Lutero e a Identificação Profética do Papado
Martinho Lutero, que coincidentemente foi excomungado por Leão X, bem antes de romper com a Igreja Católica, passou a identificar o papado com a besta do Apocalipse e o "anticristo". Em suas palavras:
“O Papa é o verdadeiro anticristo que se assentou na igreja de Deus e se exaltou sobre tudo o que se chama Deus.” (Smalcald Articles, 1537)
Essa identificação não foi um insulto retórico, mas uma interpretação escatológica baseada no entendimento de que o papado havia usurpado o lugar de Cristo como mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2:5). Para Lutero e muitos reformadores, a corrupção moral e doutrinária de Roma era um sinal claro do cumprimento profético.
Teologia Reformada: O Anticristo Histórico
A teologia reformada, representada por figuras como João Calvino e os teólogos de Westminster, reforçou essa visão. Calvino escreveu:
“Nego que seja o vigário de Cristo... digo que é o anticristo.” (Institutas, IV, 7.25)
“...o homem do pecado, o filho da perdição, que se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus...”
O Adventismo do Sétimo Dia e a Escatologia Apocalíptica
Entre os grupos protestantes modernos, os adventistas do sétimo dia preservaram e expandiram a associação profética do papado com as figuras apocalípticas. Fortemente influenciados pelo historicismo profético, os adventistas interpretam os símbolos de Daniel e Apocalipse de forma cronológica, com um cumprimento que se inicia desde os dias do autor sagrado até o fim do tempo.
Assim, na visão adventista:
Ellen G. White, uma das principais vozes adventistas, interpretando Apocalipse 13, afirma:
Assim, na visão adventista:
1. A besta do mar em Apocalipse 13 representa o papado romano.
2. A ferida mortal sofrida pela besta em 1798 (captura do papa Pio VI por Napoleão) seria o início de sua queda, mas a ferida seria curada (Ap 13:3), indicando um retorno de influência no fim do tempo.
3. O "chifre pequeno" de Daniel 7 é interpretado como o mesmo poder papal, que surge entre os dez reinos da Europa (após a queda de Roma) e “fala palavras contra o Altíssimo” (Dn 7:25).
Ellen G. White, uma das principais vozes adventistas, interpretando Apocalipse 13, afirma:
“A besta” mencionada nesta mensagem, cuja adoração é imposta pela besta de dois chifres, é a primeira, ou a besta semelhante ao leopardo, do Capítulo 13 do Apocalipse — o papado." (O Grande Conflito, versão on-line, pag 445).
Convergências e Divergências
Embora o tom e a ênfase variem, há um núcleo comum nas interpretações protestantes:
Martinho Lutero: o papado é o anticristo e a besta do Apocalipse - Base bíblica: Apocalipse 13, 2 Ts 2
Martinho Lutero: o papado é o anticristo e a besta do Apocalipse - Base bíblica: Apocalipse 13, 2 Ts 2
Teologia Reformada: o papado é um sistema anticristão contínuo - Base bíblica: Dn7, Ap17
Adventismo Sabatista: o papado é a besta do mar e o "chifre pequeno" - Base bíblica: Ap 13, Dn 7
Apesar do enfraquecimento dessa interpretação nos círculos evangélicos modernos, o legado histórico dessas leituras ainda é significativo no campo da escatologia protestante.
Apesar do enfraquecimento dessa interpretação nos círculos evangélicos modernos, o legado histórico dessas leituras ainda é significativo no campo da escatologia protestante.
Teólogos Contemporâneos e a Continuidade da Interpretação Histórica
Embora muitos círculos protestantes modernos tenham suavizado ou abandonado a identificação do papado como anticristo, alguns teólogos contemporâneos ainda sustentam essa perspectiva.
O teólogo adventista Samuele Bacchiocchi reafirmou a visão tradicional ao associar o papado às profecias apocalípticas acerca do anticristo.
Joel Richardson, autor evangélico recente, que embora discorde da interpretação clássica em diversos pontos. reconhece elementos do anticristo na estrutura papal, embora traga uma ampliação dessa interpretação para incluir o Islã.
No âmbito refomado, Gordon H. Clark defendeu a posição da Confissão de Fé de Westminster, que identifica o papa como o anticristo, argumentando que essa interpretação é consistente com a exegese das Escrituras (Seminário JMC).
Essas abordagens modernas mantêm viva a tradição historicista, buscando alertar para o papel da autoridade religiosa centralizada, em oposição ao evangelho puro de Cristo.
Conclusão: Profecia, História e Vigilância
As visões proféticas protestantes sobre o papado romano revelam não apenas uma leitura teológica, mas também um posicionamento histórico diante do poder e da autoridade religiosa. Seja na pena de Lutero, nas sistematizações da teologia reformada ou nas projeções apocalípticas do adventismo, o papado foi — e em alguns casos ainda é — visto como a encarnação do conflito entre Cristo e a apostasia religiosa.
Independentemente da posição adotada, o debate permanece um tema relevante na escatologia cristã, desafiando leitores e estudiosos a revisitar as Escrituras com discernimento e consciência histórica.
Independentemente da posição adotada, o debate permanece um tema relevante na escatologia cristã, desafiando leitores e estudiosos a revisitar as Escrituras com discernimento e consciência histórica.
E você? como você vê o papado romano dentro das profecias? Me diga no comentário?
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Palavras-chave:
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escatologia protestante
adventismo e Apocalipse
Lutero e Roma
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protestantismo e profecia
Cite a fonte
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