"Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos..." - João 15:15
A primeira aplicação desse texto é que todos os ministros de Jesus terão nele um bom amigo. Ele é quem chama, e chama para servir na intimidade amorosa, e não para trabalho compulsório e distante, numa relação de patrão e empregado. A intimidade se revela na ausência de segredos. Jesus teve completa abertura com seus amigos e ainda tem conosco hoje, seus ministros. Ele não tem segredos. Ele se revela e se deixa conhecer. Mas a segunda aplicação tem a ver com o modelo de amizade que ele nos deixa no exercício do Ministério.
Uma das lições que aprendi com o Supremo Pastor foi o valor das boas amizades. Veja que Ele tinha uma multidão que o seguia, mas também tinha seus doze amigos mais próximos, e entre estes, os três que eram mais íntimos. Estes últimos eram aqueles que Ele trazia sempre perto, tanto nas horas gloriosas, como aquela do Monte Tabor, quanto nos momentos escuros, como aquele do Monte das Oliveiras, no jardim do Getsêmany. Além disso, a Bíblia também apresenta Lázaro e sua família como bons amigos, em cuja casa Jesus se deleitava em descansar de suas fadigas.
Amigos São dádivas. E nesse meu curto período de serviço a Igreja (12 anos), Deus sempre me deu a presença de bons amigos. Lembro-me especialmente dos dias de meu primeiro distrito, sediado em Ituiutaba, próspera cidade do Triângulo Mineiro. Ali, um anjo que Deus pôs em meu caminho foi um idoso irmão de fé chamado Neirton. Era um deleite usufruir de sua amizade e repousar em sua casa.
Neirton Possuía uma índole mansa. De seus lábios nunca ouvi alguma crítica maldosa contra quem quer que fosse. Era em sua morada, situada fora dos limites da cidade, ao lado da BR de acesso para Goiânia, que eu encontrava refúgio, quando o cansaço me abatia, no dia-a-dia da lida com a igreja. Sua casa era ampla, silenciosa, como aqueles casarios do começo do século. Possuía muitos quartos, antes ocupados pelos filhos já casados, espalhados no país e no exterior. O quintal amplo abrigava um pomar repleto de árvores frutíferas, e o acesso às jacas, goiabas e mangas tornavam o descanso ali ainda mais prazeroso. Como ocorria na maioria das vezes, quando saía de Centralina ou de Canápoles a caminho de casa após o culto de domingo, era ali que eu pernoitava sem hora para acordar no dia seguinte e onde eu recebia da irmã Alice, sua esposa, o trato materno, carinhoso, que eu já não tinha, de minha mãe. Lembro-me que a irmã Alice gostava de fazer pamonhas, apenas para agradar minha esposa! Quanta generosidade!
Outro amigo entre tantos, mas que rompeu as barreiras da formalidade foi o Wagner Luiz, jovem Ancião de uma igreja do Norte de Minas. Com ele, desenvolvi total liberdade e alegria, de modo que em presença da igreja, havia o trato rudimentar, formal; mas no privado, era o amigo com quem eu podia abrir meu coração e tratar sobre qualquer assunto, sem medo de ter a confiança abalada ou traída. Se em Neirton e Alice encontrei novos pais, foi em Wagner que encontrei um irmão. Sua amizade foi um presente de Deus para superação de meus momentos de solidão. Na verdade, nunca o encontrei de má vontade em nenhum momento em que solicitei ajuda. Muitas vezes, era dirigindo com sono, nas madrugadas, atravessando rios em balsa, ou escavando a terra para desatolar o veículo, no atendimento às famílias e grupos da zona rural de nossa comunidade, que o Wagner estava lá, ao meu lado como fiel escudeiro, meu parceiro, meu "Sancho Pança" do Sertão.
Falta espaço para citar tantos outros. Estes irmãos permaneceram na lembrança pelo grau de intimidade, porém não estão sozinhos. Houve muitos outros, irmãs e irmãos, em todos os lugares por onde passei. Pessoas generosas que ajudaram o pastor a levar seus fardos. Na verdade, sempre recebi e recebo muito apoio de muita gente, especialmente do Ancionato de nossas igrejas. Graças a Deus por esses homens e mulheres valentes! Sempre orei e oro por eles a cada dia. Deixo aqui minha gratidão a cada um que tem oferecido apoio e amizade no exercício de meu trabalho.
Mas sem dúvidas: o melhor amigo sempre foi o Supremo Pastor. Quantas vezes na madrugada quando todos estavam ausentes, Ele estava lá! Foi nos momentos de intima comunhão que senti meus fardos erguidos e a renovação das forças. Ele sempre foi e sempre será o melhor amigo.
Meu conselho aos amigos, principalmente aos novos no Ministério: Lembre-se de que você nunca estará sozinho. Graças a Deus pelos bons amigos! Acima de tudo, graças a Deus porque Jesus é nosso amigo! Ele é o amigo mais chegado de todos os ministros! Ele é nosso Supremo Pastor, que nos dá forças para seguirmos adiante! Permaneçamos firme, e tenhamos em Jesus o amigo mais presente.
Obrigado a todos os amigos que ofertam seu carinho e apoio aos Pastores no desempenho de seu trabalho. Feliz dia do Pastor a todos os amigos de jornada espalhados neste vasto mundo. - Claudio Sampaio, MoC.
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