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Stan Lee Morreu: grandes poderes, grandes responsabilidades


Ontem a noite, eram cerca de 23h30 quando cheguei de um compromisso, e ao acessar as redes, fui notificado da morte de Stan Lee. Me recordo que há um ano atras havia circulado um boato sobre esse assunto, mas agora era verdade. Sua morte se deu no Cedars-Sinai Medical Center, Los Angeles, por volta de 10 horas, na manhã do dia 11 de novembro de 2018. Estava com 95 anos de idade. Ao lado do falecimento de Jack Kirby em 1994 e do Steve Ditko em junho de 2108, essa é uma das maiores perdas para a indústria dos Quadrinhos. Stan Lee era, ao que parece o maior ícone vivo da cultura pop Nerd. E apesar de algumas dificuldades de relacionamento acumuladas em sua trajetória como executivo de uma grande empresa, na atualidade era uma figura querida por todos.

Para quem ignora quem era Stan Lee, trata-se de um escritor e roteirista, ex-presidente da Marvel Comics, uma grande empresa norte americana, produtora de Quadrinhos de super-heróis. Juntamente com Kirby e Ditko, ele foi responsável pela criação de diversos personagens do mundo dos Quadrinhos, como Quarteto Fantástico, Homem de Ferro, Homem Aranha, Demolidor, X-Man, Vingadores e outros. Sua administração revolucionou a indústria, nos anos '60.

Recordei-me das aparições do bom velhinho em alguns filmes recentes, de sua figura sempre sorridente nas mídias e confesso que meu coração sentiu uma carícia da tristeza e me abati com a crueza da notícia. E explico: Stan Lee fez parte de minha infância e juventude. Antigamente, quando não havia tanto acesso a TV e outras parafernálias eletrônicas, a gente se deleitava na leitura dos gibis. Esse era um lazer democrático naqueles anos, acessível à toda a garotada que a semelhança de meu irmão e eu, não possuía recursos para certos luxos. Gostávamos especialmente do Quarteto Fantástico. Com esse grupo de heróis, Stan Lee buscou representar uma típica família americana, com um casal em conflito com sua realidade.

O Quarteto surgiu quando numa viagem pelo espaço, quatro pesquisadores (Richard, Ben, Sue e John) foram bombardeados por aquilo que Lee definiu como "raios cósmicos" e afetados por isso, ganharam novas habilidades. Conscientes de seus poderes, juraram que usariam essas capacidades para o bem de todos. Ao invés do Senhor Fantástico (que a gente chamava de "Homem Borracha"), do Tocha Humana ou da Mulher Invisível, o nosso preferido era O Coisa (que a gente chamava de "Homem de Pedra"). É que, diferente dos outros três, o Ben Grimm nunca foi feliz com as habilidades adquiridas. Estava sempre melancólico e se considerava uma aberração. Brigava o tempo todo com o Tocha e gostava de uma boa luta. Quem não se lembra do bordão: "-- Tá na hora do pau!"?

Ao contrário dos demais heróis, cheios de poder para resolver todos os problemas de todo mundo, a equipe do Quarteto era composta de pessoas problemáticas que não conseguiam lidar com seus próprios dilemas. E bem diversa de sua concorrente, a DC, essa era a realidade dos heróis Marvel idealizados por Stan Lee. Talvez por isso, mesmo sem entender direito, a gente gostava tanto deles. E o Quarteto parecia, de fato, uma típica família americana. Mas o fundamento ético era bem estabecido: o "bem" sempre vencia. O crime nunca compensava. Eram boas influências.

Minha mãe se perturbava com tanta leitura! Na visão dela, "essas revistinhas" só "atrapalhavam na escola" e "nos que fazer". E explico de novo: é que lá em casa, desde pequenos, por volta dos 7 ou 8 anos, a gente já tinha obrigações no cuidado da casa, enquanto a mãe e o pai trabalhavam duro. A leitura de gibis, segundo minha mãe, era um empecilho para trabalho e estudo. Mas na verdade, foram os gibis que me ensinaram a ler. Foi no desejo de ler Quadrinhos que me esforcei para aprender a soletrar. Aprendi a ler folheando Quadrinhos, e quando fui para escola, antes de completar meus 7 anos, eu já sabia ler fluentemente. Por isso sempre digo que os Quadrinhos abriram um universo de conhecimento para mim e me conduziram para outros campos de aprendizado, como a literatura, sejam romances ou outras áreas mais avançadas de conhecimento. Os gibis me fizeram bem.

Do Stan Lee, considero icônica aquela frase, dita através do Homem-Aranha, personagem criado por ele e Steve Ditko -- frase que resume toda a perspectiva de todos os seus personagens: "Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades". Essa parecia ser a ética que dirigia a ação daqueles heróis, naqueles distantes anos. Seria demais pensar que essa filosofia se aplica a toda pessoa, em qualquer tempo e lugar? Cuido que não. Afinal, qualquer dádiva que nos põe acima de nosso próximo, nos deixa em dívida para com ele.

#RIPStanLee. Deixa um legado de paixão pela narrativa gráfica e muita saudade no coração de seus amigos e fans. #Exelcior!

“Eu costumava ter várias expressões que eu adicionava nas minhas colunas nos quadrinhos como: ‘Relaxa ai’, ‘Falei demais’, ‘De cara’,” explicou Lee. “E eu vi que a concorrência sempre imitava isso e começava a usar essas expressões. ‘Então’, eu disse, ‘vou pegar uma expressão que eles não vão saber o que significa, e eles não vão saber como escrever isso. E foi assim que eu comecei a usar Excelsior, e nunca mais parei, graças a Deus.” - Stan Lee.

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