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1 Coríntios 13: Paulo e o Caminho Sobremodo Excelente.



Acabo de ler mais um livro do grande historiador George Knight (n.1). Ele é mais um daqueles grandes homens de Deus, na mesma linha dos teólogos David Cox e Russel Burril, cuja preocupação é entender a práxis cristã para este contexto histórico-profético da Igreja. Em sua obra mais recente, Knight aborda a problemática da maneira em que a igreja pode se anular. Uma delas é a supervalorização de nossa mensagem com a perda da visão evangelística de Jesus e sua mensagem de amor. Um afastamento dessa verdade nos levaria para a distância de Jesus, mesmo na guarda dos mandamentos. A excelência da vida cristã segundo Knight é uma vida mergulhada no amor. Viver fora dessa grandeza divina é fracassar como cristãos.


Conhecimento da verdade sem uma santificação dos motivos sempre conduzirá fatalmente a atitudes erradas. Quando a Igreja se encontra governada pelo amor de Deus, as novas coisas podem ocorrer. Porém, quando o orgulho espiritual e as contendas tomam lugar, a Igreja fracassa em seu papel perante o mundo e perante Deus, e sinais visíveis de apostasia serão detectados. Podemos ver isso em 1Coríntios. Porem antes de analisarmos a importância desta carta, conheçamos primeiro, a história e as dificuldades da comunidade cristã de Corinto.

I. Corinto


Paulo havia chegado em Corinto por volta do ano 54, por ocasião de sua segunda viagem missionária (Cf. Atos 18). A cidade era uma metrópole comercial da Grécia, sendo uma das maiores, mais ricas e mais importantes do Império Romano. De acordo com Halle (n.2), sua população de mais de 400 mil habitantes só era ultrapassada por Roma, Alexandria e Antioquia. Localizava-se em uma encruzilhada de caminhos leste-oeste do império, e devido a isso, abrigava uma população diversificada. Como um homem que sonhava alcançar o mundo todo, Paulo entendeu que se o evangelho fosse aceito ali, certamente alcançaria os lugares mais ermos do império.

Corinto era uma cidade próspera. O grande mercado, os portos imensos, as ruas pavimentadas, os templos suntuosos: tudo declarava sua grandeza econômica. Porém, em contraste, a cidade era famosa pela idolatria, devassidão e licenciosidade moral. De modo particular, a sexualidade de Corinto estava tão decadente, que naqueles dias, korintiazomai era um verbo conjugado com sentido de “fornicar” e o epíteto “moça coríntia” tornou-se um tratamento bem conhecido para mulheres de reputação duvidosa. Mesmo a religião, que por um lado era idólatra, se encontrava ligada de modo estreito à imoralidade sexual. Sobre isso, afirma F. F. Bruce (n.3) que a cidade era um centro do culto a Diana, (foto) cujo templo coroava o Acrocorinto. Ali, mil prostitutas cultuais desenvolviam atividade sexual com os adoradores. No sopé da fortaleza, havia também o templo de Melicarte, patrono dos navegantes. E por ocasião dos Jogos do Istmo, celebrados ali a cada dois anos, também Netuno, deus do mar, era especialmente honrado. Com razão, Paulo podia dizer que Corinto, decerto, homenageava “muitos deuses e muitos senhores” (1Coríntios 8:5).

Diante disso, palavras como depravação, devassidão e promiscuidade bem poderiam definir a vida dos cidadãos de Corinto. Como disse certo autor: se a mensagem da cruz pudesse fazer efeito na vida do povo coríntio, ela era de fato poderosa!

Paulo confessa que quando desembarcou no porto de Corinto, se achava “em fraqueza, temor e grande tremor” (1Coríntios 2:3). Chegava solitário e ferido pelas decepções e angústias de seu trabalho em Filipos, Tessalônica, Beréia e principalmente, em Atenas. Mas tendo sido encorajado à noite por uma visão do Senhor (Atos 18:9-11), iniciou seus trabalhos, sonhando com uma igreja próspera naquela cidade. Permaneceu ali dezoito meses, e como todo bom missionário, partiu desejoso de ouvir boas notícias da igreja recém-fundada. Era sonho de Paulo que a Igreja modelasse pelo poder de sua influência, a sociedade na qual se encontrava inserida. 

E aqui está a primeira lição que precisamos aprender: a Igreja só tem sua relevância quando ela pode de fato operar uma transformação da sociedade. Quando o mundo não é transformado pela influencia da Igreja, ela mesma será transformada pela influência do mundo. Devagar, os modismos, costumes e pecados do mundo se infiltram no Corpo de Jesus. E foi isso que ocorreu em Corinto. Em lugar da influencia da Igreja modificar a sociedade depravada de Corinto, essa mesma sociedade começou a modificar o comportamento da Igreja.

E isso era o que chegou aos ouvidos de Paulo. Enquanto se encontrava em Éfeso (cf. 1Corintios 16:8-9), necessitou enviar uma carta através de Timóteo aos fiéis a fim de preveni-los sobre a comunhão com idólatras (1Coríntios 4.17; 5.9). Com o retorno de Timóteo e de um encontro com “os da casa de Cloe” (1Coríntios 1:11), Paulo teria sido informado dos diversos problemas que abalavam a comunidade Coríntia. E quando olhamos para os desvios da igreja de Corinto, percebemos que em verdade a igreja se encontrava bem longe do ideal de Deus para ela. Isso, por vários motivos, como Paulo mesmo enumera.
 

II. Problemas em Corinto

Segundo lemos, havia deploráveis divisões e hostilidades entre os membros. Alguns se diziam seguidores de Pedro, outros de Apolo, outros de Paulo e havia ainda os de Cristo. Mas Paulo questiona: estaria Cristo dividido? Mesmo aqueles que se diziam de Cristo, se acaso se encontravam divididos, de fato não pertenciam a Ele, pois de modo algum estaria Cristo dividido (cf. 1Coríntios 1:10-17). Havia também a presença de imoralidade e incesto. Um membro da igreja se deitava com a mulher de seu pai, cometendo uma imoralidade detestada até mesmo pelos descrentes (1Coríntios 5:1ss). No judaísmo, este era um pecado sério, e mesmo a lei romana, proibia o incesto. Além disso, os membros da igreja estavam envolvidos em contendas e disputas em tribunais. Esse erro não era um sinal de evidente desunião, como também de desrespeito para com a liderança espiritual instituída na igreja (1Coríntios 6:1ss). Paulo também denuncia que alguns fiéis pareciam não haver compreendido bem a doutrina cristã acerca da vida de pureza sexual e estavam se envolvendo com a prática da prostituição (1Coríntios 6:12ss). Não bastasse, havia glutonaria e exclusivismo na Ceia do Senhor (1Coríntios 11:13ss). Banquetes nos quais alguns eram honrados e outros, desprezados, chamaram a atenção de Paulo, que busca reestabelecer as orientações originais relacionadas ao rito. E finalmente, as reuniões de culto estavam marcadas por exibicionismo, desordem e irreverência. Alguns dons espirituais eram superestimados em detrimento de outros, causando o risco de descrédito na obra da igreja perante os incrédulos (1Coríntios 14:1ss).

Constantemente nos vemos com os mesmos problemas. Desuniões, críticas e intrigas por vezes abalam a vida da igreja. Ainda hoje, o espírito de orgulho e disputas parece querer surgir em nosso meio. Diante disso, o que deveríamos fazer? O que deveria Paulo fazer? Talvez um duro sermão acerca da moralidade? Talvez uma reunião para disciplina coletiva? Segundo Thielmam, ao escrever sua Primeira Carta aos Coríntios, Paulo focaliza três questões críticas: paz na igreja, santidade no mundo e fidelidade ao evangelho. Contudo, “em primeiro e mais importante lugar, estava a resolução pacífica a respeito da desunião na igreja” (n.4). Nessa carta, “Paulo convoca os coríntios a voltar aos elementos fundamentais do evangelho como meio de incentivá-los a viver em harmonia” (n.5)

Como disse certo pregador, às vezes será preciso que a espada corte bem fundo. E ela às vezes dividirá as juntas e medulas e revelará os intentos secretos do coração (Hebreus 4.12). A Palavra será em algum momento, útil para a correção e repreensão (1Timóteo 3.16ss). E nisso devemos imitar a Paulo. Ele separou os problemas e respondeu a cada um deles de forma vigorosa e firme, com a Palavra do ensino, da correção e da repreensão. Como ele, devemos também ser firmes em defesa do que é correto, ainda que caiam os céus.

Porém, quase sempre, nosso problema na resolução dos problemas eclesiásticos é que às vezes somos tão presos ao moralismo que esquecemos de exaltar o princípio. No entanto, notamos que Paulo deu sérias instruções, mas lembrou-lhes de sua maior necessidade, que não era outra senão a conquista da unidade; e para isso, ofereceu-lhes um caminho “sobremodo excelente” (1Corintios 12:31b), que, se seguido, os levaria a superar os diversos erros presentes no seio da comunidade. Nessa busca de estabelecer um padrão divino para a conduta dos crentes coríntios, Paulo lhes propôs o caminho do amor.
 

III. O Hino do Amor

Embora João seja o discípulo do amor, foi Paulo aquele que compôs o mais belo poema de amor presente nas Escrituras. Paulo diz: eu passarei a mostrar-vos um caminho “sobremodo excelente” (1Coríntios 12:31b). Paulo não está aqui afirmando um modo de usar os dons citados no capítulo 12. Como observa S. Lewis Johnson (n.6), em lugar de caminho (tropos), no sentido de maneira ou modo, ele se vale de caminho (hodos), no sentido de estrada a percorrer: “Paulo está, antes, apontando para um tipo de vida superior à vida gasta na procura e exibição dos dons espirituais” (n.7).

Quando lemos o belo poema a seguir (1Coríntios 13), percebemos de fato, a excelência desse caminho. É excelente não porque era o caminho de Paulo, e sim porque para todos os efeitos, é o verdadeiro caminho de Cristo. E esse caminho se fosse seguido pelos crentes no Senhor, seria a resposta definitiva para todos os problemas das igrejas em todos os tempos e lugares. A igreja de Corinto especialmente, seria redimida de seus pecados, na medida em que desenvolvesse a caminhada no caminho do amor.

Quando lemos 1Coríntios 13, é como se ouvíssemos Paulo dizendo: “há entre vocês pessoas impacientes? Há homens e mulheres de coração maligno? Há crentes ciumentos? Há alguém preso ao ufanismo ou orgulho? Há soberbos? Se há entre vocês essas espécies de intrigas e práticas carnais, então é porque ainda não aprenderam a andar no caminho da excelência. Não descobriram o caminho do amor. Porque aquele que ama não é impaciente, não se conduzirá em ciúme, não será orgulhoso, não se conduzirá de modo inconveniente, nem será tomado pelo veneno da soberba”.

Paulo parece dizer que quando nos encontramos em falta diante de Deus e dos homens, desviando-se de seu caminho de pureza e unidade, há mais que a quebra de um estatuto legal. De algum modo, o que acontece é a quebra de um princípio eterno, o princípio que sustenta e mantém em equilíbrio todas as leis do vasto Universo: o princípio do amor. Segundo ele, podemos até mesmo ter sabedoria, mas isso não é o princípio fundamental. Podemos entender as profecias e conhecer todos os mistérios de toda ciência. Mas também esse não é ponto determinante. Tudo passará. Mas o fundamento do amor, esse jamais passará: será eterno como o próprio Deus: “O amor jamais acaba” (1Coríntios 13:8).

IV. Amor versus Conhecimento


Talvez um dos grandes dramas do cristianismo seja que nos colocamos todos os dias nos bancos das igrejas como pessoas que são fartas de conhecimento: entendemos toda a doutrina, sabemos de memória todos os preceitos da Escritura, mas não somos capazes de dedicar um pouco de nosso tempo para comunicar um pouco do conhecimento que salva. Não nos movemos ao encontro dos perdidos. Por outro lado, penso que a maioria das contendas em nosso meio se deve ao orgulho e independência dos crentes. Às vezes pensamos que Cristianismo implica em uniformismo e que adventismo implica em perfeccionismo. Desse modo, não há lugar para os pecadores. As contendas quase sempre surgem quando colocamos o saber acima do amor, o fideísmo em lugar da fidelidade e da unidade. De fato, muitos crentes, após adquirirem muito saber, se tornam mais semelhantes ao Diabo, tornando-se mais acusadores que auxiliadores de seus irmãos.

Na verdade, o farisaísmo nunca deu bons frutos. É apenas uma máscara de santidade para encobrir os mais negros motivos de uma vida interior. Ele se manifesta de modos diversos. Às vezes, em pais fiéis aos estatutos e normas que regem a vida de nossa comunidade, mas que ainda não aprenderam a amar sua família. Por isso, temos famílias feridas, temos maridos ou esposas mal-amadas, filhos carentes, que ainda sonham com uma demonstração de amor genuíno da parte dos pais.

Ele também se manifesta nos crentes eruditos que ocupam os púlpitos de nossas igrejas, mas que ainda não aprenderam a perdoar e desenvolver a paciência. Em líderes com corações manchados pela mágoa, pelo ódio e pelo ciúme. Eu mesmo já li na Bíblia a respeito de um grupo que conhecia todas as exigências das Escrituras. Aprenderam tudo acerca da Lei, mas eram fracassados na arte de amar. Apesar de uma busca terrível de santidade, foram capazes de planejar a morte de Jesus simplesmente porque o coração estava envenenado pelo mal do ciúme e da inveja. Há por trás de todo fariseu, um coração orgulhoso e soberbo. Contudo, como diria Paulo: “Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?” (1Coríntios 4.7). De fato, o saber jamais foi algo definitivo para demonstrar a essência de uma vida eclesiástica equilibrada. “Havendo ciência, passará” (1Coríntios 13.8b).

Paulo estabelece o caminho da excelência de uma Igreja, como uma caminhada na longa estrada do amor. Mas como definir o amor? Como realmente saberemos que o experimentamos?

V. Algumas Verdades Sobre o Amor

Antes de mais nada, devemos entender o pensamento bíblico acerca do amor. Um engano no qual podemos cair é aquele que estabelece o amor como apenas um sentimentalismo barato, o romantismo carnal da modernidade, com sua ênfase na sensualidade e na permissividade. Segundo Ellen White, é o verdadeiro amor um princípio. Não é sentimentalismo. É uma decisão de amar que afeta nosso modo de ser e conviver. E esse princípio, segundo ela, promove o bem, apenas o bem.

“Se esse amor de origem divina, é princípio permanente no coração, far-se-á conhecido, não somente aos que consideramos os mais queridos no relacionamento sagrado, mas a todos aqueles com quem entramos em contato. Levar-nos-á a prestar pequenos atos de atenção, a fazer concessões, a praticar atos de bondade, a pronunciar palavras ternas, verazes e animadoras. Levar-nos-á a simpatizar com aqueles cujo coração tem fome de simpatia” (n.8).

Na verdade, se no verdadeiro amor possa incluir sentimentos, de acordo com Paulo, ele sempre irá para além disso. Segundo Paulo, o amor não é apenas algo informal, mas performático. Ele não apenas é um conceito que da parte de Deus se revela a nós, mas uma influência que nos transforma. Se não transforma, é porque não o encontramos ainda. E se não o encontramos, não alcançamos o ideal de Deus para Sua Igreja, não somos verdadeiros discípulos, não experimentamos a redenção de filhos e filhas de Deus, nem experimentamos o Espírito: “porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Romanos 5.5).

Mas sendo algo performático, como definir o amor? Penso que além do belo poema de Paulo, há nas Escrituras excelentes demonstrações daquilo que de fato é o verdadeiro amor.

1. Em primeiro lugar, notamos que o amor verdadeiro é um mandamento. Jesus mesmo disse: “isso vos mando: que vos ameis uns aos outros” (João 15:17). Certa vez perguntaram a Jesus qual seria o maior mandamento da Lei e Ele deixou estabelecido que este era o amor: “amarás ao Senhor teu Deus...e a teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:42). Sendo ordem de Jesus, amar é um dever e deveria ser praticado como uma obediência ao querer de Deus. Não é uma questão optativa.

2. Em segundo lugar, notamos que o amor verdadeiro se revela em atitudes concretas, não sentimentalismo barato. Em 1Coríntios 13, Paulo enumera ações específicas para aquele que anda verdadeiramente no amor: é benigno, paciente, não se ufana, regozija-se com a verdade, etc... E mesmo Deus, sendo Aquele que mais amou, não ficou apenas em palavras. Sua promessa se fez carne, sangue e sofrimento. Ele demonstrou que ama ao mundo de modo prático e foi até as últimas conseqüências. João diz: “porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu Seu Filho Único” (Jo 3:16). Quando amarmos de verdade, não apenas diremos “te amo”, mas de fato demonstraremos isso através de atitudes de sacrifício em favor de quem amamos. Por isso, às vezes diremos como o personagem Francesco (n.9), do filme baseado na vida de Francisco de Assis, que às portas da morte, balbuciava: “meu Deus, como é difícil amar!”. É verdade que nem sempre será agradável amar. Às vezes o caminho do amor nos pedirá sacrifícios. Às vezes teremos de amar até mesmo aos nossos inimigos, como ordenou Jesus (Mateus 5:44). Talvez por isso Jesus nos deixou o amor como um mandamento: “isso vos mando” (João 15.17). Pois se é verdadeiro, em favor dEle, Cristo, ofertaremos até mesmo nossa vida. Assim foi com Jesus, que provou Seu amor amando-nos quando éramos ainda pecadores (Romanos 5.8). Mas podemos questionar: como poderemos amar com base em uma ordem, uma injunção? Amor não seria algo marcado pela espontaneidade e liberdade? Isso nos leva ao próximo ponto.

3. Em terceiro lugar, o amor verdadeiro é divino, nasce de Deus. Na verdade não sabemos amar. Nascemos egoístas e maus: “vós, que sois maus” (Lucas 11:13). Porém, Paulo diz em Romanos 5:5 que quando restabelecemos nossa comunhão com Deus através de Cristo, Seu amor é derramado em nosso coração pelo Seu Espírito. O que devemos fazer é apenas não impedir sua força de atuação em nós. Devemos apenas imitar a Deus em Seu trato conosco: “andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós”. Isso envolve perdoar como fomos perdoados, servir como fomos servidos. Isso porque o amor é a própria natureza de Deus. O modelo sempre será a Divindade: “aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1Jo 4:8). Não temos nenhuma estrutura para amar. Somente numa imitação de Cristo e Seu amor, aprendemos aos poucos acerca do amor e como vivenciá-lo em nossa esfera de relações.


VI. Um Modelo de Igreja


Depois de nossa análise, podemos afirmar que a igreja de Corinto não era a igreja do sonho de Jesus. Eles estavam longe do ideal de Deus e fora do caminho da excelência. Talvez nós mesmos nos vejamos longe do ideal. Mas mesmo eles ainda longe desse ideal, podemos aprender a desenvolver a vida comunitária baseada no amor.

Surge para nós um desafio: tornar pela nossa influência, a nossa igreja uma comunidade do sonho de Cristo. Contribuir para que de fato sejamos uma comunidade unida e marcada pelo sacrifício pelo bem comum. Porém, um detalhe é que jamais nenhum amor mundano poderá ser verdadeiro se ele se coloca acima de nosso amor a Deus. Sem amá-Lo, nosso amor será falho, mentiroso e doentio. Apenas o amor a Deus trará o equilíbrio à nossa maneira tosca de amar. Quando amamos a Deus verdadeiramente, podemos então cumprir o segundo mandamento, que semelhante a este é: ama a teu próximo como a ti mesmo.

Diante disso, vem a pergunta: podemos encontrar um exemplo de uma Igreja dos sonhos de Deus? Sim: este modelo é a comunidade primitiva, a Igreja dos Apóstolos. Em At 2:42-47, Lucas nos demonstra isso. Os fiéis eram unidos na mesma fé e doutrina apostólica, no partir do pão e nas orações (v. 42); eles viviam em reverencia diante de Deus (v. 43); viviam em fraternidade: “todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum” (v. 44). E o Senhor dava o sêlo da aprovação, aumentando-lhes o número: “dia-a-dia acrescentava-lhes o Senhor dia-a-dia os que iam sendo salvos” (Atos 2:47). Eles possuíam doutrina e unidade. Eles tinham santidade, mas também, fraternidade. E por isso, Deus agia por meio deles e acrescentava-lhes mais e mais.


Conclusão


Anos se passaram e sonhamos uma igreja como Cristo sonhou. Queremos descobrir a verdadeira essência de nossa vida cristã comunitária. Isso é possível através de uma vida de amor abnegado, que se traduza em atitudes, que seja um dever realizado, que nasça de Deus e nos transforme, que comece com o nosso amor a Deus, primeiramente.

Como começa? Quero sugerir uma atitude e um modelo. Penso que um exemplo seria a oração de Gerônimo, um pioneiros da obra adventista no Brasil. Após sua morte, encontraram uma anotação em sua Bíblia que dizia mais ou menos assim: “Senhor, reaviva Tua Igreja, a começar, em mim”. E de fato, quando começar conosco, em nossa casa, essa humilde oração, o Senhor fará de nossa comunidade uma Igreja conforme seus sonhos. Quando pedirmos que Deus mude meu cônjuge, mas que comece em mim; que mude meu filho, mas comece em mim; que mude meu irmão, mas que comece em mim; que mude minha igreja, mas que comece em mim. Essa deveria ser a oração de um crente redimido pelo amor de Cristo.

E na busca de um modelo, imitemos a Cristo e à Igreja dos Apóstolos.

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Notas de referência


1. KNIGHT, George. A Visao Apocaliptica e a Neutralização do Adventismo: estamos apagando a nossa relevancia? São Paulo. Casa, 2010.

2. HALLEY, Henry H. Manual Bíblico: um comentário abreviado da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1986, p. 523.

3. BRUCE, F. F. Paulo, o apóstolo da graça: sua vida, cartas e teologia. São Paulo: Shedd, 2008, p. 242.

4. THIELMAM, Frank. Teologia do Novo Testamento: uma abordagem canônica sintética. São Paulo: Shedd, 2007, p. 330.

5. IBID, p. 332.

6. JOHNSON, S. Lewis, Jr. 1Coríntios: comentário bíblico Moody do Novo Testamento. Editado por Everett F. Harrison. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 2001, p. 60-61. In: Biblioteca Teológica vol. 3. 01 CD Room.

7. IBID, p. 61.

8. WHITE, Ellen G. Mente, Caráter e Personalidade, vol. I. Tatuí, SP: Casa, 1989, pp. 160, 161.

9. Francesco: a história de São Francisco de Assis. Itália. Distribuído no Brasil por Versátil, 1989. 01 DVD.


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