Header Ads

CRÔNICA DE NATAL: PORQUE GOSTO DOS PRESÉPIOS



Em Dezembro de 2012, na cidade de Taiobeiras onde morávamos, aos dois anos de idade, minha filhinha Beatriz foi impactada pela sua primeira visão de um presépio. 

Naquele dia, diante da manjedoura cercada de animais e figuras simples, ela perguntava e eu respondia e foi quando eu vi que aquela representação visível tão simples naquela praça da cidade se tornou o melhor meio de ensiná-la acerca da Natividade. Desde então, assim como eu, a Beatriz se tornou uma grande apreciadora dos presépios.

Ao me lembrar desse fato, ocorrido cerca de dez anos atrás, minha memória me remeteu aos dias de minha infância, diante dos presépios montados nas casas humildes de nossa vizinhança em minha cidade de origem. Fui tomado pela nostalgia.

Me lembrei de que naqueles Dezembros passados, uma das coisas mais aguardadas por nós meninos era ver o presépio montado no canto da sala da casa do Ozanan, um dos garotos com quem tínhamos amizade. 

Nossa família havia se mudado para o bairro inaugurado na periferia da cidade. E quando chegamos lá onde seria o próspero Bairro de Fátima, só havia aquela  única casa liderada por uma bondosa viúva, a Dona Joana. Descobri, anos depois, que no passado foram pessoas prósperas, mas acabaram ali porque o falecido esposo havia dissipado suas riquezas com vícios em jogo e bebida. Mas foi no contato com seu filho Ozanan que fui pela primeira vez encaminhado ao conhecimento da história do nascimento de Jesus, por meio de um presépio.

Eu, menino do interior, que nunca tinha lido a Bíblia nem conhecia o evangelho, tive minhas primeiras visões sobre Jesus, sobre sua humildade e complacência através daquele pequeno cenário montado no canto da sala. 

Era fácil reconhecer aquele quadro como a representação do evangelho.  Até parece que Jesus, manso e humilde, visitava aquela casa, onde sinalizava o pequeno presépio. Era costume de alguns, mais superticiosos, a prática da genuflexão diante da manjedoura onde se deitava o bebê que representava Jesus.

Na atualidade não vejo mais essa tradição familiar tão rica de sentido. Muitos dos presépios montados nas praças e grandes centros comerciais de hoje não reproduzem tão bem a ideia original dos presépios. Em sua proposta original, os presepios se prestavam a reproduzir a simplicidade comovente daquela cena inaugural da vida terrena de Jesus, e por isso, falava da condescendência divina, que em sua simplicidade desceu ao encontro dos homens, no meio de um curral, rodeado de animais e pessoas simples. 

Nos dias de hoje, de modo geral, os presépios se tornaram mero adereço, item de decoração, um modismo, quando não um exibicionismo tecnológico esvaziado de sentido. Li que houve uma vez, na cidade do Porto, em Portugal, um presépio de 12 toneladas de chocolate foi montado. Demorou cerca de seis meses para ficar pronto e entrou para o Livro dos Recordes. Na ocasião de sua exposição, o chocolate foi mais importante que a história da Natividade.

Porém, para quem não sabe, o primeiro presépio do mundo teria sido montado em argila, pelas mãos de São Francisco de Assis no ano de 1223. Nesse ano, Francisco preferiu quebrar o hábito comum  de festejar a noite de Natal na Igreja, e o fez numa floresta da cidade de Greccio, próximo a Roma, na Itália do século 13. 

Francisco teria mandado transportar uma manjedoura, um boi e um burro e montou ali a cena da Natividade, para melhor explicar o Natal àquelas pessoas comuns, aos simples camponeses iletrados, que não conseguiam ler ou compreentender a história do nascimento de Jesus nas liturgias da igreja daquele tempo. 

Creio que Francisco foi abençoado com essa ideia, pois aquela primeira experiência causou grande impacto espiritual na vida dos pobres. Por isso, o costume inaugurado em Greccio se espalhou por entre as principais Catedrais, Igrejas e Mosteiros da Europa durante a Idade Média. Posteriormente, até mesmo nos palácios e casas dos nobres os presépios eram montados. A tradição logo ganhou o mundo todo.

Falando sobre nós, o primeiro presépio teria chegado ao Brasil no século 17. Foi um clérigo de nome  Gaspar de Santo Agostinho quem montou a primeira cena da Natividade em Olinda, Pernambuco.

Considero essa uma das mais lindas tradições religiosas de nossa terra. Mas o problema, é que, como tem acontecido com tantas outras tradições tão ricas, essa vai sendo a cada ano, esvaziada de seu verdadeiro sentido. O presépio se tornou um item de decoração que já não contrasta, mas se incorporou ao luxo ostensivo dos centros comerciais de nossos dias.

A minha dica é que na próxima vez em que vir um presépio, lembre-se da humildade do Homem de Nazaré. Agradeça por sua disposição de se aproximar de nossa humanidade por sua encarnação. Ele se fez pobre para que pudéssemos ser ricos. Se tiver filhos, aproveite para conversar com eles sobre tudo isso  

E ore, acima de tudo, por humildade.

#PensandoNisso, Feliz Natal, com muita alegria.

Sampaio 😊💙
Mimoso do Sul
21 de Dezembro de 2021.

Citente = http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com

Post um Comentário

Nenhum comentário

Sua opinião é importante para mim. O que você pode acrescentar? Entretanto, observe:

1. Os comentários devem ser de acordo com o assunto do post.
2. Avalie, pergunte, elogie ou critique. Mas respeite a ética cristã: sem ataques pessoais, ofensas e palavrões.
3. Comentários anônimos não serão publicados. Crie algum nome de improviso para assinar o escrito, caso não queira se identificar.
4. Links de promoção de empresas e sites serão deletados.
5. Talvez seu comentário não seja respondido imediatamente
6. Obrigado pela participação.