Header Ads

Quando Minha Filha me Apresentou Vermeer: Crônica



Estava eu lá, de manhã, Facebook aberto, assistindo um vídeo cheio de imagens, quando de repente, a filha de 09 anos, assentada ao lado me interrompe, cheia de empolgação:

- Papai, volta, volta! 

- Voltar o quê? - Eu, surpreso.

- Isso aí é um Vermeer! Volta o vídeo aí!

Fiz o vídeo retroceder, ainda sem entender direito do que se tratava. E de novo o entusiasmo:

- Essa imagem aí mesmo! Tá vendo? Esse é um Vermeer. Uma das telas mais valiosas do mundo.

Eu nem sabia o que era um Vermeer, se era de comer ou de beber ou de usar - eu era a ignorância encarnada. E eu queria saber o que era um Vermeer, mas antes de eu perguntar já vinham as respostas, os vagalhões de informações, a minha garotinha empolgada, despejando tudo, como um mar nervoso, arrojando suas catadupas. Falava das telas, do estilo, da peculiaridade de Vermeer. Era a figura do êxtase:

- Papai, o Vermeer é valioso porque ele só fez 32 telas. Por isso é tão raro. Olha como ele pinta a claridade e os reflexos da luz. Ele cria uma impressão muito realista. Não é muito bonito?

Claro que era. Uma menina de lenço olhando de soslaio. O amarelo contrastando com o prata e o marrom, o tom de pele bem elaborado, o jogo de iluminação. Um belo quadro.

Mas eu fiquei meio surpreso. Ora, eu sabia do fascínio de minha garotinha pelo mundo da arte, e que desde muito pequenina já dizia que queria ser artista, ser pintora. Gostava de ver as telas de Van Gogh e de outros mestres. Mas essa facilidade de distinguir um artista em específico me surpreendeu.

Tomei coragem de confessar minha burrice:

- Quem é Vermeer, minha filha?

- Ele era um artista holandês, papai. Ele não fez muitas telas, só 32 em toda a sua vida. 

Opa! Holandês eu conhecia o Rembrandt, com sua arte inigualável, o seu tom de vermelho exato, um realismo dramático, jamais reproduzido. E a garota não parava: SEndo poucas telas, são poucas pessoas que possuem um Vermeer, no mundo; a tela mais famosa dele é "A Mulher de Azul Lendo Cartas".  De repente eu tinha quase uma aula sobre Vermeer.

- Vou te mostrar. E enquanto dizia, já tomava o aparelho nas mãos, buscando via Google a imagem desejada, me mostrando, com ar de triunfo:

- Olha aqui, tá vendo? Essa é A Mulher de Azul Lendo Cartas. Olha como ele trabalha a luz. Ele era muito realista. 

E eu me deslumbrava. Afinal um dos meus sonhos de juventude era ser artista plástico. Até me aventurei a enviar, certa ocasião, uma história em Quadrinhos para uma revista nacional, que publicou uma página dela, numa seção dedicada a amadores. E eu sempre gostei da contemplação artística. O pai quer ver seus sonhos na vida dos filhos, e eu não era diferente.

Depois, sossegadamente me informei e descobri que Johannes Vermeer foi de fato, um pintor holandês, também conhecido como Vermeer de Delft ou Johannes van der Meer. Ele estava em paridade com Rembrandt, só para se ter uma ideia. Teria morrido em dezembro de 1675 em Delft, sua terra natal onde passou toda a sua vida. Mas teria pintado, ao longo dos anos, 39 e não 32 telas.

Mas o deslumbramento maior em tudo foi com a empolgação de minha menina que ainda em sua tenra idade, demonstrava a sensibilidade artística, para apreciar a arte tradicional, e reconhecer a paleta de grandes mestres. Ela havia ouvido o nome de Vermeer num desenho animado da Carmem Sandiego e depois buscou mais informações. E agora me repassava o que havia aprendido.

Tomei minha garotinha num abraço, beijei, parabenizei e confirmei: A vocação está de fato, bem acertada. Será uma ótima artista plástica, assim querendo o Senhor. 

Mas a lição que eu deixo é a de que à medida que a gente vai envelhecendo, deve ir desenvolvendo a sensibilidade e humildade para aprender com os simples, até mesmo com os mais pequeninos.



 http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com

Nenhum comentário

Sua opinião é importante para mim. O que você pode acrescentar? Entretanto, observe:

1. Os comentários devem ser de acordo com o assunto do post.
2. Avalie, pergunte, elogie ou critique. Mas respeite a ética cristã: sem ataques pessoais, ofensas e palavrões.
3. Comentários anônimos não serão publicados. Crie algum nome de improviso para assinar o escrito, caso não queira se identificar.
4. Links de promoção de empresas e sites serão deletados.
5. Talvez seu comentário não seja respondido imediatamente
6. Obrigado pela participação.