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Papa Leão XIV Nomeia Mulher para a Cúria Romana: reaquece o debate sobre ordenação feminina na Igreja Católica


Nomeação de Tiziana Merletti pelo Papa Leão XIV para cargo na Cúria reacende debate sobre a ordenação de mulheres na Igreja. Entenda os argumentos bíblicos e as reações na tradição católica.

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Nomeação histórica reacende debate eclesial

O Papa Leão XIV realizou, neste mês de maio de 2025, a sua primeira nomeação feminina para a Cúria Romana: a teóloga italiana Tiziana Merletti. A decisão, considerada histórica, tem forte impacto simbólico, ao colocar uma mulher em posição de destaque na estrutura administrativa central da Igreja Católica.

Embora não represente uma mudança direta na doutrina sobre o sacerdócio, a nomeação trouxe à tona um antigo e complexo debate: a possibilidade de mulheres receberem a ordenação sacerdotal na Igreja Católica. A discussão, já antiga, envolve argumentos teológicos, históricos e pastorais, e tem gerado reações diversas entre bispos, fiéis e estudiosos.


O posicionamento dos últimos papas

Desde o século XX, o tema tem sido abordado de forma cuidadosa pelos dirigentes da Igreja Católica:

  • João Paulo II, em sua carta apostólica Ordinatio Sacerdotalis (1994), afirmou com firmeza: “A Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres”, encerrando oficialmente o debate do ponto de vista magisterial.
  • Bento XVI reforçou essa posição, alertando para o risco de relativismo doutrinário e a importância de preservar a fidelidade à tradição apostólica. Ainda assim, incentivou maior valorização dos dons femininos em outras áreas da vida eclesial.
  • Papa Francisco reiterou a posição de seus antecessores sobre o sacerdócio, mas tem promovido o avanço da presença feminina em instâncias de decisão e estudo. Ele criou comissões para investigar o papel das mulheres no diaconato nos primeiros séculos do cristianismo.


O que diz a tradição da Igreja?

A tradição católica tem raízes profundas nas práticas dos primeiros séculos. Padres da Igreja como Tertuliano (séc. II-III) escreviam contra a liderança litúrgica de mulheres, dizendo que “é impensável que uma mulher batize ou presida a Eucaristia”. O Concílio de Laodiceia (séc. IV) também proibiu que mulheres “subissem ao altar”.

Já o Concílio Vaticano II (1962–1965), embora não tenha tratado diretamente da ordenação feminina, promoveu uma forte valorização da dignidade da mulher na missão da Igreja, chamando-as à plena participação na vida eclesial, embora sem alterar os ministérios ordenados.


Textos bíblicos usados por ambos os lados

A base bíblica é um dos pontos mais citados nos argumentos sobre o tema, e há textos específicos frequentemente utilizados por defensores e críticos da ordenação de mulheres.

1. Textos tradicionalmente usados contra a ordenação feminina

  • “Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio.” (1Tm 2,12) — Este texto, junto com os versículos seguintes (1Tm 2,13-14), é interpretado por muitos como um reflexo da ordem criacional, em que o homem lidera no contexto eclesial.
  • “Cristo escolheu doze, a quem deu o nome de apóstolos.” (Mc 3,14) — O fato de Jesus ter escolhido apenas homens para o grupo apostólico é visto como um modelo normativo, segundo a tradição católica, repetido ao longo dos séculos.

2. Textos usados em defesa de uma participação mais ampla das mulheres

  • “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um só em Cristo Jesus.” (Gl 3,28) —  Esse versículo é frequentemente usado para fundamentar a igualdade essencial entre os fiéis, incluindo a possibilidade de missão e ministério sem distinções de gênero.
  • “Sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito... e profetizarão.” (At 2,18) — A ação do Espírito Santo sobre homens e mulheres no Pentecostes é interpretada como sinal de que o ministério profético — sinal da ação divina — não se limita ao sexo masculino.
  • “Recomendo-vos nossa irmã Febe, diaconisa da igreja de Cencréia.” (Rm 16,1) — A menção de Febe como "diákonos", título também usado para os diáconos homens, tem levado estudiosos a revisitar o papel das mulheres nos ministérios da Igreja primitiva.

Outros nomes, como Priscila, que ensinava com autoridade (At 18,26), e Maria Madalena, chamada por alguns Padres da Igreja de "apóstola dos apóstolos", mostram que as mulheres tiveram papéis centrais na evangelização e no discipulado nos tempos apostólicos.

Essa disputa, em última instância, não está apenas nos versículos, mas no modo como são interpretados: seriam prescrições atemporais ou orientações contextuais? —  o que exige discernimento pastoral e fidelidade ao todo da Tradição viva da Igreja.


Sinal de mudança ou reafirmação da tradição?

A nomeação de Tiziana Merletti foi celebrada por muitos como uma valorização real da mulher na Igreja. Para outros, especialmente setores mais tradicionais, ela foi recebida com cautela, com receio de que indique uma mudança doutrinal futura. O tempo vai dizer.

Teólogos como o tcheco Tomáš Halík e a espanhola Cristina Inogés Sanz consideram que a teologia pastoral pode abrir caminhos que aprofundem o papel da mulher sem romper com a identidade católica. No entanto, desde muito tempo, vários bispos já têm advertido contra o risco de confundir missão com sacerdócio.


Conclusão: entre fidelidade e renovação

O gesto do Papa Leão XIV reacende o debate e convida a Igreja a discernir os novos caminhos e a política do Vaticano. Em tempos confusos resta saber quais as respostas que a Igreja dará às perguntas dos féis, fundamentadas na Escritura, na Tradição e no Magistério.


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