Davi ignora seus deveres diante de Deus, de seus súditos e de sua família. A acusação de Natã será direta: Deus teria dado muito mais a Davi se ele desejasse e pedisse (2Sm 12:8). Mas ao cometer adultério com Bate Seba e enviar seu oficial ao encontro da morte, Davi se afasta da bênçãos da aprovação de Deus e caiu cada vez mais fundo em um abismo de corrupção moral e espiritual. O fim do capítulo 11 é o sinal de alerta: "Porém, tudo isto que Davi fizera foi mau aos olhos do Senhor" (2Sm 1:27b).

Mas o que Davi fizera que despertou essa fala do autor? O texto revela de forma clara as ações do rei através de vários verbos (indicadores de ação):

Os verbos dessa seção indicam Davi no pleno exercício de sua vontade, mas nenhum deles está direcionado para o bem ou para Deus. Ele "ficou" em Jerusalém e "enviou' Joabe e seus soldados quando os reis todos iam para a guerra (v 1). Ele dormia entendiado em seu leito, em plena tarde, quando seus guerreiros estavam enfrentando a morte nas terras de Amom, e quando se "levantou", e "viu" uma mulher se banhando (v 2), "mandou" perguntar sobre ela (v 3), "enviou" mensageiros para a trazerem ao palácio, se "deitou" com ela. Após descobrir que Bate Seba estava grávida "enviou" mensageiros a buscar Urias (v 6). Ele também "embebedou" (v 13) a Urias, "escreveu" uma carta de sentença contra seu servo (v 14), e por fim, "mandou buscar" a Bate Seba para ser sua esposa. Paul House (Teologia do AT, pg 309) afirma que no monarca "surgiu um desejo de poder, sexo, opressão e auto-indugência". Tantas ações demonstradas foram julgadas por Deus e foi proferida a sentença: "...tudo isto que Davi fizera foi mau aos olhos do Senhor" (2Sm 1:27b).

Quantas ações erradas! O problema inicial foi Davi e também o nosso sempre será a perda da visão de nosso dever de viver para agradar a Deus. Estamos numa guerra espiritual. Duas forças estão disputando nosso coração e influenciando nossas ações. As tentações serão sempre as mesmas, pois a base é nos levar a fugir do domínio da luz para descer ao abismo das trevas. O pecador sempre fracassa quando assume o governo de sua vida de forma independente de Deus. Daí surgem outras questões que aprendemos na queda de Davi:

1. A queda se inicia vem nossa falta de disposição de ocupar nosso papel dado por Deus. A correta administração da vida vem de nossa disposição de estar na presença de Deus, cumprindo o nosso dever diante dele. Se o orgulho é o pai, a indolência é a mãe de todos os pecados. Se não ocupamos nossa posição na guerra espiritual, descambaremos para o lado opositor. Por que Davi não foi para a guerra quando todos os reis sabiam de seu dever e estavam lá? Essa fraqueza abriu espaço para o mal sutilmente agir contra seu servo.

2. A nossa queda vem pela falta de vigilância em subordinar nossa vontade aos apelos do Espírito. Logicamente, o Espírito fala ao nosso coração lembrando-nos de nosso dever e responsabilidades diante de Deus. Eu penso que Davi se sentiu incomodado com a ideia de cair em pecado. Logicamente, ao ouvir os apelos do Espírito, ele mesmo escolheu ir para as inclinações da carne. Assim é conosco. Se seguimos a inclinação do Espírito, vencemos, se nos ensurdecemos, caímos.

3. A queda vem quando não percebemos o impacto de nossas pequenas ações que estão nos direcionando para as maiores loucuras. Percebemos que após a primeira falha moral que era espiar uma mulher alheia, Davi poderia ter recuado no momento que deu o passo seguinte, que foi no instante em que descobre que ela era mulher de um soldado seu. e por que não recuou quando viu que ela estava grávida? Cada passo foi dado por não perceber que o pecado é uma estrada larga, e tem um encanto que arrasta cada vez para um maior degradação. Na história do homem vemos isso. Pecado ocorre, começa com a fuga do homem, depois com a desconfiança mútua e depois com assassinato entre irmãos. Vemos na história do filho pródigo: primeiro a tentativa de livrar a autoridade do pai, depois a saída para longe dele, depois, o uso inadequado dos bens e finalmente, a moradia junto aos porcos da terra distante. Davi é como esse filho. vai dando passos sem calcular as consequências de cada ato que vai efetuando.

4. A queda vem quando, á medida que avançamos no abismo que se abre diante de nós, não reagimos com arrependimento. O arrependimento vem de nossa reflexão acerca do mal, pela nossa avaliação do peso de nossas ações. Ao saber o peso de nossas ações, e como elas contrariam a Deus e sua vontade para nós, ficamos tocados de tristeza e vergonha e voltamos atras. O ponto de nosso recomeço para o lado correto será sempre arrepender-se. Davi está endurecido. Ele age de forma premeditada e calculista e aparentemente, não sente nenhuma tristeza por cada ação praticada.

5. A queda vem quando nos cercamos de pessoas que não ajudam em nossa fraqueza e nos impedem no prosseguimento de nossos maus intentos. Perceba que Davi está agindo com a assessoria e apoio de pessoas próximas a ele. Ele pergunta a alguém quem era a mulher sedutora que havia espiado. Ele apenas diz que é casada e dá o nome do marido. Não há mais nada. Os demais, como os mensageiros que a buscam para o palácio, os que trazem o marido do campo de batalha, e até mesmo Joabe, todos ficam calados. Mesmo a mulher pecadora, por que não teria reagido? Porque não resistiu? Assim, pesa muito a inclinação moral daqueles que estão ao nosso lado. Quantas vezes uma boa palavra dita por uma pessoa nos desvia de um projeto do mal!

Mas pensemos de forma positiva. Há uma boa moral por trás da história. Há luz em meio às trevas dessa história repleta de sangue e de conspirações.

Todos os personagens no capítulo parecem bem à vontade, em sua conspiração. Ao que parece, ninguém se mostra íntegro e recua diante das ações do rei. Apenas Urias se demonstra leal. Suas ações são um contraste com as de Davi. Davi dormia em plena tarde, e se deitava com a esposa alheia (v 2). Mas Urias se recusa a ir para sua casa e a deitar-se com sua própria esposa, enquanto seus irmãos estavam ao relento, ao lado da Arca de Deus, numa tenda (v 11). E foi com essa lealdade que ele retornou para a guerra e morreu como um justo guerreiro de Deus. Não sabemos muito sobre Urias, mas sua rápida aparição, onde revela sua lealdade para com seus irmãos e respeito para com o Senhor demonstram que ele era de fato, um bom guerreiro de Deus.

A boa lição que permanece é que como Urias, podemos ser íntegros mesmo em meio a uma confederação de homens ímpios, e terminar nossa vida no cumprimento de nosso dever, sob a aprovação de Deus. Assim foi José e assim foi Daniel.

Sejamos como esses homens. Que seja essa a nossa escolha hoje. - Claudio Sampaio, Montes Claros.

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