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Anotações do RAÍZES - I Simpósio de Mordomia da UCB - UNASP-EC, Julho de 2016


O tema da Fidelidade Cristã sempre esteve no centro do interesse da Igreja Adventista. Fidelidade, de fato, não se restringe apenas ao uso do dinheiro, mas certamente, o inclui. Na busca de trazer orientações com base nos princípios bíblicos para a IASD no território da UCB, foi realizado o Simpósio de Mordomia “Raízes”, nos dias 15 a 17 de julho de 2016, no Campus do UNASP-EC. Cerca de 700 líderes da Igreja se reuniram para ouvir as orientações por meio de diversos especialistas da área.

Foram momentos especiais marcados por alta espiritualidade. As capelas diárias foram realizadas pelo erudito Dr. Angel Manuel Rodriguez (BRI), e diversos seminários foram apresentados pelos convidados Pr. Juan Prestol-Puesán (CG), Pr. Marlon de Souza Lopes (DSA), Pr. Marcos Faiock Bomfim (DSA),  Pr. Herbert Boger Jr. (DSA)  e outros voluntários, em oficinas. No ensejo, gostaria de destacar alguns momentos especiais do evento, evolvendo três líderes em suas apresentações gerais.

I

Em sua primeira apresentação (dia 15, noite), o Pr. Rodriguez apresentou a base bíblica da Criação para a Mordomia e combateu as falsas interpretações sobre o tema: na mensagem, enfatizou que Deus é quem cria e dá ao homem o dever de administrar a Criação e esse principio vai reger toda a sistemática do dízimo no AT. Na segunda mensagem (dia 16, dia), o pregador discorreu ainda sobre as bases bíblicas do dízimo no AT e NT, dando destaque para o ministério apostólico em 1Co 9 e para o sacerdócio de Jesus em Hebreus. Destaque para a última mensagem, no domingo (dia 17), quando enfatizou a graça divina e a gratidão humana como determinantes na prática da fidelidade: quem experimenta a graça e a salvação será grato e fiel. Além das mensagens do Dr. Rodriguez, houve um sermão pelo Pr. Prestol, sobre Atos 5, alertando que o mesmo Deus que julgou a Ananias e Safira pela sua infidelidade, ainda julga as nossas práticas equivocadas de Mordomia, hoje.

II

Na manhã de sábado, dia 16, o Pr. Marlon Lopes, responsável pelas finanças da IASD no território da DSA (oito países da AL) trouxe alguns dados referentes aos investimentos da IASD nas Missões estrangeiras. Segundo o Pr. Marlon, com base nos dados mais recentes, as três Américas são geradoras de dois terços dos recursos mundiais da IASD. Na DSA, 79% dos recursos vêm do Brasil.

Porém, apesar da alta taxa de crescimento nesse território, os maiores desafios da Igreja estão em outras regiões onde o evangelho não tem encontrado facilidade de penetração, tal qual a Janela 10’40’. Assim, se o modelo de distribuição de rendas da Igreja for Congregacionalista (com recursos usados para manutenção exclusiva da igreja local), a Missão da Igreja jamais seria cumprida. As 25 famílias enviadas a outras regiões longínquas trouxeram o custo de 13 milhões de dólares para a Igreja. Há cem anos atrás o evangelho chegou no Sul das Américas pelo investimento financeiro de outros países. A fidelidade da Igreja em nosso território possibilita esse envio para outros países.

III

Entretanto, na questão em torno do ato de dizimar, gostaria de deixar ao dispor de quem interessar, algumas conclusões de uma pesquisa realizada em quatro continentes, envolvendo quatro Associações da IASD. Essas informações foram apresentadas pelo Pr. Juan Prestol (tesoureiro geral da IASD), e vieram em resultado de mais de oito mil formulários enviados para o Norte da Califórnia, Sul da Inglaterra, Austrália Ocidental e São Paulo (UCB). O relatório final da pesquisa realizada em 2012, sob o título “Relatório dos motivos de devolução dos dízimos entre os ASD”, demonstrou os motivos  dos adventistas para a devolução ou não do santo dízimo. Abaixo, deixo para análise as conclusões com base nas respostas recebidas. De acordo com a pesquisa:

1. A grande maioria dos que devolvem o dízimo, apresentam apenas 8% de sua renda. Colocam no altar um valor que de fato não representa os 10% especificados na orientação original para o ato de dizimar; 

2. Os que colocam de 8% para mais, devolvem por crer que Deus os abençoa. Essa é uma das respostas que veio, mormente, de São Paulo.

Essa é uma correlação positiva, demonstrando que dois fatores andam juntos: a certeza da bênção e o ato de fidelidade estão relacionados.

Houve, todavia, uma correlação negativa: quanto mais as pessoas pensavam que a razão para ganhar bênçãos de Deus era devolver o dízimo, menos elas devolviam. Isso leva a concluir que quanto mais se disser para as pessoas devolverem o dízimo para serem abençoadas, menos elas devolverão.

Nas palavras do Pr. Prestol, “o problema é tentarmos de alguma forma modificar o plano de Deus”. Isso por que muitos são estimulados a devolver o dízimo como uma espécie de seguro de vida, como uma garantia para se prevenir contra os reveses e fatalidades da vida. O dízimo, assim, se torna um amuleto. O problema é que as pessoas, depois de certo tempo, passam a não crer nisto. Observam que tanto aqueles que são fiéis em devolver quanto aqueles infiéis, acabam ficando doentes, desempregados ou mesmo enfrentam falência. Se a motivação era ser abençoado materialmente, logo deixavam de acreditar e abandonavam a prática da fidelidade.

O Pr. Prestol afirmou que em todas as Associações estudadas, havia uma correlação muito forte:

1. A fiel devolução está marcada pela gratidão a Deus, não pelo interesse próprio;

2. A fiel devolução ocorre porque o fiel já foi abençoado, e não para exigir uma bênção da parte de Deus.

À luz dessas conclusões, o correto, na orientação dada à Igreja, é não tirar os dízimos e ofertas do contexto da Justificação pela Fé. A nova vida do salvo envolve o ato de servir e adorar. A fidelidade é um traço distintivo de quem recebeu a graça divina demonstrada na cruz. Não se deve criar outra teologia para a fidelidade além desta. Quanto mais se gastar tempo dizendo para os membros que eles devem devolver os dízimos, menos eles devolverão. Assim, ao falar de dízimos, “Enfatize a gratidão e não bênçãos”, afirma o Pr. Prestol. É preciso gastar o tempo ensinando as pessoas como crescerem espiritualmente e elas serão gratas. O estudo da Bíblia é sempre determinante.

Outros números relacionados à faixa etária, na questão de não devolver pelo simples ato de esquecer de fazê-lo (e não por rebeldia):

1. Entre os de 20/29 anos de idade, 46% esquecem de devolver o dízimo. Essa faixa etária é a que mais ganha dinheiro no mundo.

2. Entre os de 40/59 anos de idade - são os mais ocupados - 32% esquecem de devolver o dízimo.

3. Entre os de 60 anos pra cima – 23% deles se esquecem de devolver o dízimo. 

A pergunta é: Como isso é possível? Por que isso ocorre?

1. Uma das revelações desse estudo é que muitas dessas pessoas estão mais ligadas às operações financeiras on-line e gostariam de fazer as coisas mais de forma eletrônica. Os jovens, de forma particular, querem um aplicativo de celular. Eles querem a possibilidade de devolver o dízimo numa "rede segura".

2. No entanto, o que se percebe é que o dizimo ocorre mais fielmente quando ligado à devoção pessoal. Devolver o dízimo deve ser parte da devoção pessoal do fiel. Devemos louvar a Deus de onde todas as bênçãos fluem.

3. A pessoa mais importante para inspirar a fidelidade na igreja ainda é o Pastor. Quanto mais elas estudam a Bíblia e sentem a influência pastoral, mais elas devolvem os dízimos.

4. Quanto mais se estuda a Lição, frequentam a Escola Sabatina, e quanto mais dão estudos bíblicos, mais eles devolvem o dízimo.

A Conclusão do Pr. Prestol é que o se formos sábios, ensinaremos sobre crescimento espiritual e não sobre o mero dever de dizimar. O Pr. adventista  deve se preocupar com a espiritualidade dos membros e não com a quantidade de dinheiro que está entrando. Deus mesmo cuidará da Sua igreja que O adora.

IV

Uma história significativa para ilustrar esse cuidado especial de Deus pela Sua causa pode ser exemplificada no testemunho apresentado pelo Pr. Boger, na tarde do dia 17/07/2016, na conclusão do Simpósio:

Em 1983, o então Instituto Adventista de Ensino (IAE), localizado na Estrada de Itapecerica, Zona Sul de São Paulo, teve sua terra desapropriada pelo governo do Estado de São Paulo. Devido a essa decisão em que o governo ansiava por espaço em função de crescimento habitacional, a liderança da Igreja, em oração, começou a procurar uma fazenda para a construção de um novo internato.

Havia o interesse em uma propriedade no município de Tatuí. Porém, por insistência de um Colportor, a liderança viajou até o município de Engenheiro Coelho onde se encantaram com a fazenda "Lagoa Bonita". O então proprietário da fazenda, estava há um bom tempo desejoso de se desfazer da a propriedade que possuía 170 mil pés de laranjas. O motivo para se desfazer do bem, era pelo fato de que o negócio com laranjas já não compensava, pois naquela ocasião, por questões de mercado, o valor da caixa da fruta era apenas 0,83 centavos. 

Pois bem, após breve período de negociação, a Igreja, pela graça de Deus, comprou o terreno pelo valor de 500 milhões de cruzeiros. Três meses após, com a escritura da fazenda no domínio da Igreja, e com as obrigações todas pagas, eis que o Estado da Flórida (EUA) foi atingido por uma nevasca violenta que afetou toda a produção de laranjas daquela região. Desesperados diante da crise, os americanos desembarcaram no Brasil à procura de laranjas para abastecimento do mercado daquele país. Em função da tremenda crise da laranja nos EUA, o preço da fruta no Brasil saltou de 0,83 centavos, para quase $ 5 Cruzeiros. Nesse ínterim, os 170 mil pés de laranjas que estavam floridos na época da compra, por ocasião da visita dos americanos, se encontravam carregados "igual a ouro".

Os americanos fizeram a proposta de uma espécie de arrendamento da fazenda, mas a Igreja não aceitou, pois o objetivo da fazenda era a construção de um internato para formação de pastores, líderes e profissionais que serviriam à Igreja e à pátria, não especulação financeira. Mas como eles precisavam da laranja, compraram toda a produção e pagaram adiantado. Porém o maravilhoso de tudo é o detalhe do valor que os americanos pagaram pela safra: 500 milhões! Ou seja: o mesmo valor de compra da fazenda! Isso quer dizer que a fazenda ficou de graça para a igreja. Deus mesmo mostrou o terreno e Ele mesmo pagou a conta.

Moral da história: Confie sempre em Deus, pois Ele é dono de tudo. 

*Anotações do I Simpósio de Mordomia da UCB no Unasp, em 15 a 17/07/16. Parte dos dados estatísticos teve colaboração do Pr. Célio Barcellos (ASES).

Materiais:

Livro: Angel Manuel Rodriguez, Raízes da Mordomia Cristã: R$ 7,00
Link para download gratuito: AQUI


Cite a fonte = http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com

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